sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O céu é logo ali.

Reino dos céus tem de ser entendido como uma condição íntima do indivíduo

Agora que sabemos que o “céu” da Bíblia não é uma localidade no espaço sideral, temos que lidar com o que acreditávamos ser o céu para onde iriam as almas boas. Aquele cenário idílico cheio de anjinhos e seres felizes e sadios não é o que vamos encontrar, acredito eu, no além da morte ainda que tenhamos nos comportado bem neste mundo. Se não nos livrarmos dos conceitos dominados pelo materialismo, não chegaremos a ter uma compreensão convincente e satisfatória do céu.

Para reciclar o conceito de céu podemos associá-lo com a idéia de harmonia, infinidade, imaterialidade, reino do amor. O Mestre Cristo Jesus esforçou-se por ensinar a seus alunos e seguidores que a questão do céu ou do reino dos céus deve ser encarada como um sentimento puro, sincero e bom, algo que a alma deva assimilar. As inúmeras parábolas de Jesus que aparecem nos evangelhos mostram uma variedade de situações que ele ilustrou com as palavras: “O reino dos céus é semelhante a...” e a seguir agregava situações de um semeador cujo inimigo semeou também joio, uma dona de casa que perdera uma moedinha, um pastor que perdera uma ovelha, um mercador de pérolas e assim por diante.

Agora, tomem-se essas analogias ao pé da letra ou sem uma interpretação transcendental e não resultará nenhum proveito espiritual para nós, proveito esse que era justamente o que Jesus desejava transmitir. Ele ensinava a espiritualidade por meio de cenas do viver diário cujo entendimento seria acessível aos seus ouvintes. Por que ele agia assim? Porque as mentes de seus ouvintes não estavam  preparadas para entender uma explicação metafísica do reino dos céus.

Uma vez ele falou de forma direta: “O reino dos céus não vem com visível aparência. Nem dirão: ‘Ei-lo aqui, ou lá está.’ Porque o reino dos céus está dentro em vós” (Lucas 17:20, 21). Esse reino está dentro de nós; então temos que conhecê-lo uma vez que ele faz parte de nós. É um exercício espiritual muito interessante e proveitoso, procurar  inteirar-se dessa presença do Reino de Deus em nós, sentir sua presença e ação como uma quietude e calma semelhantes a um passeio pela mata ou um pôr do sol junto ao mar. Teremos que deixar de lado a preocupação com as azáfamas humanas e as audições de alegrias fugazes para podermos ter audiência pura e interior conscientes  apenas do aconchego com o querido “Papai do céu”. Esse momento de silêncio é solene, é individual, é íntimo.

Na Oração do Senhor que o Mestre deu ao mundo religioso ele empregou a expressão “Nosso Papai” que, estando em Seu reino, está também em nós. Exercitemos essa Oração do Senhor com esse sentimento. Sem palavras e em silêncio sintamos a Sua  presença, ouçamos Sua voz, gozemos com Seu Amor. E todo o problema humano que nos aflija será afastado dessa presença pura e divina que passará a ocupar nosso interior estabelecendo o reino dos céus em cada um de nós. Nesse estado de pureza e consciente santidade, o verdadeiro reino dos céus já está presente em ti agora . Mas atenção, nesse reino dos céus não se entra por laços de família ou de denominação. Cada um por suas obras estabelece o reino da paz e do amor dentro de si mesmo.

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