sábado, 29 de março de 2014

Os atributos divinos

As qualidades do Deus único estão à nossa disposição; nós convivemos com elas.

Que impressão teríamos se ouvíssemos alguém dizer: “Minha Vida é perene; minha Mente sabe tudo; meu Amor inclui tudo e todos; minha Verdade corrige erros; meu Espírito tem força irresistível”. Nossa primeira reação seria de que esse alguém quereria fazer-se igual a Deus, não é mesmo?  Foi o que os fariseus contemporâneos de Jesus Cristo disseram quando o ouviram dizer: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Os fariseus estavam enganados. O Mestre não estava querendo “ser” um deus, mas ensinava-os a respeito da unidade de Deus com o homem: “Meu ser”―também o vosso ser―“é de união com Deus”. Não existe maior felicidade do que a consciência de que nossa vida está unida/vinculada ao Deus infinito, nosso querido Pai amoroso, e que as qualidades divinas vêm à tona em nossa existência. “Os atributos invisíveis de Deus...claramente se reconhecem por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1:20).

As Sagradas Escrituras ensinam a respeito de Deus que Ele é Vida, Verdade, Amor, Espírito. Assim pois, quando digo que o Deus vivo é o meu Deus, posso expandir a mesma idéia aos demais atributos divinos. Sendo o Deus infinito o meu Deus que é Vida, posso tranquilamente dizer que Ele é minha Vida, que perdura; sendo Deus Verdade, posso dizer que minha Verdade corrige erros; sendo Ele Amor, posso dizer que meu Amor inclui tudo e todos; sendo Ele Mente infinita, posso dizer que minha Mente sabe tudo; como Deus é Espírito, posso dizer que meu Espírito tem força irresistível; sendo Deus um Principio imutável, posso dizer que meu Principio contém leis de harmonia; sendo Deus a origem de nossa intuição posso dizer que minha Alma alimenta a criatividade.

Essas colocações me dizem que o ser do homem está vinculado aos atributos divinos do bem, da força, da inteligência, da amorosidade. E quem quer que reconheça a presença dos atributos divinos em sua vida e sua consciência, elevar-se-á moral e espiritualmente a outro nível de vivência dos fatos universais. Os artigos “meu” e “minha” não são de posse, mas de pertinência, como quando um aluno diz “minha professora, ou minha escola”. “Meu e minha” aqui referem-se a proximidade ou identidade .

Aprendi na Ciência Cristã a reconhecer as qualidades infinitas de Deus como sempre presentes e atuantes na nossa vida e nossa consciência. A descobridora dessa Ciência do bem, Mary Baker Eddy, escreve em sua obra Ciência e Saúde com a  Chave das Escrituras o mais enxuto conceito acerca da infinitude divina que aprendemos a adorar no Cristianismo. Escreve ela: Pergunta.—O que é Deus?

Resposta.—Deus é Mente, Espírito, Alma, Principio, Vida, Verdade, Amor, incorpóreos, divinos, supremos, infinitos” (p. 465). A grandiosidade espiritual desse conceito  inclui a humanidade quando pensamos sobre o homem como descrito no Gênesis: “Façamos homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1: 26). Semelhança da Vida, da Verdade, do Amor, do Espírito  E se associarmos a esse fato o Primeiro dos 10 Mandamentos: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3) saberemos que o único Deus é nosso Criador; nosso, de todos. Deveríamos fazer eco ao escritor inspirado do antigo Testamento: “Não há outro Deus em que me compraza” (Salmo 73:25).


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quarta-feira, 26 de março de 2014

A SEMANA DA ÁGUA - REFLEXÕES

Olho pela janela vejo  gotas de água caindo.
Olho para o rio e vejo a água correndo.
Olho para a torneira aberta e vejo água pura saindo.
Olho para a vastidão do mar e vejo ondas em águas sem fim brincando.

Quando tenho sede abro a torneira. Quando espero bênção do céu, agradeço a chuva. Quando quero pescar vou ao rio. Quando quero sentir liberdade na alma vou para a beira do mar. Quando preciso purificar-me a carne, vou para o chuveiro ou para um batismo. Quando preciso absorver a grandiosidade do universo olho para o céu. E a água? A água nas nuvens às vezes me atrapalha a visão do universo; mas isso é passageiro!

Qualquer necessidade humana, seja ela física ou espiritual, é satisfeita por algo que contém água. A própria companhia de semelhantes e familiares contém 97% de água... Para preparar alimentos preciso de água; para manter um lar limpo preciso de água;  para me locomover com o automóvel preciso de água, no radiador; para as plantas poderem crescer precisam de água; para os animais se manterem vivos precisam de água; para construir minha casa preciso de água, na argamassa...

Às vezes me parece que só valorizamos a água quando ela falta nas torneiras porque estão arrumando os canos que romperam; quando o rio está baixo por falta de chuva e por falta de proteção das nascentes; quando os rios e os mares foram poluídos pela desmesurada atitude de neles lançar nosso lixo.

Se quase todas as necessidades dos homens precisam de água para satisfazê-las, por que ainda tem tanta gente que desperdiça o precioso líquido? Por que ainda tem tanta gente que teima em jogar resíduos  de esgoto e lixo nas águas do rio? Por que tanta gente ainda não faz coleta da rica água da chuva para suas necessidades?

Somos devedores à água, há milênios, pela nossa sobrevivência neste planeta tão vilipendiado...
Ovidio Trentini

Pres. da ARPA FIUZA

“Deixa que Eu cuido”

Cuidado de Deus vê-se na proteção, orientação, inspiração, cura.

Felizes os cristãos que sabem encontrar nas palavras da Bíblia o consolo da certeza de que nosso Deus, Pai-Mãe, nos guia, ampara, protege e cura. As Sagradas Escrituras estão recheadas de passagens e relatos da atenção e cuidados de Deus pelos Seus filhos.

Logo nos vem à memória o texto do Salmo 23 (“O Senhor é meu pastor; nada me faltará”), do Salmo 91 (“Ele livrará você de perigos escondidos;... sob Suas asas estarás seguro;...               Eu salvarei aqueles que me amam...” [NTLH]), de Isaías (“Não temas, que Eu sou contigo”, Isa 43:5), da epístola de Pedro (“Ele tem cuidado de vós”, I Ped. 5:7). Há tantas passagens que você caro leitor, cara leitora, pode usar para fazer sua própria lista de referências do cuidado de Deus.

Não sei se o mesmo se passa com você. Para mim as expressões “o cuidado de Deus” e “Deus nos cuida”, embora equivalentes no seu conteúdo, têm algo de diferente. Dizer que “Deus me cuida” soa-me mais chegado ao efetivo afeto e atenção do Pai-Mãe. Sempre sentia vagamente a diferença apontada, mas recentemente tive uma experiência que orientou minha fé em Deus para um caminho mais firme.
Tinha em casa a visita de um parente muito querido. Pessoa dedicada a ajudar os outros no que estiver a seu alcance e que, às vezes, não mede esforços apesar de sua idade octogenária. Conversamos muito, pois temos muito em comum, e por entre uma observação e outra ouvi-o falar de dores nas costas. Em vez de procurar motivos para tal  desconforto, prontifiquei-me imediatamente a apoiá-lo em oração silenciosa, como sempre faço. Disse-me, depois de sua volta ao lar, que sentiu fisicamente a inspiração de que foi cercado.

Eu orava com fervor mas parecia-me faltar inspiração. Então pedi a Deus por um pensamento que fosse útil. A resposta veio rápida e simples: “Deixa que Eu cuido”. Era exatamente o que eu precisava fazer em minhas orações: Deixar tudo aos cuidados de Deus. Ele cuida de cada um de Seus filhos com igual Amor e carinho, não deixando que lhes falte nada, orientando-os no melhor caminho, fortalecendo-os para suas jornadas humanas, ensinando-os a conhecer a família divina. Esse reconhecimento tem o poder de levar nossa consciência às alturas divinas.

Agora aprendi a reconhecer essa Verdade extraordinária e a colocá-la em prática em cada atividade humana. “Deus cuida de mim”. “Deus cuida de meus filhos”. Não há maior ou melhor proteção para mim e meus afazeres e compromissos. Sei e reconheço que o cuidado de Deus não me vem por eu peço. O cuidado vem porque reconheço e confio que Ele sempre está aí ao nosso lado propiciando-nos todo o bem; sob Seus cuidados tudo é harmonia e perfeição.

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quinta-feira, 13 de março de 2014

A demonstração de Pedro

O livro dos Atos dos Apóstolos relata as atividades dos primitivos Cristãos e sua organização como igreja, a do cristianismo primitivo baseado em obras de fé. O livro mencionado traz muitas realizações dos apóstolos, mas detalha o trabalho de Pedro e Paulo. O primeiro conviveu com Jesus Cristo e testemunhou pessoalmente as grandiosas obras do seu ministério. Aprendeu com seu Mestre algumas lições que lhe pareceram duras e penosas por causa de conceitos empedernidos que precisava deixar para trás. Aprendeu duramente, mas aprendeu. Tanto que ele mesmo protagonizou no seu trabalho apostolar, momentos de grande repercussão entre a população.

Uma das curas efetuadas me chama muito a atenção e me faz pensar de como seria a cena hoje em dia. O capítulo 3 dos Atos relata que, na cidade de Jerusalém, um coxo de nascença era levado à porta do templo para obter seu sustento com as esmolas dos que freqüentavam a Casa de Deus. Pedro e João, como de costume, foram ao templo a fim de orar. Ao serem abordados pelo homem coxo, desenvolveu-se entre eles um diálogo sem precedentes cujo desfecho foi a cura do aleijado. Uma cura tão radical e rápida que causou um alvoroço entre os que a presenciaram.

A porta do templo junto à qual ocorreu o incidente, era chamada de Formosa por causa dos maravilhosos entalhes que continha. Uma verdadeira obra-de-arte. Provavelmente era a entrada principal, por onde passava a maioria das pessoas. Um ponto estratégico para quem desejasse contato visual com os passantes. O coxo esmolava ali, contando com a compaixão e bondade das pessoas de bem que iam buscar inspiração ou purificação. O nome dele não é conhecido. Poderia ser qualquer um. Isto pode ser visto como se ele representasse um homem genérico de qualquer época, inclusive hoje; por exemplo, você, eu, nós, eles.

Os apóstolos foram abordados também, mas não tinham nenhum “trocado” para o pobre sofredor, cujas enormes necessidades humanas eram supridas pelos poucos recursos conseguidos com as doações. Logicamente esperava de Pedro ou de João algo de bom. Expectativa essa que foi aguçada pelas palavras de Pedro: “Olha para nós”. Será que Pedro se lembrou de quando andara por sobre o mar enquanto olhava para Jesus, e que tivera problemas ao desviar dele o olhar? Pedro queria que o pedinte olhasse para ele, deixando de olhar em redor, de reparar na opulência dos outros em contraste com sua miserável situação, e parasse de encolher-se: “Coitadinho de mim!”

Ele olhou para eles, esperando receber alguma coisa” diz o relato. Ele prestou atenção ao apóstolo na expectativa de receber algo de bom. Mas a resposta de Pedro poderia ter sido frustrante se terminasse na primeira parte: “Não tenho prata nem ouro”. Não era por isso que o homem esmolava? Por esmolas, moedas de prata ou ouro? E se o apóstolo tivesse algum dinheiro no bolso, será que teria dado algo ao mendigo para sentir-se socialmente realizado por ter “ajudado” um pobre? Pedro não tinha riquezas deste mundo, mas era rico em espiritualidade, e estava disposto a compartilhar seu tesouro com aquele ser humano, rico em necessidades. O apóstolo  pode ter discernido no olhar do coxo um fio de esperança, uma débil aceitação de valores espirituais. Será que o coxo de nascença não teria ouvido das curas realizadas pelo Nazareno que havia poucos anos fora crucificado e ressuscitara dentre os mortos? Ele era contemporâneo de Jesus em Jerusalém, mas talvez não tivera a oportunidade ou a coragem de ir pessoalmente pedir ajuda a Ele. O esmoleiro não conhecia Pedro nem João; não fazia a mínima idéia do que podia vir desses irmãos. Mas havia no ar uma certa expectativa diferente, um clima que nunca pintara nas relações do pedinte com seus doadores.

O que tenho, isso te dou”, continuou Pedro. Chama-me a atenção que ele não disse: “Do que tenho”, mas “o que tenho”. Sua disposição não era dar um pouco do que tinha, mas dar tudo o que tinha. Pensando quantitativamente a proposta de Pedro parece mal formulada. Mas espiritualmente estava correta. Os tesouros ou os bens materiais são vistos em quantidades: “Tanto disso, tanto daquilo, tanto para mim, tanto para ti”. Entretanto o tesouro espiritual é avaliado pela qualidade. Um pouco de amor, vale tanto como todo amor. Um pouco de espiritualidade, vale tanto como toda espiritualidade. Um pouco de bem espiritual, vale tanto como todo bem. Não há, pois, quantidades; há, sim, qualidade. O tesouro do Espírito, a fonte de todo bem, para ser infinito não pode conter quantidades, que em si são finitas e limitadas. Se basearmos nossa vida nas quantidades testemunhadas pelo sentido material, estaremos tentados a acreditar que o bem é limitado, ou que não temos o necessário. Pedro tinha consciência disso,  e deu ao pobre todo seu amor, sua fé, sua compreensão espiritual. Mas nem por isso ficou privado de gozar desses bens espirituais.

O apóstolo, com toda longanimidade despejou seus tesouros de compreensão espiritual sobre o interlocutor, que já não era visto como aleijado, pois, do contrário, não o poderia amar como filho de Deus nem lhe dizer: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda”. Que autoridade e fortaleza espirituais foram demonstradas por Pedro nessa ordem! Isso ele aprendera com o Mestre e também retratava a elevação espiritual alcançada apelo intrépido discípulo. Não muitos anos antes ele havia dado uma resposta convincente à interpelação do Mestre: “Quem diz o povo  ser o Filho do homem?” (Mat. 16: 13-16). Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Em nome desse Cristo do Deus vivo, Pedro pôde quebrar o jugo escravizante que aquele homem sofrera desde seu nascimento. Agora ele estava livre!

Diz o relato bíblico que Pedro “tomando-o pela mão direita, o levantou”. Mão direita de Pedro ou do paciente? Aqui, novamente, o significado espiritual é o importante. Pode-se dizer que o “lado forte” de Pedro tomou o “lado forte” do enfermo. Ou seja, o Apóstolo com sua fé puxou para cima a fé do homem. A Bíblia tem muitas referências ao poder infinito da “destra de Deus”. Vale dizer que Pedro expressou o poder de Deus conscientemente, trazendo à luz o efeito regenerativo e fortalecedor desse poder infinito na vida e na consciência dos homens. A ação de Pedro repetiu o método de Cristo Jesus descrito por Mary Baker Eddy, século XIX, no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras*: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (pp. 476-7). Eu encaro essa declaração como uma regra de cura espiritual.

A parte impressionante aos olhos dos mortais veio a seguir. Diz o relato que após Pedro tomar o homem pela mão direita, “imediatamente seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou a andar...”. Para alguém que nunca havia usado os pés e as pernas, poder andar era algo indescritível..  Que sensação de liberdade! Não é de admirar que o ex-coxo entrasse no templo “saltando e louvando a Deus” (não a Pedro); não conseguia conter-se. Mas onde ficaram as “leis” orgânicas que hoje afirmam categoricamente que um homem adulto coxo de nascença precisaria, talvez, um ano ou mais de fisioterapia para poder reforçar suficientemente os músculos e tendões a fim de sustentar um homem de pé. Nem falo de andar e saltar. A cura deu-se imediatamente, isto é, sem demora. Parece impossível ao saber humano. No entanto, para o saber Divino, a Mente divina, nada é impossível. Tanto que A força criadora do universo, que fez “homem e mulher” à imagem e semelhança de Deus, portanto perfeitos e harmoniosos como o Pai-Mãe, também mantém a criação no estado original. Se pode criar, pode manter e regenerar! O poder para tanto reside na onipotência. “Tudo quanto Deus faz durará eternamente”, diz o sábio Salomão em Eclesiastes (3:14). E segue: “nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar”. Isso tem lógica, pois se o que Deus criou é bom, então por que mudar?

Diante de tal demonstração de poder da fé na ação do Cristo, é natural a “admiração e assombro” de que foi tomada a população. Hoje seria a mesma coisa. Não é comum ver-se coxos ou paraplégicos saírem andando depois de alguém orar por eles. Mas isso não quer dizer que seja impossível. O poder atuante no incidente com Pedro e João, é exatamente o mesmo que atua hoje, pois é o poder do eterno Deus, sempre bom e presente. Nossa tarefa é aprender a lançar mão desse recurso, que só atua de acordo com a vontade de Deus, nunca da nossa. Não adianta orar para o restabelecimento dos enfermos, desejando que o poder infinito atue no sentido do resultado delineado por nós. Nossa oração deve elevar nosso pensamento a Deus e deixar a ação aos cuidados da vontade de Deus. Temos de deixar o Espírito agir, a Verdade corrigir o erro, o Amor divino afastar o medo. Quando oramos o Pai-Nosso, não dizemos: “Faça-se a Tua vontade”? (Mat. 6:10). Pois sabendo que a vontade do Pai é sempre para o bem, a saúde, a abundância, estaremos muito próximos de vivenciá-los em nossa experiência humana.


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quarta-feira, 5 de março de 2014

Apegar-se a Deus com amor...

O motivo para orar a Deus deve ser o amor

Os cristãos em sua vida religiosa têm inúmeros motivos para recorrerem ao Pai celestial. Normalmente a gente enumera os aspectos negativos, ou seja os problemas, como motivos para recorrer a Deus. Mas para sermos fiéis às instruções da Bíblia, não devemos esquecer os bons motivos. Estes são mais importantes do que aqueles.

É muito fácil para alguém recontar os momentos em que recorreu a Deus por causa de algum aperto, seja ele físico, moral, financeiro ou pessoal. Muitas vezes foi o último recurso ao qual pensara recorrer, mas premido pelo medo ou desespero acaba por buscar esse recurso. Há vezes em que o arroubo do espanto momentâneo nos tira dos lábios: “Meu Deus!” e nem sequer pensávamos nEle. Haja paciência de nosso bom Pai para agüentar tanta hipocrisia! Sorte nossa que Seus atributos de graça e misericórdia não têm limites. Se Ele agisse como os humanos, revidaria na primeira oportunidade. Então sim, Ai de nós!

Que bons motivos podem ou devem levar uma pessoa a recorrer a Deus em caso de premência? Dentro da família humana são os pais a quem os filhos fariam bem recorrer diante de algum desafio, e nossos pais não se sentiriam à vontade se fossem deixados por último. “Por que não nos procuraste logo?” seria a primeira pergunta. Um filho que não teme aos pais, mas pelo contrário os ama e respeita, falaria em primeiro lugar com eles.  Se ele os teme talvez deixe a consulta para outra ocasião, por causa da repreensão, talvez.

Vê-se nesse exemplo que o amor dentro a família aproxima seus membros. Não é diferente na família divina. Deus como nosso Pai-Mãe gosta de ver Seus filhos recorrendo a Ele para solucionar problemas. É o Salmo 91 que nos dá o mais belo exemplo de como recorrer a Deus. É o meu texto favorito: “Porque a Mim se apegou com amor, Eu o livrarei. Pô-lo-ei a salvo porque conhece o Meu nome” (91: 14). Há tantos outros que mostram o amor do Pai para com Seus filhos, mas esta frase soa para mim com destaque especial. É porque já atravessei situações difíceis de problema físico, e esse versículo foi o chamado que me tocou o pensamento. O medo, quase pavor que me dominava na ocasião, me deixava tremendo dos pés à cabeça. A  mensagem importante me passou acima do pavor. O importante é apegar-se Deus “com amor”, não com medo. Deus ouve o apelo e atende a oração dirigida a Ele com amor; e isso tem lógica, pois Deus mesmo é amor, e como podemos nos dirigir a Ele sem ser por amor? Como falar com o AMOR sem ter amor no coração? Esse é o sentimento que nos une a Deus imediatamente e apaga toda e qualquer inclinação mental oposta de medo e/ou rancor. Quando nos voltamos a Deus com amor, estaremos atentos às Suas palavras, gozaremos com Sua graça, cheios de expectativa de receber DELE o melhor para nós.

Existe algo impossível para Deus? Não. Esta convicção nos  vem com clareza quando oramos a Deus levados pelo amor, e depois disso a aflição se vai,  o medo se vai, a preocupação e os etcs se vão.  Primeiro sentimos uma grande paz e alegria com a consciência de que o Pai-Mãe está conosco, sempre. É um momento de profunda reflexão do Bem presente, aqui e agora. Não queremos sair dessa  consciência. Depois vem a percepção de estamos bem e que o corpo não profere queixa alguma. Houve uma cura espiritual.

Esse resultado por mais almejado que seja, não deve ser o motivador da oração ou recurso a Deus. Nosso motivo deve ser o de demonstrar nosso amor ao Pai-Mãe. Quando dizemos a Deus o que precisamos e qual solução almejamos dEle, nossa oração deveria que ser posta entre aspas, pois isso não é mais oração. Isso não passa de uma tentativa de ensinar a Deus como solucionar nosso problema. Nós pedimos mas queremos que Ele faça como nós desejamos. A fé  não funciona assim. Quando pedimos a Deus, tem que ser com a humildade de deixar que Ele faça conforme Sua vontade, pois Ele conhece nossas necessidades, antes mesmo de Lhe pedirmos algo.

Na Oração do Senhor, o Mestre ensinou-nos a orar: “Faça-se a Tua vontade assim na terra como no céu” (Mat. 6: 10), e, a menos que realmente deixemos que Ele governe, nossa oração não será oração e não teremos certeza de que será ouvida. Sei que isso é assim, pois já passei por todas essas fases, com desfechos tanto positivos como também negativos. Com o tempo aprendemos a lição, o recurso divino torna-se o primeiro recurso e não haverá tentação de usar outro. No livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras Mary Baker Eddy indica como entender o versículo acima citado. Diz ela: “Faze-nos saber que, como no céu assim também na terra, Deus é onipotente, supremo” (p. 16).