domingo, 13 de abril de 2014

“Repreendeu a febre...”

Cura espiritual da febre e outros males

Conta o quarto capítulo do Evangelho de Lucas que Jesus Cristo foi com o apóstolo Pedro até a casa deste. Lá encontraram a sogra de Pedro ardendo em febre alta. Os familiares rogaram ao Mestre por ela. Diz o relato que Jesus “inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou (Lucas 4:39). Segue o relato que ela “logo se levantou, passando a servi-los”.

Qual teria sido a repreensão de Jesus Cristo? Notei que ele “repreendeu a febre”, não a sogra de Pedro. O Mestre dirigiu-se à doença, ao problema. Será que perguntou sobre a origem, ou causa da febre? Não, ele simplesmente a repreendeu. Será que o mal podia ouvir o que ele disse? Não, mesmo assim o repreendeu. Será que o Mestre foi condescendente com o mal? Não parece que ele tenha dito algo como: “Esse problema parece sério; com quantos graus de febre ela está? Coitadinha vai suar um bocado. Vamos orar para ver como fica.”

Os evangelhos de Mateus e Marcos também registram o episódio, mas dizem que Cristo Jesus tomou-a pela mão, e a febre a deixou” (ver Mateus 8:14 e Marcos 1:31). Quando sobrepus os dois relatos com o de Lucas percebi que a repreensão de Jesus pode ter sido silenciosa. Isto equivaleria a que ele repreendera a febre em seu pensamento. Ele não aceitou o quadro como algo da realidade, fato que é um traço comum  de suas obras curativas. Ao paralítico ele mandou andar, ao cego que abrisse os olhos, à mulher aleijada que se endireitasse (depois de 18 anos de problema), à mulher adúltera disse que não pecasse mais, e até aos mortos disse que saíssem do túmulo. A atitude dele sempre era contrária ao quadro humano e material. Em todas as situações, o que sucedeu à palavra de Jesus Cristo estava de acordo com suas ordens. Em seu pensamento ele repreendia o mal—negava-lhe realidade—e este perdia sua aparente existência também aos olhos humanos.

Mary Baker Eddy, uma pesquisadora da Bíblia Sagrada que viveu no século XIX, estudou a fundo as Escrituras até aprender o método curativo do Mestre do Cristianismo científico, e o expôs em sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras*. “Jesus via... o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes (P. 476/7), diz ela no livro-texto mencionado acima. O Mestre via do jeito que outros não podiam ver, pois ele olhava com outros olhos do que os mortais. Lembrem-se do que disse: “Se teus olhos forem bons, todo teu corpo será luminoso(Mat. 6:22), e aí está claro que Ele não se referia ao globo ocular físico. A visão que ele tinha sempre se confirmava na prática de curas espirituais, enquanto o modo de ver dos mortais confinava os doentes ainda mais ao seu problema.

O dicionário da língua portuguesa conceitua o verbete “repreender” como “reprimir” e “admoestar energicamente”. Eu creio que Jesus reprimia energicamente em seu pensamento a doença visível, e com isso impedia de dar guarida à crença na realidade da doença. Nós fazemos o mesmo quando alguém nos faz uma proposição frontalmente contrária aos nossos princípios éticos. Sabemos ser veementes na defesa do que aceitamos ser humana e socialmente correto; nada abala nossa fortaleza ética.  Era assim que Cristo Jesus agia a favor do bem. Nas suas admoestações aos fariseus e outros adversários falava energicamente. O Mestre tinha um pensamento enérgico.

Os Cristãos têm Jesus Cristo com seu Mestre e Salvador. Fariam bem em seguir suas palavras e ações que asseguravam que poderíamos fazer as mesmas obras, desde que usando o mesmo princípio. Investigando a Bíblia podemos aprender a “repreender” a doença e os outros males e a curá-los como o Magistral Cristão fez. Somos seus seguidores e imitadores? Devemos ser, mas de nada adiantará nos achegarmos aos doentes e repetir-lhes as palavras ditas pelo Mestre. A mera enunciação das palavras não tem poder curativo, pois lhes faltariam o ingrediente cristão—o amor ao próximo. Nossas palavras têm que levar consolo e inspiração, assim como a Oração do Senhor. A promessa dele foi: “Aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço (João 14:12). Sendo seus seguidores, não devemos nos demorar em obedecer sua ordem.

Quando tivermos aprendido a “repreender” a doença como Jesus o fazia, nada nos impedirá de realizar e obter curas espirituais como ele realizou. Será um aprendizado fácil? Talvez não, será antes gradual. Mas será muito inspirativo e repleto de bênçãos. Um coração puro é o requisito inicial mais importante. Com ele saberemos “repreender” o que está errado ou em desacordo  com o Bem divino.  Nossas vidas resplandecerão diante dos homens como luzeiros de uma santa e absoluta fé em Deus.


domingo, 6 de abril de 2014

Uno a Deus

Consciência de unidade com Deus pode ser demonstrada num caráter cristão

O ministério religioso de nosso Mestre Cristo Jesus deixou-nos muitos ensinamentos valiosos para orientarmos nossa vida, quais sejam: amar a Deus supremamente, amar ao próximo como a nós mesmos indistintamente, viver em comunhão consciente com Deus.

A primeira regra requer que não dividamos nossos interesses e afeições devidas a Deus com outras coisas: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Lucas 10: 27)―vale dizer, de todo nosso empenho. Isto significa obedecer firme e constantemente aos mandamentos, principalmente no que se referem a Deus; não ter nenhuma reserva nessa devoção de nossa consciência; aceitá-Lo como único Criador que fez tudo “muito bom” (ver Gen. 1: 31); reconhecer Sua onipotência (único poder), Sua onipresença (única presença) e Sua onisciência (única Mente). Essa orientação caracteriza nossa fé alicerçada no Espírito; é a nossa natureza ligada ao divino.

A segunda regra trata de nossa relação com nossos semelhantes. Metade dos 10 Mandamentos refere-se a essa regra. Quem ama ao próximo como a si mesmo, respeita o próximo no que tange a “não matar, não adulterar, não furtar, não dizer falso testemunho, não cobiçar o que é do próximo” (Ver Êxodo 20). Isso até parece fácil diante do mandamento de Jesus: “Amai os vossos inimigos!” ( Mat. 5:44). Como fazer isso? Sair por aí fazendo declarações de amor às pessoas que nem ligam pra nós?  É lógico que não, pois essa atitude não seria demonstração de amor, mas apenas uma cena, e isso não atende o mandamento. Amar ao nosso inimigo é, por exemplo, não alimentar sentimentos ou pensamentos de ódio contra quem quer que seja. Como cristãos sinceros devemos viver a vida em constante atenção ao mandamento do Mestre.

A terceira regra não é bem compreendida entre os cristãos. Quando o Mestre declarou: “eu e o Pai somos um...” (João 10: 30) foi mal interpretado tanto pelos seus inimigos como por seus discípulos. Uns o acusaram de fazer-se igual a Deus, e por isso o crucificaram, enquanto outros o chamam de Deus até hoje. Mas a declaração dele não diz isso, posto que ele mesmo declarou também: “o Pai é maior do que eu” (João 14: 28) e “eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8: 29). Como Mestre ele estava ensinando aos seus seguidores, desde então até os dias de hoje, como deveriam postar-se mentalmente diante do Deus único.

Saber-se uno a Deus é viver a vida de acordo com os preceitos divinos, fazendo a vontade do Pai-Mãe. Por isso dizemos na Oração do Senhor: “Faça-se a Tua vontade...” (Mat. 5: 10). É esta disposição voluntária que devemos alimentar, é para ela que devemos orientar nosso livre arbítrio. Fazer o que escolhemos, sim, mas orientado para a luz. Quando devemos escolher um caminho, tomar uma decisão, fazer um trabalho, criar um filho, devemos ao mesmo tempo perguntar “Pai, o que queres que eu faça”? Com a presença do Pai no pensamento e atento ao que Ele nos inspira a fazer, escolheremos o melhor caminho, tomaremos a melhor decisão, faremos o melhor trabalho, criaremos melhor nosso filho. Em suma, seremos em nosso ambiente como archotes de cidadania iluminada. Levar nosso caráter cristão para nosso ambiente de trabalho ou de trânsito ameniza esse ambiente e produz harmonia ao nosso redor. No trânsito, nosso caráter cristão obedecerá às leis, respeitará o próximo, não se exasperará ou impacientará quando o fluxo não anda como desejamos. Exercendo o caráter cristão, nossos negócios sempre resultarão em plena satisfação para todas as partes envolvidas e nos esportes respeitaremos o esforço ou aptidão do “adversário” (que não é um inimigo). O exercício do caráter cristão é a solução paras as refregas que se vê no mundo. Mary Baker Eddy esclareceu como elaborar um caráter cristão. Diz ela: “O Sermão do monte lido aos domingos e praticado durante a semana, é a melhor maneira de desenvolver um caráter cristão”.

O caráter cristão sempre nos conduz a fazer a vontade de Deus como um Pai presente que sempre quer o melhor para nós―Seus filhos. Incentiva-nos ao recolhimento individual quando oramos e a dar atenção à voz de Deus. Agiremos firmemente conscientes de que “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17: 28). Exibiremos saúde, alegria, felicidade e fraternidade. Saber-se uno a Deus não é fazer-se igual a Deus. A unidade entre Deus e o homem é explicada em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Assim como uma  gota d’água é uma com o oceano,... do mesmo modo Deus e o homem, o Pai e o filho, são um no ser” (p. 361). Um ser em qualidade! O apóstolo João encorajou seus ouvintes a seguirem essa linha de pensamento: “...nada nos poderá separar do amor de Cristo”. Como se dissesse que nem A nem B, nem isso nem aquilo, pode nos arrancar da presença de Deus. Nada pode se intrometer e nada pode afrouxar a unidade espiritual de Pai e filho. A plena consciência de nossa unidade com o Pai-Mãe-Deus faz brilhar nossa luz entre os homens.

Saber-se e sentir-se sempre na presença de Deus, querer agir sempre ao sabor da vontade divina, consultá-Lo antes de qualquer decisão ou passos a dar, é algo que dá muitos frutos agradáveis humanamente. O maior inimigo nesse afã é o próprio “eu humano”, que sempre quer estar à frente de nossos interesses. Quem desejar viver com a constante consciência da Presença divina verificará, no entanto, que muitas vezes faz ou diz o que seu “euzinho” quer e nem sequer é consultada a vontade de Deus. Quando se dá conta disso, sente vergonha de não ter consultado ou ouvido o que Deus diz. Passei por isso há algum tempo, mas continuo me esforçando a permitir que minhas ações sejam conforme Deus ordena. Esforçando-se para viver a vida sob a orientação do Pai-Mãe, a pessoa vivenciará preciosos momentos de inspiração e inefável felicidade por sentir-se próxima a Deus. Um desses momentos na minha experiência foi quando certa manhã ao levantar-me, antes de qualquer coisa veio-me ao pensamento: “EU estou contigo!” Eu não havia pedido nada, mas a graça divina me fortaleceu com essa declaração. Não há palavras para explicar a sensação de felicidade e alegria daquele momento. Espero dominar um pouco mais o sentido pessoal para ter mais vezes essa notável noção de orientação, que fortalece minha fé no Pai eterno e impede a consciência de outra presença que não a de Deus, o Amor. 


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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Por que confiar na fé?

Fé cristã praticável ainda  hoje

A questão da procura de recursos para enfrentar problemas de saúde ainda é questão aberta para muitas pessoas. Há os que procuram solução na medicina material, ou seja, na materialidade; outros buscam na espiritualidade. Estes geralmente são mais compreensivos quanto à orientação que aqueles optam, do que vice-versa. Os que não tiveram nenhuma experiência no campo da fé cristã, talvez até professem tê-la, mas não sabem aplicá-la às circunstâncias de sua vida. Não raro, seu apego às soluções de cunho material chega a ser intransigente com o método da espiritualidade.

Chegam a impor sua principal dúvida: “Como pode alguém recorrer à fé e não aos remédios para curar um resfriado, uma gripe ou uma dor de estômago?” Não conseguem divisar juízo nessa atitude. Esta interrogação, geralmente é motivada por ignorância de quem é Deus e por ignorar o significado de ter fé nesse Deus. Para eles é mais fácil acreditar no que os sentidos materiais percebem. Como concessão especial aceitam que alguém numa situação extrema recorra a Deus, quando outros recursos falharam. Muitas pessoas, inclusive médicos, podem confirmar casos de pacientes desenganados que recorreram à fé em Deus nesses casos extremos e obtiveram cura. Milagres? Coisas inexplicáveis? Seria de estranhar se pessoas que passaram por tal experiência não recorressem a Deus em primeiro lugar.

Os que seguem a linha da espiritualidade sabem por que uma pessoa recorre a Deus em primeiro lugar, em vez de à medicina. Os da linha da materialidade, pelo menos alguns, vêem nessa atitude um gesto de insensatez. Correntes modernas dentro da medicina convencional alinham-se não contra mas a favor de uma investigação dos fenômenos ditos da fé aplicada a problemas físicos. Esperam encontrar uma linha de co-atuação nos dois sistemas. Mas, quando bem analisados, estes sistemas não conseguem cooperar. No jogo “cabo de guerra”, qual dos lados coopera com o outro se cada um puxa a corda para seu lado?

O descrédito generalizado do recurso à oração da fé vem dos muitíssimos casos de pessoas que oraram em favor de doentes e a cura não se realizou. Parece muito lógico duvidar da eficácia da fé. Se essa fé sem resultados for cristã, ela tem nas próprias Sagradas Escrituras a repreensão: “...pedis e não recebeis, é porque pedis mal” (Tiago 4:3). O remédio, então, é aprender a orar corretamente pois é indispensável saber a quem pedimos e imploramos; se é para satisfazer nossa vontade ou a de Deus; se é uma oração cheia de medos e dúvidas ou se é de confiança absoluta na ação e amor e do poder de Deus.

A oração cristã semelhante à de nosso Mestre Jesus Cristo, é um método mais eficaz e rápido do que os recursos da materialidade. A oração que se põe de acordo com a vontade divina, reconhecendo a natureza infinita do Pai-Mãe, sempre-presente, todo amoroso, que inclui tudo e todos, eleva-nos espiritualmente e nos faz sentir a presença do bem que está em toda parte. Nessa elevação espiritual não há consciência do mal nem da matéria, não há tristeza ou preocupação, não há angústias nem temores. Nesse estado mentalmente espiritualizado não há lugar para a consciência da doença ou de qualquer mal. O corpo, que sempre é subordinado à mentalidade, acaba por manifestar essa harmonia espiritual, espontaneamente, sem nenhum esforço, mas também sem nenhuma resistência nem vontade própria.

A Ciência Cristã há quase 150 anos vem aplicando o método metafísico de curar moléstias físicas, empregando a espiritualidade em favor da humanidade, com resultados altamente satisfatórios e plenamente comprovados. Em cada família de cientistas cristãos pode-se ouvir depoimentos do tipo mencionado acima (ultrapassando o limite da medicina) que testemunham a praticabilidade e universalidade dos ensinamentos de Cristo Jesus. Nos periódicos da Ciência Cristã, semanal e mensalmente, somam-se milhares desses testemunhos da glória e poder divinos, que são nada mais que uma parcela do que é relatado semanalmente nos cultos de testemunhos ao redor do mundo, nas igrejas da Ciência Cristã.

Não há casos de insucesso da oração? Há, sim, mas são em muito menor número do que casos de insucesso da medicina material, sem falar no grande volume de erros médicos, que não costumam ter muita visibilidade na mídia. Mas por que a oração foi ineficaz naqueles casos? Pela mesma razão já apontada acima no versículo de Tiago.  Se houver na base da oração vestígios de medo, pecado, ignorância espiritual, incerteza quanto ao resultado, ódio ou desamor, ou qualquer outro elemento de desarmonia no pensamento, o resultado desejado não irá aparecer, não importando quão fervorosas sejam ou pareçam ser nossas orações, quer individuais quer coletivas.  A descobridora e fundadora da Ciência Cristã, uma destacada pensadora e sanadora cristã do século XIX, escreveu na sua principal obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras*, a melhor receita para quem busca restauração da saúde por meio da espiritualidade derivada do Espírito infinito e divino: “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta em que tudo é possível a Deus—uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor abnegado” (p. 1).
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