sábado, 29 de novembro de 2014

Mostre o que você é

No nosso jardim cresceu certa vez uma pequena plantinha por entre os ladrilhos do piso, numa pequena fenda onde se alojara uma semente.  Quando a planta atingiu uns 10cm, deu uma florzinha que permitiu identificar claramente a espécie do vegetal.  Era uma pervinca maior (se  não me falha a memória).  Num canteiro esta espécie alcança uns 50cm, e produz em abundância belas flores coloridas de rosa forte e lilás.

Essa plantinha humilde ensinou-me uma lição de vida.  Ela, nas condições adversas em que se desenvolvera, era quase desprezível se comparada a outras de sua espécie.  Mas ela simplesmente fez o que suas irmãs fizeram: desenvolveu suas qualidades, em vez de ficar resmungando que não recebera condições adequadas para seu crescimento.  Cada plantinha tem a finalidade de ajudar a demonstrar a beleza da criação divina.  Neste universo de criaturas grandes e pequenas, cada uma tem seu nicho e preenche seu propósito.

O homem da criação divina também tem um propósito; existe para revelar a perfeição e permanência da criação de Deus.  Uma pergunta se impõe quando se lê o relato da criação no Gênesis.  Diz no capítulo primeiro (versículo 26) que Deus criou o homem à Sua “imagem e semelhança”- homem e mulher.  Aceitando o que a Bíblia nos ensina sobre Deus, de que Ele é Amor, Verdade, Vida, Espírito, infinito, eterno, todopoderoso, perfeito e bom, como devemos entender a natureza do homem criado à Sua imagem e semelhança?  Com certeza não pode ter características opostas às qualidades divinas; ou seja, não é material, físico, mau, mentiroso, mortal, rancoroso, e assim por diante.

O que aprendi na Bíblia sobre a natureza do homem me faz encarar humildemente os afazeres humanos como quem não tem qualidades próprias derivadas do corpo físico, mas sim derivadas da fonte eterna e criadora – Deus.  Com tal ênfase de vida, não fico a resmungar contra circunstâncias adversas, mas me aplico a expressar do melhor modo possível o propósito que Deus tem para mim, por mais humilde que seja; assim como tem para cada indivíduo.  A regra é universal e vale para todos os seres humanos – homens, mulheres e crianças.

O livro do Gênesis mostra um dos propósitos da existência do homem: Deus lhe deu domínio sobre plantas e animais.  Domínio com inteligência e amor é o que o homem deve exercer.  Isto revelará suas características, como fez a flor entre as pedras.


                                               .oOo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cabo-de-guerra: material x espiritual

                        Opostos na consciência humana:
Pendor da carne (matéria)          X            Pendor do espírito (Espírito)
Medicina                                    X            Fé no espírito, C. Cristã
Desagrada ao Pai                        X            Agrada ao Pai
Crime                                         X            Ação do bem
Agitação                                     X             Temperança
Desobediência                             X             Obediência aos Mandamentos
Vaidade                                     X                    Humildade
Ódio                                        X                      Bondade
Inimizade                                X                      Amizade  

O pensamento humano é um palco onde se desenrolam inúmeros papéis teatrais.  O jogo do cabo-de-guerra é uma exemplificação do que se passa no pensamento do homem quando tem que decidir o caminho que quer trilhar. O jogo das duas “forças” não tem empate, um ganha e outro perde. Nosso pendor e nossos interesses ditarão o rumo de nossos passos, e nesse caminho encontraremos ou problemas e sofrimento, ou paz e cura. O gênero humano tem de aprender a identificar as forças às quais se alia no seu viver diário. Esse aprendizado talvez venha através do sofrimento que o pecado, a ignorância, a superstição ou o medo impõem. Ou virá pela suavidade da inspiração/intuição celestial. O bem e o mal, o certo e o errado são opostos que reivindicam a escolha do indivíduo. A indecisão e a dúvida não cooperam para uma definição de que lado atuaremos, mas podem, isso sim, jogar-nos no fosso divisório, como no jogo citado.

É fácil de perceber que nesse embate de opostos não podemos ficar no meio termo, seja por causa da dúvida ou do medo, ou o pretexto de aproveitar-se do melhor desempenho de um ou outro lado, daquele que favoreça nosso interesse predominante. Em nosso pensamento também não podemos, ou devemos, tentar reconhecer aspectos bons e maus como equivalentes em ambos os lados. Se fizermos uma escala de valores e prioridades para a nossa vida, não podemos aí misturar coisas  que se opõem e, talvez, até se anulem mutuamente. Certamente, faremos a escolha de acordo com o que entendemos seja real e bom. Acontece que se nossos conceitos de certo/errado, bom/mau, real/irreal não estiverem bem orientados, podemos acabar atraindo para nossa vivência humana toda sorte de problemas e sofrimentos.

É o que o apóstolo Paulo procurava alertar os Romanos ao se referir ao “pendor do espírito” e “pendor da carne” (ver Rom. 8:5,6) ; um propicia felicidade e outro traz problemas; um dá alegrias o outro tristezas e aflições. O próprio apóstolo passou por experiências  de conflito mental, conforme relatou: “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço... No tocante ao homem interior, tenho  prazer na lei de Deus ; mas vejo nos meus membros outra lei...guerreando contra a lei da minha mente” (Rom 7:22,23).

Precisamos definir uma posição ou direção de nossos esforços pois isso definirá a harmonia—ou não—de  nossa existência humana. Sob este aspecto o e estudo cuidadoso da mensagem cristã dada na Bíblia pode ser um forte aliado, posto que as Sagradas Escrituras, do começo ao fim, apresentam exemplos da superioridade do bem sobre o mal, do Espírito sobre a matéria. Optando pela orientação do senso espiritual estaremos fazendo a melhor escolha. Aliás MBEddy faz uma colocação mais drástica. Diz ela em CeS: “Não podemos escolher como trabalhar pela nossa salvação, mas temos de trabalhar da maneira que Jesus ensinou”  (p. 30). As Escrituras contém o ensinamento dele. No Sermão do Monte (ver Mateus 7) o Mestre faz um interessante desafio. “Aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E todo aquele...que não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou sobre a areia” (Mat. 7:24-26). Precisa ser mais clara a definição de nossa escolha? O que queremos na vida?

 Um pensamento alicerçado em Deus, o bem, a Verdade, não será abalado quando confrontado com as vicissitudes da vida humana e/ou mundana. O Cristianismo e a Ciência Cristã nos dão recursos e reforços espirituais nesse afã de espiritualizar o pensamento. O processo se baseia no princípio de que um erro é corregido  pela verdade exatamente oposta. Por exemplo, na matemática um erro ligado à operação 2 + 2 = 4, (p.ex. 2 + 2 = 5) é corrigido pela expressão que afirma a verdade. No mundo das idéias dá-se algo semelhante. A sabedoria corrige a ignorância, o ódio é corrigido pelo amor, e assim por diante.

Com um exemplo será mais fácil de perceber o desenrolar do processo mental. Suponhamos que alguém esteja lutando com dores de cabeça. Sempre em tais casos conjetura-se sobre prováveis causas da moléstia. Pode-se listar algumas pretensas causas: calor, noite mal dormida, trabalho demasiado, hereditariedade, ressaca, medo, etc. Cada nome desta lista tem uma qualidade oposta que anula o mal.

Calor           <              amenidade (do Amor);
noite mal dormida     <      descanso (no conforto de Deus);
trabalho demasiado     <       força (do Espírito);
hereditariedade   <   meu pai e mãe verdadeiro é perfeito (é Deus, o bem);
medo       <       confiança (fé em Deus).
Inimizade   <   amizade

Em seguida afirmamos que as qualidades que combatem o mal, erro, dor, etc, são permanentes porque pertencem a uma das características da Divindade  superior a qualquer manifestação de mal, e que destroem as evidências do mal com Sua onipotência, onipresença re onisciência. Isso estabelece na consciência o reconhecimento da presença da perfeição vinda de Deus, reconhecimento que oblitera qualquer percepção do mal. Uma vez que a consciência chega a esse ponto, podemos passar um grande “X” ou uma borracha sobre a lista dos males e sintomas; com isto ficamos só com a lista das coisas boas, e uma gostosa sensação de bem-estar que não está ligada ao  corpo físico, mas sim ao nosso pendor do Espírito.

MBEddy diz claramente: ” Mantém o pensamento firme no que é duradouro, no que é bom e no que é verdadeiro, e os terás na tua experiência, na proporção que ocuparem teus pensamentos” (CeS, p. 261). Isso é uma regra de cura que leva vantagem sobre as pretensas forças do mal!

..oo0oo..