sábado, 31 de outubro de 2015

O essencial na religião do Cristo

Na essência dos ensinamentos de Cristo Jesus está o praticar a religião dele.

Com ciência e sabedoria, era o modo como Cristo Jesus aplicava as verdades eternas da realidade. O Mestre ensinou seus seguidores de outrora e os de hoje que poderiam realizar as mesmas obras que ele fez, porque a capacidade dessa realização é uma aptidão promovida pela Ciência Divina, hoje em dia ensinada pela Ciência Cristã. Os periódicos desta igreja e as Reuniões de Testemunhos nas igrejas filiais, além de livros escritos por cientistas cristãos pelo mundo afora, dão provas de que a fome por espiritualidade que o gênero humano se diz tomado está sendo atendida, o que prova que a consciência humana está sendo atingida por essa maré de espiritualização presente no mundo.

Mas, seguidores do Mestre Cristo Jesus são os que praticam a doutrina; prática visível na cura de problemas humanos de toda ordem: físicos, morais, espirituais, psíquicos, econômicos e de relacionamento. Era isso que ele esperava dos seus seguidores:
Aqueles que crerem em mim farão também as obras que eu faço (João 14: 12).

Mary Baker Eddy escreve:
“Ainda que respeitemos tudo o que há de bom na Igreja ou fora dela, nossa consagração ao Cristo baseia-se mais em demonstrar do que em professar a fé. ...e por compreender algo mais do Principio divino do Cristo imorredouro, ficamos habilitados a curar os doentes e triunfar sobre o pecado” (CeS, p. 28).

O Mestre era absoluto nos seus conceitos sobre Deus, o Amor, a Vida, a Sabedoria. Seus ensinamentos elevavam seus ouvintes ao entendimento das coisas do Espírito, fosse por pregação ou por parábolas. Seu objetivo era transmitir a espiritualidade. Eddy diz:
“Nosso Mestre não ensinou mera teoria, doutrina ou crença. Foi o Princípio divino de todo verdadeiro existir, que ele ensinou e pôs em prática” (Idem, p. 26).

Como distintivo de serem cristãos, seus seguidores têm na vida dele o exemplo de conduta e atuação. Ele mesmo assim caracterizou seus seguidores:
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se tiverdes amor uns aos outros” (João 13: 35).

O modo de Jesus ensinar seus discípulos e o povo incluía necessariamente afirmar a verdade referente a Deus, o Espírito, e negar as coisas do “diabo” ou “pai da mentira”. Ele sempre encorajava seus ouvintes ao amor, até amor aos inimigos, confiança absoluta no bem, misericórdia ou perdão, pureza, e cumprimento da lei divina. Por outro lado os encorajava a deixar o mal, ódio, morte, inimizade, coisas que os seus inimigos religiosos buscavam infligir-lhe. É difícil crer que um homem de tanta bondade e pureza e que praticou tanto bem entre a população pudesse vir a ser “condenado” à morte de cruz. Como o ódio cega os homens e os desorienta!

O resumo dos seus ensinamentos Jesus traçou no Sermão do Monte, uma peça recheada de espiritualidade. Quem quer que estude esse sermão e o pratique seriamente desenvolverá um genuíno caráter cristão, com o que viverá entre o povo com exemplos de vida e amor contagiantes. Será como um grão de fermento atuando em meio à massa do pensamento humano e mundano, transformando-o e elevando-o espiritualmente para deixar de ser mundano. Será como um luzeiro na escuridão.  Ele sempre ensinava com autoridade; autoridade que exemplificava na cura de doentes ou expulsão de demônios. Certa feita o povo se alegrou com o que viu e exclamou:
“O que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena os espíritos imundos e eles lhe  obedecem” (Marcos 1: 27).

Pelo que ele ensinou, os cristãos ainda hoje teriam e poderiam usar dessa autoridade para suas obras. Nenhuma dúvida deveria ser tolerada quanto a esse desiderato religioso. Esse percalço—a dúvida—sempre foi duramente censurado pelo Mestre. Quando o apóstolo Pedro andou por sobre as ondas do mar e, de repente começou a afundar, ele apelou ao Mestre que o ajudasse. Logicamente seu amigo o segurou pela mão e não o deixou afundar, mas não conteve a observação:
“Homem de pequena fé; por que duvidaste?” (Mateus 14: 31)

Crer no poder supremo do Espírito era um dos pontos-chave da religião do Cristo. A superioridade do Espírito sobre a matéria nunca vacilava no crer do Mestre. Até uma ordem para uma figueira lançar-se ao mar seria obedecida pela planta se, quem deu a ordem, cresse na autoridade do Espírito sobre a matéria. A dúvida é o oposto da certeza e da fé, e essa “danada” nem sempre é facilmente detectada em nosso pensamento consciente e muito menos no subconsciente. Daí a necessidade de vigilância sobre nosso pensar—por nós não por outros. O Mestre alertou seus seguidores:
“O que vos digo, digo a todos: vigiai!” (Marcos 13: 37)

O Mestre tinha a capacidade de ler pensamentos com a qual muitas vezes surpreendia seus adversários ou seus interlocutores. Essa sua habilidade era evidência de sua comunhão consciente com a Mente divina que tudo sabe. As palavras dele:
 “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço” (João 14: 12),

certamente incluíam toda e qualquer capacidade, mesmo essa de ler pensamentos ou saber o futuro. Os homens que tanto desejam poder exercer esse dom paranormal deveriam buscar a fonte de tal capacidade na Mente infinita, à qual o Mestre recorria espontânea, natural e constantemente. Se os homens soubessem usar esse dom, a humanidade seria abençoada, pois tal dom não pode ser usado para o mal, dado que sua fonte é o Bem infinito. Aliás todas as demonstrações de extraordinário poder que JC fez denotam que buscava no Altíssimo a fonte dessas capacidades e as usava somente para o bem das pessoas.

Se pudéssemos resumir sua obra de vida poderíamos citar: amor a Deus e ao próximo, confiança absoluta no Espírito, sabedoria ilimitada, isenção de ódio e temor, capacidade de ensinar a espiritualidade, consciência de sua missão e ater-se a ela.


...oo0oo...

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

“Daqui não saio...”

Reino de Deus não é localidade; é um estado de alma.

A canção carnavalesca (“Daqui não saio, daqui ninguém me tira...”) dá um toque num ponto que poderíamos aproveitar metafisicamente. A ideia de que estamos no reino de Deus e que daqui ninguém/nada nos pode tirar é metafisicamente correta e contém no seu bojo um importante apoio para nossa fé em Deus.

No livro dos Atos dos Apóstolos da Bíblia consta o relato da ocasião em que o apóstolo Paulo estava em Atenas e foi levado ao areópago para discursar, pregar suas convicções do Cristianismo. Imagino que houvesse uma forte expectativa local quanto ao discurso desse estrangeiro, bem como um considerável contrapeso cultural. Por isso Paulo tomou muito cuidado no que diria, armou-se de coragem mas não despiu seu destemor em propagar a nova doutrina (ver Atos dos Apóstolos, 17: 16-31). Paulo já havia visto os objetos de culto dos atenienses e achou um altar com a inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. E foi nesse ponto apoiou sua dissertação: ”Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que vos anuncio... Pois nele nós vivemos, nos movemos e existimos”.

Dentro dessa ideia, quem  ou o que pode nos tirar da presença divina ou nos desviar de viver, mover e existir em Deus? Responda você mesmo, caro leitor. Isto é tema para profunda e demorada reflexão ou oração. Se sua resposta é na forma negativa, quer dizer que nada pode nos desviar de Deus e Sua atenção, aconselho a guardar esse entendimento na primeira fila de sua lista de prioridades. Continue com essa linha de pensamento e verá novos tópicos se desenvolvendo e novos horizontes se abrindo na sua consciência do Cristianismo científico. Poderá ter momentos preciosos de percepção de uma presença espiritual indescritível e uma paz e alegria de elevada natureza isentas de qualquer intromissão do pensar humano.

Esse estado inspirado e elevado é o reino dos céus se manifestando à nossa consciência. Viver no reino dos céus é viver governado pelos atributos divinos da Mente, da Vida, da Verdade, do Amor, isentos, livres e imunes aos ataques dos maus pensamentos, ou da mentalidade mortal. Quem nos coloca no Reino dos Céus? Nós mesmos quando oramos: “Venha o Teu reino”. Não é isso o que almejamos ao recitar a Oração do Senhor—o Pai-Nosso?  Na Oração Diária a Sra. Eddy agrega um esclarecimento: “Estabeleça-se em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos [e elimine] de mim todo o pecado (Manual da Igreja, p. 41).

Na Bíblia encontramos muitos versículos que nos fortalecem a convicção e o sentimento de estarmos com Deus, em harmonia suprema.  Gosto muito da afirmação de Salomão: “Os sábios e os justos e seus feitos estão nas mãos de Deus (Eclesiastes 9:1). Quando conduzimos nossa vida com sabedoria e tratamos nossos irmãos com justiça—nosso dever Cristão, não é mesmo?—podemos  ter certeza de que estamos nas mãos de Deus, porque agimos com amor.
...oo0oo...