quarta-feira, 25 de maio de 2016

O que anda escasso?

A evidência de escassez de algo em nossa vida pode denotar pobreza de pensamento! 

A sociedade humana sente o problema da escassez nos mais diversos aspectos de sua existência. Por todos os lados ouvem-se relatos ou manifestações ou queixumes de riquezas ou bens mal distribuídos; fala-se de falta de dinheiro, de bens, alimentos, trabalho, segurança, saúde, moralidade, etc. Não raro a mente humana culpa o Criador por tais diferenças, como se Ele permitisse que alguns de Seus filhos gozem de abundância e outros sofram de privação. Tolo engano do pensar humano. Esse erro de crença da humanidade sobre a verdadeira natureza do Pai Supremo, a Mente infinita, vem de muitos séculos e é a causa de muitos dos problemas de escassez.

Pode essa manifestação de escassez ser vencida ou modificada? Nos afazeres humanos, na administração pública, nas políticas nacionais, as diferenças podem ser vencidas por gestões honestas e transparentes; já na gestão familiar a escassez pode ser combatida pela orientação de zero-gastos desnecessários. Mas isso não é suficiente. Para acabar com a escassez deve-se chegar à raiz da mesma. E qual é essa raiz? O erro de que a materialidade seja a fonte de todo bem. Quando deixarmos de olhar para a matéria como fonte de suprimento, estaremos tocando a raiz do mal. O mal básico são as crenças materialísticas que abrigamos na consciência.

Uma consciência espiritualizada que se afasta da materialidade como realidade, aproxima-se da consciência semelhante à de Cristo que só reconhecia como real o que está em Deus ou vem de Deus. Deus é Espírito infinito, todo-poder, toda-presença, todo-bem. Como um todo não tem partes ou porções, e esse todo é a fonte de nosso ser e nosso suprimento. O Salmista retratou no Salmo 23 todo seu reconhecimento da Verdade suprajacente:

O Senhor [Deus infinito] é meu Pastor; nada me faltará (Salmo 23: 1).

Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, em qualquer tempo, que abrigue tal entendimento do fato divino, cantará com o Salmista. Quem mantiver tal reconhecimento na consciência, sem qualquer vacilação ou dúvida, nunca sofrerá de escassez, mas gozará de abundância. O segredo na aplicação dessa regra está na firmeza da convicção do fato. As mensagens espirituais da Bíblia nos dão o rumo:

“A fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem” (Hebreus 13:1)

A fé absoluta é a convicção dos fatos espirituais que não são percebidos pelos sentidos físicos porque não fazem parte do mundo material, embora este mostre os efeitos da presença e ação dos fatos espirituais. A força geradora não é vista, mas os efeitos sim.

Os leitores que valorizam a mensagem bíblica encontram diversos relatos de superação de recursos limitados diante de necessidades humanas. O Mestre Cristo Jesus demonstrou mais de uma vez a suficiência de alguns pães e peixes para alimentar multidões, que o seguiram ao deserto para ouvir sua mensagem e constatar suas curas. Moisés demonstrou superação de escassez de água em um lugar privado do líquido precioso e vital. Obedecendo a ordem divina, foi ao local onde só havia umas rochas. Após golpear uma delas, jorrou água em abundância para o povo e o gado.

Houve um incidente com Pedro e Jesus que contém um ensinamento para os dias de hoje. Era na época da coleta de imposto pelo império romano. O Mestre e seu discípulo não tinham isenção de tal obrigação fiscal. Foi Pedro quem avisou o Mestre sobre essa questão. Jesus disse a Pedro que fosse pescar e do seu trabalho obteria o dinheiro necessário. Pedro obedeceu e a demanda foi atendida.

“Vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o e, abrindo-lhe a boca, acharás um estater. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti” (Ver Mateus 17: 24-27).

Qual o ensinamento para nós nesse relato? O Mestre mandou que Pedro fizesse aquilo que era de sua profissão: pescar. O modo de empregar essa aptidão, sendo de acordo com a lei de Deus, é fonte de suprimento para necessidades humanas. Vale para nós: quando a integridade e a ética orientam nosso labor, podemos confiar em Deus para a retribuição suficiente e adequada. Confiança dessa verdade e convicção de sua eficácia, que embasem nosso trabalho, sempre produzirão frutos abundantes.

O Mestre Jesus, em seu sermão no monte, enfatizou a seus ouvintes (e seguidores até o dia de hoje) que a preocupação com nossa dispensa ou roupeiro não deve estar em primeiro plano. Disse:

“Não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?” (Mateus 6: 31).
Ele mesmo propõe a solução:
“Buscai em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Idem 6: 33).

O sábio rei Salomão escreveu em seus livros de sabedoria:

“Deveras me apliquei a todas estas cousas para entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus” (Eclesiastes 9: 1).

O que aprendi desse versículo é que quando atuamos com sabedoria e justiça em nossos afazeres (demonstrando atributos morais que se manifestam em honestidade, pontualidade, respeito aos demais), não buscando a retribuição em primeiro lugar, o fruto de nosso trabalho vem das mãos do Pai Divino. Este sempre retribui conforme nossa atuação e nossa consciência de união a Ele.

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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Não tropeçar numa irrealidade

Tropeços ao caminhar muitas vezes são causados por pequenas saliências que descuidamos em nosso caminho. Grandes obstáculos são facilmente vistos e desviados. Os pequenos geralmente são despercebidos até nos causarem uma queda ou quase queda.
Em nossa vida também encontramos todo tipo de motivos de tropeço: medo, rancor, ódio, ignorância, doença, desafios de toda ordem. Alguns afetam nossa integridade física, outros ameaçam nossa integridade moral, quando não a espiritual.
A Bíblia, com suas mensagens voltadas à perfeição do Deus criador e Sua maravilhosa criação, nos oferece muitas passagens que deixam bem claro a quem podemos recorrer para nos protegermos de “tropeços” de toda ordem. Gosto muito, por exemplo, da seguinte mensagem:
O Senhor “aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Salmo 91: 11, 12)
Nesses versículos o salmista mostra seu discernimento de verdades espirituais que guiam e norteiam—ou deveriam nortear—nossas  vidas. Os anjos de Deus, que têm ordens do Pai para nos protegerem, são os pensamentos ou intuições divinas que nos vêm durante a oração ou em momentos de necessidade. As “pedras” de que eles nos protegem não são materiais; são percalços mentais que albergamos no pensamento e que fustigam o pensar claro. Esse pensar claro é nossa resposta aos anjos de Sua presença que nos protegem de qualquer circunstância quiçá ameaçadora.
Quem estuda a Ciência do Cristianismo aprende a reconhecer como irrealidade as circunstâncias ou ameaças materiais por serem opostas às criações de Deus-Pai. Tudo o que pertence ao reino, domínio ou universo de Deus tem dEle a chancela da realidade. Deus como Verdade e Mente criadora cria todas as formas de realidade, com as quais convivemos mental e espiritualmente. O apóstolo Paulo deu a dica dessa proposição:
Nele vivemos, nos movemos e existimos(Atos dos Apóstolos, 17: 28).
Algumas formas de realidade são a saúde, a alegria, a felicidade, a força, a inteligência, a coragem, e assim por diante. Seus opostos são, portanto, formas de irrealidade. Assim, temer a doença, por exemplo, é aceitar uma irrealidade pois sempre tememos o que nos parece real. Sentimos algum sintoma adverso e já vem a sugestão de que algo doentio esteja se evidenciando no corpo. Por isso temos medo dela. Esse medo da doença ou de alguma moléstia é como uma pedra de tropeço em nossa fé cristã, pois na fé não há medo; há confiança e certeza. Em nossas considerações sobre a existência do homem, temer a doença é como tropeçar numa irrealidade. Crer no mal, de qualquer tipo, é tropeçar numa irrealidade.
Às vezes esse tropeço nos derruba pessoalmente. O que fazer então? É fazer o que faz uma pessoa que tropeça numa pedra ou saliência no piso. É levantar-se e refazer o passo sobre o obstáculo para demonstrar a si mesmo que pode superar essa adversidade. Os tropeços espirituais representados pelo medo ou angústia tenderiam a nos fazer crer na irrealidade, alimentados que são pelos sintomas evidenciados pelo corpo. Esse é o processo mental que se dá em nossa consciência. Acreditamos nos sintomas e sofremos com isso; mas a compreensão de que o mal é irreal como oposto ao Bem, expulsa o medo e, com isso, remove o tropeço em nossa existência. Então, não tropeçamos numa irrealidade.
Mary Baker Eddy, autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um livro de texto de metafísica aplicada da Ciência do Cristianismo, escreve:
“Quando a ilusão da doença ou do pecado te tentar, agarra-te  firmemente a Deus e Sua ideia...Não deixes que o medo ou a dúvida [ou seja, os tropeços] obscureçam tua clara compreensão [espiritual] e tua calma confiança [na realidade do bem]...” (CeS, p. 495).
Há algum tempo tive uma experiência que me comprovou o ponto em foco. No meio da noite me acordei sentindo uma dorzinha no peito. Junto com a sensação vieram pensamentos de temor. Não me assustei mas reconheci que esse medo estava por trás dos sintomas. Por isso em minha oração tratei de afastar o medo. Minha arma de combate foi a oração, inspirada pelo Salmo 91, cujos versículos foram mencionados acima. Confortou-me o pensamento de que Deus me protegia por meio de Seus anjos que me sustinham para não tropeçar nalguma pedra. Percebi que na minha frente estava o medo querendo me fazer tropeçar: medo de uma irrealidade que não fora nunca nem será jamais criada ou permitida pelo Criador. Quando vi com clareza este aspecto do mal, senti que o medo não me ameaçava mais; havia sumido. Ficou só a gostosa e feliz sensação da presença de Deus-Pai-Mãe como a Verdade dos fatos reais. Segui dormindo sem qualquer sentido de desconforto.

PONTO METAFISICO:
O homem criado à imagem e semelhança do Deus único está sempre consciente de sua condição de perfeição espiritual. Esse é o estado de existência real do homem, verdade que vale para mulheres e homens de qualquer idade, raça ou geografia. Na Ciência divina nenhum outro estado de existir é reconhecido como real. Na medida em que nos apercebemos dessa Verdade metafísica, ela orienta nossos pensamentos para ações e movimentos sem tropeços de qualquer natureza.


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