Os debates em torno da questão de poluição do ar, efeito
estufa, mitigações possíveis e/ou encaminhadas, são uma constante nos meios de
comunicação. As imagens na televisão são às vezes impressionantes, assim como
não menos impactantes são algumas das predições de nosso futuro no planeta.
Como não temos para onde ir se este for aniquilado, o melhor é despertar do
sonho de que a Mãe Terra dá tudo e nada exige de nós; sonho no qual a
humanidade está embalada há séculos. Há alguns anos a Organização das Nações
Unidas (ONU) lançou um programa de plantio de 1 bilhão de árvores no mundo todo
(programa inspirado no ano internacional das florestas 2011). Pelas informações
as adesões ao programa somaram algo em torno de 7 bilhões, bem mais do que o
desejado. Vê-se que há esforços mundiais no sentido de minimizar os efeitos da
poluição do ar, e isso é consolo para aqueles se dedicam a proteger o meio
ambiente no seu nicho de ação.
Em nosso meio, a demanda por florestamento no Estado do Rio
Grande do Sul é sumamente grave. O déficit entre necessidades e ofertas de
madeira e/ou lenha está muito acentuado e não há previsão de atendimento da
demanda nos próximos anos. Nosso Município retrata fielmente o mesmo estado de
equilíbrio, ou melhor dito, de desequilíbrio. Há forte demanda por madeiras ou
lenha para uso nos secadores de grãos, construção civil, fogões a lenha,
churrasqueiras, etc, sendo que as iniciativas de plantio ou florestamento são
insuficientes. Este o quadro sob o ponto de vista econômico. Mas há outro fator
de cunho ambiental que toca a sensibilidade dos ambientalistas deixando-os
apreensivos pela falta de iniciativas oficiais.
Sabe-se que a poluição emitida de um automóvel demanda a
existência de 22 árvores para contrabalançar os gases de exaustão durante um
ano. Pela frota de quase 20.000 veículos existente no município, seriam
necessárias 500.000 árvores para desfazer a poluição dessa frota. Estendendo o
raciocínio para a região noroeste, cujo número de frota desconhecemos, pode-se
perceber a enorme lacuna que está reclamando para ser encerrada. Todos os
esforços possíveis para sanar a irregularidade não serão suficientes para
alcançar um status satisfatório. Precisamos na região de mais e mais árvores, e
não cada vez menos.
O Plano Estadual de Florestamento tenta encorajar os
Municípios a prepararem seus Planos Municipais. Mas, sem incentivos, até o
primeiro passo parece difícil. Disse-me
um técnico agrícola que plantar árvores rende mais do que soja e com mais
certeza de colheita. A falta de coragem em mudar de cultura prende-se ao prazo
em que o rendimento de florestamento é realizado. No soja você colhe todos os
anos, mas também gasta todos os anos. No florestamento com eucalipto, por
exemplo, você planta uma vez, espera de 5 a 7 anos e colhe; espera mais 5 a 7
anos e colhe outra vez; e no intervalo gasta quase nada, em comparação ao soja.
O investimento significativo é feito uma vez, só no plantio. O usufruto do
rendimento ocorre 2 vezes em 10 a 15 anos. O proprietário nem precisa de
equipamento pois o serviço é feito por pessoas especializadas, tanto no plantio
como no corte. Outra vantagem é que o
florestamento pode ser consorciado com produção agrícola ou pecuária de corte
ou leite. Assim, o produtor rural tem duas rendas num mesmo pedaço de terra.
Aos olhos de alguém que vive na cidade e não é da lida rural
o florestamento é um grande negócio que só está esperando para ser realizado. O
meio ambiente ficará satisfeito também pois haverá muito menos veneno lançado
ao ar, à terra, aos rios. Grandes áreas reflorestadas recolhem mais água e a
remetem ao subsolo e impedem a formação de erosões. O regime das águas
subterrâneas volta ao normal, os rios são reabastecidos ao longo do ano pelas
fontes robustecidas pelas florestas plantadas. Além disso o nosso ar de cada
dia será mais puro, nossa saúde será melhor e nossa felicidade durará mais. As
árvores das matas sugam o CO2 e o transformam, e emitem ar purificado. Que bom
para nós!
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