Compre menos, viva mais!
Paul Gilding* é um
escritor e ambientalista australiano que mora nos EUA que vem apregoando o fim
do mundo consumista como hoje o conhecemos. Chama a atenção para as diferenças
sociais e econômicas geradas pelo modelo atual que copia o modelo americano.
Quando o mundo tiver “7 bilhões de habitantes”, diz ele, “não haverá produtos
suficientes para todos, ainda que tenham
recursos para a aquisição”. A felicidade da humanidade só será possível se os
povos e pessoas mudarem seus hábitos de consumo.
Ele alerta para a grande dependência do transporte para fazer
os produtos chegarem a todos os recantos do mundo numa economia globalizada.
Como modelo econômico, isso é um fracasso. Temos que pensar em outros modelos para não depender tanto de
transporte cuja vitalidade está atrelada ao petróleo com sua pesada quota de
poluição e limitadas reservas mundiais. A melhor economia é a que não depende
só de um fator. A diversificação é fundamental; diversificação de consumo e de
produção. Quanto antes o mundo pensar em mudar de modelo de consumo tanto
melhor será nossa vida no futuro. Acho que é do autor a frase: “Compre menos,
viva mais!”
Relatou Gilding que há nos EUA um grupo de pensadores,
incluindo alguns ex-ministros, planejando criar em cada Estado uma cidade que
seja auto-suficiente na produção e no consumo de subsistência. Todo o
planejamento para tal fim é complexo, pois inclui fatores sociais, culturais,
econômicos, ambientais e temporais. Os
fatores de mudança sócio-cultural são os mais imprevisíveis pois exigem que a
comunidade se submeta a uma mudança de hábitos de consumo e produção. Cada
célula social (a família) buscará produzir os insumos alimentares que irá consumir;
terá de deixar de simplesmente ir comprar o que necessita. Mas, segundo o
autor, será uma sociedade mais feliz, pois haverá menos diferenças no seio da
comunidade e menos descontentamento generalizado. Será uma sociedade melhor do
que temos hoje.
Tento imaginar uma cidade como Panambi se engajando num plano
semelhante de auto-suficiência. Utopia? Não, apenas exercício de inteligência.
Quantas coisas precisaríamos mudar? Por onde começar? Como conquistar a cooperação das pessoas? O
que mudaria na estrutura administrativa do município? A cultura social
comportaria mudanças rápidas? Os cidadãos ficariam mais felizes? A produção
industrial, como ficaria? Os desafios não seriam pequenos e exigiriam muitas
negociações e acertos bilaterais. Mas com certeza haveria um forte sentimento
de comunidade e de proximidade entre as pessoas. Este fato seria um forte
incentivo para a tentativa.
Por que não se cria um grupo para exercitar a mente a
encontrar tal desafio? Sem nenhum compromisso, mas os debates poderiam fomentar
o surgimento de idéias factíveis e práticas. Alguém poderia comentar: “Mas esse
grupo de debates já existe. Chama-se Agenda 21.” O Poder Executivo local deixou
de fomentar a criação desse grupo em nossa comunidade. Está na hora de
reativá-lo. Em Panambi o MoVer (Movimento Verde) seria, com certeza, um parceiro para os
debates.
.o0o.
Nenhum comentário:
Postar um comentário