Em
outro artigo expusemos as tentativas científicas de combater a validade dos
escritos bíblicos relativo a eventos ocorridos antes da hipotética criação do
mundo descrita no primeiro capítulo do Gênesis.
Há outro grupo de pensadores que imaginam estarem realmente orientando a
humanidade acerca dos relatos bíblicos da vida de Jesus Cristo. Falam com tanta
convicção de suas teorias que uma pessoa desatenta pensaria que dizem a
verdade. Isso sem falar dos mitos literários e teóricos quanto à condição moral
de Jesus. Não tivesse nosso mestre Cristão ensinado o perdão como presença
obrigatória em nosso coração, há muito teriam os escritos imaginativos sobre nosso
Mestre suscitado um levante de armas para defender a honra do fundador de nossa
religião.
Vi
em recente show de TV de como cientistas suspeitam de que houve extraterrestres
visitando nosso planeta há séculos, antes mesmo da atual civilização terrestre.
Procuram demonstrar suas teses de casos de ações de visitantes extraterrestres comparando-os
com eventos bíblicos aparentemente sobrenaturais ou milagrosos para os quais as
ciências humanas não têm explicação. Ocorre que a menção ao texto bíblico é
feita de modo pontual sem examinar o contexto em que a experiência ocorreu,
sequer procurando apontar o foco de seus argumentos para a espiritualidade do
personagem histórico. Citam, por exemplo, a visão de Moisés da sarça ardente
como uma ação “mágica” ou de alguma tecnologia desconhecida. Se soubessem que
na literatura hebraica a menção a fogo tem muitas vezes o sentido de inspiração
espiritual (ex. línguas de fogo no dia de Pentecostes, cavalos de fogo que
levaram Elias ao céu, exército de cavalos e carruagens de fogo cercando Elizeu),
buscariam saber qual o contexto do acontecido. Moisés estava por receber a mais
alta missão de sua vida, mas precisava primeiro aprender a ter um conceito mais
elevado e metafísico de seu Deus. A partir daí Deus ficou conhecido a Moisés
como o EU SOU: ser eterno e poderoso que nunca muda. Nesse SER eterno—Eu Sou―Moisés confiou e levou um povo
a salvo pelo Mar Vermelho, pelo deserto até às muralhas de Jericó que não
resistiram ao avanço dos filhos de Israel.
As
pragas no Egito, a travessia do mar, o maná e as codornas no deserto, tudo tem
uma explicação em base material e natural para os fenômenos, dizem os cientistas;
por isso não são obra de Deus. Esquecem os doutores das ciências que Deus age
por meio da natureza. O caso das codornas e do maná, por exemplo. As
ocorrências eram naturais e esporádicas naquela época. O que as ciências não
explicam como foi que fenômeno do maná e das codornas ocorreu diariamente
durante várias décadas. Não explicam pois não são capazes de atribuir ao Ser
supremo a capacidade amar e proteger a quem se deixa guiar por Ele; parece que
a expressão AMOR DIVINO não faz parte de
seu vocabulário e entendimento.
Outro
exemplo de uma interferência extraterrestre, segundo o programa da TV, relatada
na Bíblia, trata do momento da sagrada concepção de Maria. Este relato nas
Sagradas Escrituras é, literalmente, um tanto misterioso e suscita dúvidas em
muitas pessoas. Sugerem os investigadores que Maria teria sido abduzida por
extraterrestres e fertilizada por algum processo desconhecido, só que não
conseguem saber por que fizeram isso. No entanto, a santidade da experiência de
Maria fica sacramentada quando se examina a vida do ser ao qual ela deu a luz. “Maria concebeu-o espiritualmente, pois só a
pureza podia refletir a Verdade e o Amor visivelmente encarnados no bom e puro
Cristo Jesus. Ele exprimia o mais elevado tipo de divindade que uma forma
carnal podia exprimir naquela época”1 esclareceu Mary Baker Eddy em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. As obras de Jesus demonstram que ele era movido pelo
amor em tudo que dizia e fazia. Sua
espiritualidade era a base de suas curas, do perdão dos pecados, da
ressurreição de mortos, da repreensão a algum desvio dos discípulos. Sem amor
ninguém pode curar espiritualmente; sem amor ninguém pode perdoar; sem amor
ninguém pode ensinar a espiritualidade, nem atrair multidões para ouvi-lo, e
isto sem qualquer sistema amplificador de som para comunicar-se.
Que
tente alguém curar um simples caso por via espiritual—a oração. Não conseguirá
se não estiver munido de qualidades espirituais. “A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé absoluta em que
tudo é possível a Deus—uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor
abnegado”2 escreve Eddy.
Esses ingredientes da oração eficaz não se adquire por meios humanos nem
exercitando a vontade humana e o amor humano, muitas vezes confundido com
generosidade humana. Uma vida cheia de espiritualidade é a exigência primordial
para tal êxito. Os desafios que Jesus enfrentou, desde doenças entre o povo até
o ódio de seus adversários, só nos fazem crer que enfrentava todos seus
contendores com amor e perdão. Quando estava sendo preso, num momento crucial
de sua vida, quando as circunstâncias justificavam o uso da força física, o
Mestre tratou todos com amor e até curou um homem que tivera uma orelha
decepada por um discípulo que julgou justificável a agressão, contrariando a
visão de seu mestre. Não há cura sem amor; é a lei espiritual e, essa lei, ele
aplicou com plena convicção.
Não
sou contra as investigações da pré-história nem as comparações com relatos
bíblicos quando feitos com critério e isenção. Eles nos ajudam a buscar
entendimento mais espiritual da palavra sagrada em vez de ficar matutando na
letra fria. Existe hoje em dia a oportunidade de aprender e estudar uma nova
ciência: a Ciência do Cristo, ou Ciência Cristã. Aliás não é tão nova assim,
pois ela trata da Ciência divina que Jesus aplicou em seu ministério. Ele
afirmou: “Conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará”3. A verdade que nos liberta da ignorância
e do erro é a Verdade absoluta e afirmativa, a realidade de Deus e do homem. A
Ciência Cristã nos abre caminho para ampliar nosso horizonte de entendimento do
universo pois nos ensina a compreender o infinito e o infinitésimo, a
onipotência, a onipresença, um Princípio todo-sábio e todo-atuante. Até a
compreensão sobre o homem cabe nessa infinidade. Quando nos damos conta de o
homem é feito à “imagem e semelhança”4
de um Deus que é infinito, Espírito, Vida e Amor, alçamos nossa visão a
respeito do homem, sem rebaixar a visão a respeito de Deus, de que Ele pudesse ser finito, parecido com o homem de barro.
XX
1-Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 332; 2-Idem, p. 1; 3-João 8: 32; 4-
Gênesis 1: 27.
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