quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Alimentação pura

Relata o livro de Daniel um caso um tanto curioso para o qual eu não tinha uma explicação lógica, a não ser da lógica metafísica. O Rei Nabucodonozor havia conquistado o reino de Israel (aprox. 587 AC) e levou grande parte do povo para o cativeiro babilônico. Entre eles jovens da nobreza. O relato em Daniel dá conta que Daniel e seus amigos Hananias, Misael e Azarias estavam entre os convocados pelo rei para tomarem conhecimento da cultura babilônica para depois assistirem ao rei no palácio. Determinou o rei a ração aos “trainees” das “finas iguarias da mesa do rei” (1:5) do bom e do melhor. Entres essas iguarias, com certeza, havia carnes inclusive carne de porco, proibida aos judeus.

A cerca dessa determinação do rei, Daniel e seus amigos decidiram não desobedecer às leis de seu povo e, assim, pediram ao cozinheiro-chefe designado para eles para que fossem poupados de serem obrigados a comer o alimento para eles proibido. Diante da hesitação do cozinheiro e também medo de ser castigado por desobedecer à ordem do rei, Daniel lhe propôs uma alternativa: “experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber. Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei...No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei

Uma bela surpresa ao cozinheiro-chefe! Mas eu também sempre me senti surpreso com o resultado, a não ser pela coerência de confiar em Deus. Auxiliaram-me no entendimento as pesquisas recentes de médicos sobre nutrição natural. Uma delas, desenvolvida pelo medico Dr. Gerson (EUA), substituiu alimento normal e comum por alimentação natural. Teve resultados em si mesmo que o livraram de dores de cabeça crônicas. Dizem as pesquisas que os produtos químicos que ingerimos com a alimentação “melhorada” quimicamente acabam por intoxicar certos órgãos que precisam um “esforço-extra” para se purificarem. A alimentação natural com produtos orgânicos alivia o corpo desse “esforço-extra” e a pessoa sente-se, então, melhor, mais aliviada e disposta.

O organismo reage melhor quando nutrido por ingredientes orgânicos, e o que os jovens hebreus experimentaram foi nada menos do que isso: alimentação natural acompanhada de disposição mental de obedecer a Deus. O organismo só podia melhorar e estar em boas condições sob esse regime. O corpo humano na sua constituição e funcionalidade é uma “maquina” perfeita que, apoiada convenientemente por pensamentos elevados funciona bem. Sei agora que uma consciência pura é o melhor apoio ao equilibro do organismo; some-se a isso equilíbrio de conduta moral e sem vícios e o homem não terá o que se queixar da vida.

Para mim, tenho como adequada uma conduta baseada em compreensão espiritual; e quanto à alimentação basta saber o que é bom para o organismo, comer sem preconceitos e preocupações para deixar  as funções do corpo se desenvolverem espontânea e harmoniosamente. Preocupar-se com o que come perturba as funções normais do organismo. Nunca deixe de convidar a sabedoria para vir à mesa. Não haverá exageros nem escassez nem queixas de mau funcionamento.

Adão e Eva simbolizavam os “veganos” (vegetarianos) de hoje, pois viviam num paraíso onde comiam de tudo em estado natural: “De todas as plantas do jardim comereis livremente” (Gênesis 3:2). Também simbolicamente deixaram o terreno paradisíaco e harmonioso porque comeram de coisas proibidas e não acreditaram que elas lhes fariam mal. É assim que funciona na natureza: ela nos provê tudo o que precisamos por meio da flora, mas se não nos satisfazemos com isso vamos buscar mais provisões na fauna e na química, sem saber a que riscos estamos nos submetendo. E quando surgem os problemas recorremos à química para nos aliviar.

Bem faríamos em observar o conselho do Mestre Cristão dado no Sermão do Monte: “Não andeis ansiosos pelo que haveis de comer ou beber... Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais” (Mateus 6:25, 8). Na natureza nossas necessidades são supridas pelos alimentos naturais (na medida do possível), representando, assim, a provisão divina antes mesmo de ingerirmos alimentos. É assim que nossas necessidades são supridas antes de “pedirmos”.

Mas...cuidado! A alimentação não deve ser encarada como medicina, embora hábitos sadios na alimentação se revertam em condições saudáveis do organismo. Essa crença de alimentação medicinal pode levar na direção oposta de que o jejum também é medicinal. Mary Baker Eddy, em sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, relata de um caso de seu conhecimento: “Conheci alguém que, ainda criança, adotou o sistema Graham para se curar de dispepsia. Durante muitos anos, ele só comeu pão e legumes e não bebeu nada a não ser água. (Obs. Não é esta dieta parecida com a dos veganos?).  Agravando-se a dispepsia, decidiu que sua dieta devia ser mais rigorosa, e daí por diante não fez mais do que uma só refeição em vinte e quatro horas, refeição que consistia apenas de uma fina fatia de pão, sem água. Seu médico lhe recomendou também que não molhasse a ressequida garganta senão três horas depois de comer. Passou muitos anos penosos com fome e fraqueza, quase sucumbindo de inanição, e finalmente resignou-se a morrer”, única alternativa que os médicos lhe deixaram. Pobre da humanidade! Que se sente enredada com conceitos e crenças materiais, deixando de lado a Ciência do Infinito Sustentador que contém solução para os problemas humanos, inclusive esse aqui relatado. Continua Eddy o relato do caso de dispepsia: depois de ser inteirado de que a morte seria a única alternativa, “foi aí que a Ciência Cristã o salvou, e agora ele goza de perfeita saúde” (p. 221). O que a Ciência espiritual fez por esse homem foi mudar sua forma de pensar sobre o corpo, de uma base material para uma espiritual.

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

“Tristeza não tem domínio...”

Sentimento e comoção de pessoas enlutadas podem ser vencidos

Que a tristeza não tenha fim, conforme é decantado na MPB, é o ponto de vista da maioria das pessoas de algum modo envolvidas em casos de luto familiar. Eu preferiria apor um ponto de interrogação na letra da música (“Tristeza não tem fim...”), pois aceitar que o sentimento de tristeza não tenha fim acarreta automaticamente o conceito correlato de que a felicidade tenha fim. Por índole prefiro pensar como permanentes as qualidades boas de origem espiritual. A alegria derivada da Alma, Deus, fortemente ligada à felicidade, é uma qualidade divina expressada pelo homem, na sua identidade de filho de Deus.
  
A Bíblia tem mensagens de consolo para os entristecidos. O profeta Isaías  exortava seus abatidos contemporâneos com a noção de que consolo do Senhor não era distante nem desconhecido: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim Eu vos consolarei e em Jerusalém vós sereis consolados” (Isa 66:13). Consolo e conforto é o que uma pessoa de luto precisa, e saber que podemos contar com o consolo de Deus-Pai-Mãe é busca-lo na fonte certa e perene. Quando chegarmos a sentir e perceber que Deus está perto e chegado a nós, já poderemos sentir alguma alegria de origem espiritual.

A tristeza da partida de ente querido, a pesar de justificada humanamente, requer certo cuidado para não ocultar um sentimento de pena de si mesmo, comiseração. Já presenciei casos de extrema tristeza em que a pessoa em prantos dizia: “... e agora quem vai cuidar de mim”. Essa senhora estava com pena de si mesma pois sua vida poderia ficar pior a partir de então, no pensar dela, e por isso chorava desconsoladamente. As pessoas em situação como esta não o fazem de propósito, mas na mistura de sentimentos, muitas vezes, não sabem o que dizer.

Essa questão de contrição e tristeza de alguém é algo que pode significar um crescimento espiritual e psicológico, quando a pessoa reúne suas forças e convicções para enfrentar corajosamente a situação deprimente; e conforme os recursos invocados pode superar a tristeza. O pensamento de separação é o mais forte no sentimento de pesar. Então, se a pessoa conseguir sublimar seus pensamentos para a ideia de que a morte não provocou separação espiritual, que ambos os seres continuam se amando (agora com amor mais sublime) ela pode superar a dor da separação.

No livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a autora, Mary Baker Eddy, coloca um exemplo bastante curioso relacionado ao tema ora apresentado. Diz ela: “Uma mensagem errada, que por engano anuncia morte de um amigo, causa o mesmo pesar que a morte do amigo causaria. Pensas que tua angustia é causada por essa perda. Outra mensagem, que corrige o engano, cura teu pesar, e ficas sabendo que a tristeza fora apenas o resultado de tua crença” (p. 386).

O caso hipotético relatado mostra que a razão do sofrimento e comoção está enraizada na consciência das pessoas. Tão logo a raiz do sofrimento seja transplantada para um terreno mais espiritual, a tristeza perde força no coração e na mente das pessoas em sofrimento. Em permanecendo acesa a ideia de união de coração e mente, a tristeza pode ser vencida. Quer dizer que ela vai esquecer a pessoa que partiu? Não! Quer dizer que a colocou num patamar onde a tristeza é secundária e não pode assumir o controle emocional das pessoas. Contra as emoções edificantes da alegria, do entusiasmo, do ânimo e da felicidade a tristeza não tem vez. O amor que existiu antes continua depois e é responsável pela expressão de eternalidade no universo. Nessa atmosfera não há separação nem dor e aí podemos nos recolher. E poderemos com autoridade dizer com Eddy: “A tristeza não tem domínio sobre a alegria” (CeS, p. 304)


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