Espaço e tempo não fazem parte da
criação, tomando-se esta sob enfoque metafísico.
“Mil anos, aos teus olhos, são como dia de ontem que se foi” (Salmo
90: 4). O que sugere esse versículo bíblico? Entendo que nos quer informar que
a eternidade de Deus não inclui medição de tempo, que o tempo não faz parte da
eternidade.
Transportemos esse conceito ao
conhecido relato da criação constante do Gênesis. Lá diz que Deus criou o mundo
e o universo num desdobramento de alguns dias. Sobrepondo esse relato ao
conceito mostrado no início, poderíamos concluir que se passaram mais de 6 mil
anos no processo criativo. Poderiam, também, ser 6 milhões de anos? Estas
cifras se aproximam mais dos descobrimentos científicos recentes do que do
relato bíblico tomado literalmente. Em qualquer dos cenários, a presença do
poder divino é garantida.
A cronologia do aparecimento da
criação pode ser resumida em fases ou dias:
1º dia: luz,
para dissipar as trevas.
2º dia:
firmamento, para ordem celestial
3º dia:
separação de terras e águas; surgimento da flora (vida embrionária)
4º dia:
surgimento do sol e lua, leis celestiais
5º dia:
surgimento da fauna dos mares e dos céus
6º dia:
surgimento da fauna terrestre e do homem.
Há várias afirmações no Gênesis que
fazem pensar. Uma delas está no capitulo 2: “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma
erva do campo havia brotado” (2: 5). O relato no capítulo anterior diz que
a criação estava terminada e que o Criador a reconhecera como muito boa. De
acordo com esses versículos Deus vira toda Sua criação acabada e boa. Como pode
ser isto se não havia plantas nem animais sobre a terra?
O poder criador se manifesta por
meio da natureza. Havendo uma ordem criadora suprema, a natureza universal
preparará os elementos para que tal ordem suprema seja preenchida, ainda que o
processo seja invisível aos olhos e inatingível pelos nossos limitados sentidos
físicos. Quanto tempo levou tal
processo? Isto não conta na criação natural.
Não há prazo nem tempos contados pelo Criador.
A mim me parece que o relato de
Gênesis 1 é uma descrição do “projeto” da criação, quando Deus expressou Sua
idéia, em primeiro lugar, para depois vir a manifestação visível da idéia. Haja—expressão
de vontade―animais nos mares, na terra e nos céus e plantas e ervas no campo. Apressadamente poderia alguém perguntar
sobre o lapso de tempo entre concepção da idéia na Mente divina e a
manifestação visível do objeto. Teria havido tempo para as espécies evoluírem?
Novamente a resposta é: não há tempo nem lapso de tempo. Assim como não há o
espaço para tal criação. As coordenadas espaço x tempo só cabem dentro dos
conceitos limitados das ciências físicas que lidam com e para os sentidos
físicos.
Para um entendimento perfeito e
completo da criação, cujo relato culminou com a criação do homem e da mulher à
imagem e semelhança de Deus, temos que alçar nosso pensamento e consciência a
conceitos espirituais, desde o Criador até as criaturas. Nesse assunto, nunca
podemos desviar nosso pensar da base metafísica: Deus é Espírito, Verdade,
Vida, Amor, infinitos, divinos, e supremos. Exemplo: quando afirmamos que Deus,
o Espírito, criou o homem à Sua imagem, ele, portanto, é espiritual. Quando
pensamos que Deus é Vida, e portanto é eterno, devemos pensar também que a
imagem é viva e imortal. Cada característica de Deus é refletida no homem (e
mulher) e essa é uma lei espiritual vigente para sempre e para todos.
Uma notável pensadora metafísica do
Século XIX, Mary Baker Eddy, difundiu em sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras a idéia de entender a
criação sob a perspectiva metafísica. Diz ela: “Só a evolução espiritual é digna do exercício do poder divino” (p.
135) e mais: “A verdadeira teoria sobre o
universo, inclusive o homem, não está na história material, mas no
desenvolvimento espiritual” (p. 547).
.o0o.
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