terça-feira, 13 de agosto de 2019

“Tu, meu Pai”


Não é pecado tratarmos Deus com intimidade: Papai do céu


Os Cristãos que estudam a Bíblia encontram no livro sagrado muitas referências a Deus. O nome do todo-poderoso é muitas vezes referido como o Senhor, para  obedecer o Mandamento: Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão (Êxodo 20:7). A leitura dos textos bíblicos que incluem essa designação para Deus, como que deixa transparecer uma certa conotação de distância entre o locutor e a divindade. O Senhor lá em cima, e eu aqui em baixo; o Senhor no Seu reino divino e nós aqui na terra instável
O Mestre Cristo Jesus, ao inaugurar a Nova Aliança—o Novo Testamento—trouxe  à baila, ou melhor, reforçou o conceito de Deus e homem unidos. Sua vida e sua pregação nos servem de exemplo e orientação. Ele destacou o conceito de Deus como Pai, conceito esse mostrado algumas poucas vezes no Antigo Testamento (Ver Salmo 2: 7: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei”). Sempre que o texto sagrado expõe um diálogo de Jesus Cristo com Deus, o tratamento é de Tu, Pai, eu, filho. Nos momentos mais sagrados e até no momento extremo antes da crucificação, Jesus sempre se dirigiu a Deus como Pai, um ser bem perto a ele: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30), “Pai,... passa de mim esse cálice” (Mateus 26:39).
     Quando deu aos seus seguidores aquela conhecida oração que denominamos Pai-Nosso, estava dando-lhes a lição que deveriam aprender e usar, qual seja, a de vermos a Deus como nosso Pai. “Vós orareis assim (Mat. 6: 9-15). Ele até empregou a palavra “Aba, pai” que, traduzido, corresponde ao tratamento Papai, um Ente muito chegado a nós. Aliás a primeira frase da oração poderia ser pensada assim: “Nosso Papai, do céu...” Não estaremos cometendo nenhum sacrilégio se dissermos a Oração do Senhor com esse predicado: Papai. Se além de falarmos também sentirmos essa proximidade―essa união―a Deus com íntima quietude, então a nossa oração terá para nós um resultado bom e abençoado. Por certo é uma oração que atende a todas as necessidades humanas.
Em sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy expande ainda mais o conceito da união do homem com Deus, ao referir-se a Ele como Mente. Diz ela:
Deus é a Mente progenitora, e o homem é o descendente espiritual de Deus” (p. 336),
e depois acentua a ideia:
 “A Mente, o Pai, não é o Pai da matéria” (p. 257).
Este esclarecimento nos orienta a não tomarmos nossa condição humana como sendo o Filho do Espírito.
A leitura da Bíblia feita com afinco e atenção pode trazer para nós muito consolo e satisfação quando traduzimos o texto para nossa situação e a nossa experiência, substituindo-se os nossos problemas humanos pela inspiração que ocupa o lugar daqueles. No meu estudo da Bíblia sempre faço essa transposição de texto para minha condição, substituindo a palavra bíblica referente a Deus por PAI, e dando  ao contexto a conotação de diálogo: TU e eu. Outra modificação textual é a colocação dos verbos no presente, pois o tempo futuro é incerto e o presente é agora e é certo: AGORA é o tempo aceitável.
Dou como exemplo o conhecido e muito recitado Salmo 23. “O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...” Repetido ipsis litteris tem-se impressão de alguém, nos falando de sua experiência. Na verdade era David falando de sua vivência e inspiração. É comum ouvir-se a expressão: “Faço minhas as palavras do orador...” De igual modo, quando estudo a Bíblia faço minhas as palavras do texto e o resultado é uma “conversa” com o Pai, de significativo valor espiritual e muita profundidade metafísica. Este exercício me serviu, muitas vezes, de apoio espiritual durante momentos críticos em meio a algum problema.

Há mais um modo de traduzir o texto do Salmo 23 dentro do mesmo critério e que também pode espargir muita luz. Tome-se o texto sob a ótica de que Deus esteja falando conosco como Pai carinhoso. Para mim esta atitude me fez pensar em Deus como um Pai que já me concedeu Suas promessas e que as mantêm vigentes. Sinto as palavras como ditas com muita doçura.
“Filho, Eu sou teu pastor e Pai; nada te deixo faltar.
Eu te faço repousar em pastos verdejantes. Levo-te para junto de águas de descanso; Eu te refrigero a alma. Guio-te pelas veredas da justiça porque isso me agrada.
Ainda que pareças andar pelo vale da sombra da morte, não precisas temer mal nenhum, porque Eu estou contigo; Meu cajado e Meu bordão te consolam.
Eu te preparo uma mesa na presença dos teus “adversários” e te unjo a cabeça com óleo; teu cálice transborda.
Minha bondade e misericórdia certamente te seguem todos os dias de tua vida, e habitas sempre na Minha casa.”
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