Reino dos céus tem de ser entendido
como uma condição íntima do indivíduo
Agora que sabemos que o “céu” da
Bíblia não é uma localidade no espaço sideral, temos que lidar com o que
acreditávamos ser o céu para onde iriam as almas boas. Aquele cenário idílico
cheio de anjinhos e seres felizes e sadios não é o que vamos encontrar,
acredito eu, no além da morte ainda que tenhamos nos comportado bem neste
mundo. Se não nos livrarmos dos conceitos dominados pelo materialismo, não
chegaremos a ter uma compreensão convincente e satisfatória do céu.
Para reciclar o conceito de céu
podemos associá-lo com a idéia de harmonia, infinidade, imaterialidade, reino
do amor. O Mestre Cristo Jesus
esforçou-se por ensinar a seus alunos e seguidores que a questão do céu ou do
reino dos céus deve ser encarada como um sentimento puro, sincero e bom, algo
que a alma deva assimilar. As inúmeras parábolas de Jesus que aparecem nos
evangelhos mostram uma variedade de situações que ele ilustrou com as palavras:
“O reino dos céus é semelhante a...” e
a seguir agregava situações de um semeador cujo inimigo semeou também joio, uma
dona de casa que perdera uma moedinha, um pastor que perdera uma ovelha, um
mercador de pérolas e assim por diante.
Agora, tomem-se essas analogias ao
pé da letra ou sem uma interpretação transcendental e não resultará nenhum
proveito espiritual para nós, proveito esse que era justamente o que Jesus
desejava transmitir. Ele ensinava a espiritualidade por meio de cenas do viver
diário cujo entendimento seria acessível aos seus ouvintes. Por que ele agia
assim? Porque as mentes de seus ouvintes não estavam preparadas para entender uma explicação
metafísica do reino dos céus.
Uma vez ele falou de forma direta:
“O reino dos céus não vem com visível
aparência. Nem dirão: ‘Ei-lo aqui, ou lá está.’ Porque o reino dos céus está
dentro em vós” (Lucas 17:20, 21). Esse reino está dentro de nós; então temos que conhecê-lo uma vez que
ele faz parte de nós. É um exercício espiritual muito interessante e
proveitoso, procurar inteirar-se dessa
presença do Reino de Deus em nós, sentir sua presença e ação como uma quietude
e calma semelhantes a um passeio pela mata ou um pôr do sol junto ao mar.
Teremos que deixar de lado a preocupação com as azáfamas humanas e as audições
de alegrias fugazes para podermos ter audiência pura e interior conscientes apenas do aconchego com o querido “Papai do
céu”. Esse momento de silêncio é solene, é individual, é íntimo.
Na Oração do Senhor que o Mestre deu
ao mundo religioso ele empregou a expressão “Nosso Papai” que, estando em Seu
reino, está também em nós. Exercitemos essa Oração do Senhor com esse
sentimento. Sem palavras e em silêncio sintamos a Sua presença, ouçamos Sua voz, gozemos com Seu
Amor. E todo o problema humano que nos aflija será afastado dessa presença pura
e divina que passará a ocupar nosso interior estabelecendo o reino dos céus em
cada um de nós. Nesse estado de pureza e consciente santidade, o verdadeiro
reino dos céus já está presente em ti agora
. Mas atenção, nesse reino dos céus não se entra por laços de família ou de
denominação. Cada um por suas obras estabelece o reino da paz e do amor dentro
de si mesmo.
.o0o.
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