Qualidades visíveis refletidas de nosso Criador
Para quem mora na cidade, o
panorama que vi da janela do ônibus naquela noite fria foi algo diferente.
Viajava no inverno, há alguns anos, para outro Estado, durante a noite porque
era a única ligação disponível para o meu destino no sul do Brasil. Durmo pouco
em viagens, pois gosto de ver onde estou passando e me localizar
geograficamente. Mas naquela noite algo diferente me chamou a atenção, e não
foram as luzes de algum povoado ou casa perdida na vastidão da noite. Olhando
para fora via toda a paisagem desfilando ao lado do veículo. Não eram as luzes
dele que me abriam a paisagem, mas a luz do luar: uma noite azulada de lua
cheia! Divisavam-se nitidamente os animais no campo, as árvores, os capões de
matos, o perfil das colinas, e de vez em quando uma isolada luzinha na
campanha. A luz do luar era tão forte que as próprias estrelas se humilhavam e
escondiam diante de tanta beleza.
Normalmente é a luz do sol que
nos permite ver a paisagem e o panorama. O astro-rei tem luz própria para
iluminar o caminho. A luz da lua é uma luz emprestada. Nosso satélite brilha
por refletir a luz do sol, e essa condição lhe tira as características da luz
solar: calor, intensidade. Esse reflexo evidencia que o luar tem uma fonte de
luz muito forte, que lhe permite evidenciar o ambiente tal como o sol, mas em
menor intensidade.
Luz refletida! Esta composição de
palavras—luz e reflexo—me remete o pensamento a uma contemplação metafísica, ao
associar a luz com a Luz Divina e o reflexo com a nossa identidade de
filho—reflexo ou imagem―de Deus. O luar deriva sua característica da luz solar;
nós derivamos nossas qualidades de Deus como Seus reflexos. Podemos deduzir as
reais qualidades do homem criado por Deus das características de Deus: Deus
perfeito, homem perfeito; Deus inteligente, homem inteligente; Deus forte,
homem forte; Deus amoroso, homem amoroso; Deus Espírito, homem espiritual, e
assim por diante.
Assim como a luz do luar permite que
se veja a natureza, algo semelhante pode ser associado ao nosso reflexo da luz
divina. Através de nossas obras, nosso existir, podemos revelar algo da
natureza perfeita da criação divina. Os pensamentos que abrigamos na
consciência se expressam em atos e palavras, e eles revelam a natureza
benévola, inteligente, amorosa, desses pensamentos e qualidades que derivamos
de nosso reflexo de Deus. No evangelho de Mateus, Cristo Jesus ensinou seus
seguidores a serem “perfeitos, assim como
é perfeito vosso Pai, que está nos céus” (Mat.5: 48). Só somos perfeitos
como o Pai, se expressamos as mesmas qualidades do original de quem somos
reflexo. Assim, para entendermos perfeitamente quem e o que somos devemos
iniciar por compreender corretamente quem e o que Deus é. As Sagradas
Escrituras são nosso melhor livro de texto nesse afã.
No livro-texto da Ciência Cristã,
Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,
Mary Baker Eddy explica: “Para compreender a realidade e a ordem do
ego na sua Ciência, temos de começar por
considerar Deus como o Princípio divino de tudo o que realmente existe” (pg.275).
E em outra instância: “Deus perfeito e
homem perfeito” tem de ser “a base do pensamento e da demonstração”
(pg 259). Por isso é que quando nossa vida reflete a grandiosidade e perfeição
da criação divina, a humanidade pode ver esse fato extraordinário manifestado.
Que tipo de manifestações são essas? Harmonia, alegria, suprimento, saúde, isenção
de pecado, força, fraternidade, capacidade intelectual. Precisamos mais?
.o0o.
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