terça-feira, 20 de maio de 2014

Ao luar

Qualidades visíveis refletidas de nosso Criador

Para quem mora na cidade, o panorama que vi da janela do ônibus naquela noite fria foi algo diferente. Viajava no inverno, há alguns anos, para outro Estado, durante a noite porque era a única ligação disponível para o meu destino no sul do Brasil. Durmo pouco em viagens, pois gosto de ver onde estou passando e me localizar geograficamente. Mas naquela noite algo diferente me chamou a atenção, e não foram as luzes de algum povoado ou casa perdida na vastidão da noite. Olhando para fora via toda a paisagem desfilando ao lado do veículo. Não eram as luzes dele que me abriam a paisagem, mas a luz do luar: uma noite azulada de lua cheia! Divisavam-se nitidamente os animais no campo, as árvores, os capões de matos, o perfil das colinas, e de vez em quando uma isolada luzinha na campanha. A luz do luar era tão forte que as próprias estrelas se humilhavam e escondiam diante de tanta beleza.

Normalmente é a luz do sol que nos permite ver a paisagem e o panorama. O astro-rei tem luz própria para iluminar o caminho. A luz da lua é uma luz emprestada. Nosso satélite brilha por refletir a luz do sol, e essa condição lhe tira as características da luz solar: calor, intensidade. Esse reflexo evidencia que o luar tem uma fonte de luz muito forte, que lhe permite evidenciar o ambiente tal como o sol, mas em menor intensidade.

Luz refletida! Esta composição de palavras—luz e reflexo—me remete o pensamento a uma contemplação metafísica, ao associar a luz com a Luz Divina e o reflexo com a nossa identidade de filho—reflexo ou imagem―de Deus. O luar deriva sua característica da luz solar; nós derivamos nossas qualidades de Deus como Seus reflexos. Podemos deduzir as reais qualidades do homem criado por Deus das características de Deus: Deus perfeito, homem perfeito; Deus inteligente, homem inteligente; Deus forte, homem forte; Deus amoroso, homem amoroso; Deus Espírito, homem espiritual, e assim por diante.

Assim como a luz do luar permite que se veja a natureza, algo semelhante pode ser associado ao nosso reflexo da luz divina. Através de nossas obras, nosso existir, podemos revelar algo da natureza perfeita da criação divina. Os pensamentos que abrigamos na consciência se expressam em atos e palavras, e eles revelam a natureza benévola, inteligente, amorosa, desses pensamentos e qualidades que derivamos de nosso reflexo de Deus. No evangelho de Mateus, Cristo Jesus ensinou seus seguidores a serem “perfeitos, assim como é perfeito vosso Pai, que está nos céus” (Mat.5: 48). Só somos perfeitos como o Pai, se expressamos as mesmas qualidades do original de quem somos reflexo. Assim, para entendermos perfeitamente quem e o que somos devemos iniciar por compreender corretamente quem e o que Deus é. As Sagradas Escrituras são nosso melhor livro de texto nesse afã.

No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker  Eddy explica: “Para compreender a realidade e a ordem do ego  na sua Ciência, temos de começar por considerar Deus como o Princípio divino de tudo o que realmente existe” (pg.275). E em outra instância: “Deus perfeito e homem perfeito” tem de ser “a base do pensamento e da demonstração” (pg 259). Por isso é que quando nossa vida reflete a grandiosidade e perfeição da criação divina, a humanidade pode ver esse fato extraordinário manifestado. Que tipo de manifestações são essas?  Harmonia, alegria, suprimento, saúde, isenção de pecado, força, fraternidade, capacidade intelectual. Precisamos mais?


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