segunda-feira, 26 de maio de 2014

LUZ, SEM SOMBRA

Bom é tomar uma posição iluminada

Quando submetemos um objeto à exposição de uma fonte luminosa, veremos a sombra dele projetar-se em qualquer anteparo colocado atrás do mesmo.  A sombra é a área onde não há pontos de luz incidentes por causa da interposição do objeto.  Um olho humano colocado hipoteticamente no lugar da fonte luminosa não veria a sombra; é como se a luz não visse a sombra, ou dela não tomasse conhecimento.  Aliás, ela, de fato, não toma conhecimento de qualquer ponto de trevas ao seu redor: a fonte projeta luz, não trevas.

Também é conhecido o fenômeno da variação na aparência da sombra conforme a posição relativa entre a fonte e o objeto.   Podemos fazer a sombra quase desaparecer, se a fonte estiver verticalmente sobre  o objeto.   Há um modo de fazer desaparecer a sombra.  É rodear o objeto com fontes de luz de igual intensidade.  Então, em todas as direções há luz desfazendo sombras, e poderíamos, categoricamente, afirmar que tudo é luz.

Na Bíblia há muitas referências a luz e trevas ou sombras, como dois opostos; um representando o bem, a verdade, o divino, o espiritual, e o outro representando o mal, a dúvida, o erro, o material.  Relacionando essas referências bíblicas com o fenômeno físico da fonte luminosa e do objeto, pode-se fazer comparações metafísicas  e ilustrativas.

O ambiente de luz e sombras é semelhante às circunstâncias humanas que nos rodeiam, e o anteparo ou a tela onde se projeta a sombra é nossa experiência humana.  Quando olhamos o quadro humano e material,  ele parece cheio de coisas opostas, coisas boas e ruins, saúde e doença, honestidade e pecado, abundância e carência, e assim por diante, ambos os lados parecendo reais.  Dependendo de nosso posicionamento mental, veremos mais sombras do que luz; e se nos colocássemos diretamente na sombra, nem veríamos a luz  pois obstruída estaria pela materialidade do objeto.  Assim, quando nos colocamos no lado do erro, ou a favor do erro, do engano, da desonestidade, do crime, da droga, ficamos impedidos de perceber a presença da verdade, ou do oposto específico do mal que estamos vendo, sentindo ou presenciando.  Parecer-nos-ia como se tudo fosse material ou desarmonioso, e que os opostos do bem predominassem.

Se, pelo contrário, assumirmos o ponto-de-vista da luz, ou seja, procurarmos ver o quadro como Deus o vê, a sombra desaparecerá.  Ficará claro para nós que para a Verdade não há erro, para a Vida não há morte, assim como para o Amor  sempre presente não há medo nem ódio.  (Verdade, Vida, Amor foram grafados com maiúscula por serem nomes bíblicos  para Deus).  Nossa experiência retrata a posição mental que assumimos. Enquanto o erro, o material ou o imperfeito nos parecerem  reais, é sinal que precisamos mudar de base mental, ou ponto-de-vista.  Nesse sentido a Ciência Cristã é de grande ajuda, conforme afirma Mary Baker Eddy, sua Descobridora e Fundadora: “O efeito desta Ciência consiste em instigar a mente humana a uma mudança de base, sobre a qual possa ceder à harmonia da Mente divina” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 162).

Isso demonstra a importância de constantemente vigiarmos nossos pensamentos, e, tão logo identifiquemos uma posição mental errônea, saibamos sair dela.  Aliás, o Mestre Cristão  sempre alentou seus seguidores a vigiar e orar para estarem sempre alertas (lembram-se da parábola das 5 virgens néscias?).  Jesus Cristo foi o melhor exemplo de alguém com pensamento alerta e suas obras demonstram o que espera aqueles que O seguem.

O Mestre tinha uma visão metafísica dos fatos, contrariando as opiniões humanas.  Seu discernimento profundamente espiritual de que o “Pai” é maior do que tudo,  trazia tanta luz espiritual para a cena, que qualquer sombra do mal se desvanecia, não importando as aparências, quer fossem de um doente incurável, de um corpo inerte ou de uma tempestade ameaçadora.  Todas essas aparências não o demoviam de sua posição mental de ficar ao lado da luz. E, como sabia que o bem está sempre presente em todo o lugar, ele demonstrou a nulidade do mal, projetando a luz divina onipresente sobre as circunstâncias.  Tal qual a luz ao redor do objeto anula as sombras.

Quando no Sermão do Monte Jesus alertou que “se teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz” (Mateus 6:22), chamava a atenção para que nosso pensamento fosse “bom”, ou iluminado, inspirado, divino, ensejando com isso cercar nosso corpo, ou experiência humana, da luz divina que, por ser onipresente, anula as sombras do erro.  Então tudo é LUZ, sem sombras.


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terça-feira, 20 de maio de 2014

A benfazeja árvore

Sou um apaixonado das árvores.  Elas oferecem tanta coisa boa para a humanidade; é só pensar nos frutos, na madeira, nas flores, nas sementes, na sombra, na proteção da terra, no armazenamento de águas.  Se os homens compreendessem melhor esses seres vegetais, ou por outra, se tivessem uma ótica diferente sobre as árvores do que meros objetos de lucro, muito poderiam aprender com elas.  A presença das árvores na natureza é crucial para a própria existência e sobrevivência da raça humana sobre a Terra.  Se não houvesse árvores nas suas miríades de espécies e tamanhos, não teríamos rios perenes nem frescor de matas.  Haveria apenas um enorme deserto, calor e pó.

A presença de árvores e o bem que fazem ao ambiente ao seu redor, pode ser um exemplo de vida para nós.  Nossa presença individual em nosso círculo de relações deve ser como a duma árvore, oferecendo nossas qualidades e aptidões para benefício de nossos semelhantes, seja na beleza do caráter, numa postura estável, na constância de nossa sinceridade, nos recursos de nosso trabalho, na pontualidade de nossos frutos, na amenidade de nossos relacionamentos, na sabedoria de nossos preceitos, na proteção e apoio diante de adversidade.  Sem falar nas lições morais que as árvores nos brindam; é por demais conhecida  o dizer do filósofo: “Seja como o sândalo, que perfuma o machado que o fere!”  Teríamos a mesma coragem moral?

Cristo Jesus, o Mestre Cristão, ensinou algo parecido ao recomendar no seu Sermão da Montanha (Mateus 5:39): “Não resistais ao perverso: mas qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.”  Teríamos tanto coragem cristã?  Parece que as árvores têm um belo caráter cristão!

Esses seres vegetais merecem todo nosso amor e proteção.  Antes de derrubar uma árvore devemos examinar bem nossos motivos para tal ato, e se não há solução alternativa.  Em Porto Alegre, há alguns anos, um homem derrubou uma grande árvore porque nela os pássaros se abrigavam à noite e pela manhã irrompiam na sua alegre algazarra de boas-vindas ao novo dia.  Aquele cidadão (se é que se pode chama-lo assim) não entendia nada de natureza.  Olhava para dentro de si mesmo e, talvez por não ver algo de valor, desprezava a natureza ao seu redor.  O homem que tem dentro de si  riquezas morais e valores espirituais sabe respeitar a natureza, começando pelo amor às árvores.

Dedico aos amigos este poema que encontrei afixado num outdoor da SOGIPA, em Porto Alegre:

 PRECE  DA  ÁRVORE


Tu que passas
         e levantas contra mim teu braço;
antes de fazer-me mal,
olha-me bem.
Sou a sombra amiga que
         te protege contra o sol.
Meus frutos saciam tua fome
          e acalmam tua sede.
Sou a viga que suporta o teto de tua casa,
as tábuas de tua mesa,
a cama em que descansas.
Sou o cabo de tuas ferramentas,
          a porta de tua casa.
Quando nasces
tenho madeira para teu berço.
Quando morres, em forma de ataúde,
ainda te acompanho ao seio  da terra.
Se me amas como mereço . . .
Defende-me contra os insensatos.
  

                                                (autor desconhecido)
                                                           .oOo.

Ao luar

Qualidades visíveis refletidas de nosso Criador

Para quem mora na cidade, o panorama que vi da janela do ônibus naquela noite fria foi algo diferente. Viajava no inverno, há alguns anos, para outro Estado, durante a noite porque era a única ligação disponível para o meu destino no sul do Brasil. Durmo pouco em viagens, pois gosto de ver onde estou passando e me localizar geograficamente. Mas naquela noite algo diferente me chamou a atenção, e não foram as luzes de algum povoado ou casa perdida na vastidão da noite. Olhando para fora via toda a paisagem desfilando ao lado do veículo. Não eram as luzes dele que me abriam a paisagem, mas a luz do luar: uma noite azulada de lua cheia! Divisavam-se nitidamente os animais no campo, as árvores, os capões de matos, o perfil das colinas, e de vez em quando uma isolada luzinha na campanha. A luz do luar era tão forte que as próprias estrelas se humilhavam e escondiam diante de tanta beleza.

Normalmente é a luz do sol que nos permite ver a paisagem e o panorama. O astro-rei tem luz própria para iluminar o caminho. A luz da lua é uma luz emprestada. Nosso satélite brilha por refletir a luz do sol, e essa condição lhe tira as características da luz solar: calor, intensidade. Esse reflexo evidencia que o luar tem uma fonte de luz muito forte, que lhe permite evidenciar o ambiente tal como o sol, mas em menor intensidade.

Luz refletida! Esta composição de palavras—luz e reflexo—me remete o pensamento a uma contemplação metafísica, ao associar a luz com a Luz Divina e o reflexo com a nossa identidade de filho—reflexo ou imagem―de Deus. O luar deriva sua característica da luz solar; nós derivamos nossas qualidades de Deus como Seus reflexos. Podemos deduzir as reais qualidades do homem criado por Deus das características de Deus: Deus perfeito, homem perfeito; Deus inteligente, homem inteligente; Deus forte, homem forte; Deus amoroso, homem amoroso; Deus Espírito, homem espiritual, e assim por diante.

Assim como a luz do luar permite que se veja a natureza, algo semelhante pode ser associado ao nosso reflexo da luz divina. Através de nossas obras, nosso existir, podemos revelar algo da natureza perfeita da criação divina. Os pensamentos que abrigamos na consciência se expressam em atos e palavras, e eles revelam a natureza benévola, inteligente, amorosa, desses pensamentos e qualidades que derivamos de nosso reflexo de Deus. No evangelho de Mateus, Cristo Jesus ensinou seus seguidores a serem “perfeitos, assim como é perfeito vosso Pai, que está nos céus” (Mat.5: 48). Só somos perfeitos como o Pai, se expressamos as mesmas qualidades do original de quem somos reflexo. Assim, para entendermos perfeitamente quem e o que somos devemos iniciar por compreender corretamente quem e o que Deus é. As Sagradas Escrituras são nosso melhor livro de texto nesse afã.

No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker  Eddy explica: “Para compreender a realidade e a ordem do ego  na sua Ciência, temos de começar por considerar Deus como o Princípio divino de tudo o que realmente existe” (pg.275). E em outra instância: “Deus perfeito e homem perfeito” tem de ser “a base do pensamento e da demonstração” (pg 259). Por isso é que quando nossa vida reflete a grandiosidade e perfeição da criação divina, a humanidade pode ver esse fato extraordinário manifestado. Que tipo de manifestações são essas?  Harmonia, alegria, suprimento, saúde, isenção de pecado, força, fraternidade, capacidade intelectual. Precisamos mais?


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Observações sobre relatos de acontecimentos hodiernos

Recentemente têm sido lançado nas redes sociais informes de cientistas e curiosos sobre “fatos” referentes a ETs, UFOs, origens do homem na Terra, HAARP, a Terra é oca, etc, etc. Alguns desses assuntos rebatem ostensivamente o que temos aprendido na Bíblia.  Em pouco tempo isto será de domínio público geral, o que provocará um sério problema para as igrejas cristãs que tem na Bíblia sua base de fé e vida. As denominações cristãs que continuarem a insistir na visão literal das Sagradas Escrituras, perderão para as ciências humanas a corrida pelo reconhecimento do que é verdadeiro.

A Ciência Cristã se baseia no entendimento espiritual dos fatos bíblicos, mas mesmo esse entendimento espiritual corre o risco de ser obrigado a reciclar-se por se basear em relatos a respeito dos quais a Bíblia (no futuro) não mais terá credibilidade. Ex: dilúvio, Jonas, Adão e Eva, Caim e Abel, Sodoma e Gomorra, Moisés e êxodo do Egito, Apocalipse, Jesus Cristo, ressurreição, curas. O ponto mais crucial, no meu entender, é a questão da origem dos humanos como descendentes de ETs há milênios antes de Adão e Eva segundo afirmações dos cientistas modernos. 

A Bíblia poderia vir a ser um livro considerado irrealista, pondo em cheque a fé religiosa tanto do Cristianismo como de outras religiões que aceitam o Antigo Testamento. Mais cedo ou mais tarde as organizações eclesiásticas terão de vir a público confessar sua posição de continuar ou não crendo nos relatos bíblicos.

Por exemplo: Genesis, cap. 1, expõe a criação espiritual do universo e do homem como imagem e semelhança do Criador. E se ficar provado que os ETs criaram o homem humano por transmutação genética, o relato bíblico poderia ficar em “maus lençóis”. Até mesmo nosso entendimento do ser espiritual do homem. Quem iríamos aceitar como originador de nossa existência?  O Deus –Espírito? A figura humana como hoje se vê tem alguma ligação com a ideia concebida na Mente divina? E as figuras antropomórficas de ETs  gozariam,  em nosso conceito,  da condição de ideias do Criador Supremo? Com que Pai deveríamos sentir-nos unidos em essência (Eu e o Pai somos um)?


 O entendimento das verdades espirituais da Bíblia é a única coisa que sobrará da fé cristã nas próximas décadas e, nesse ponto, um cristianismo científico como expressão da Ciência Divina será o único aceitável pela raça humana. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O “agora” ou Não tenho tempo!

“O passado é história.
O futuro é mistério.
O agora é premio, por isso o chamamos presente”.

A questão do tempo acompanha a humanidade desde sempre. Diariamente nos vemos premidos pela contagem das horas, ou por serem escassas ou por demorarem a passar. Conforme as circunstâncias em que nos encontremos, o tempo parece jogar contra nós, outras vezes jogamos com o tempo para encontrar soluções difíceis. Não raro a gente se pergunta em que tempo se vive. Vivemos no presente, ou no passado, ou no futuro? Existo agora! Vivo agora! Ontem vivi, amanhã viverei! Até com este jogo de palavras podemos ver que existimos no presente. O passado revela o que fomos humanamente: as atitudes que tomamos, os passos que demos, as decisões tomadas, as experiências vividas. O futuro está por revelar quem seremos: as atitudes que tomaremos, os passos que daremos, as decisões a serem tomadas, as experiências que nos aguardam.

O fato de que vivemos no presente nos desafia a dedicar nossos melhores esforços ao que fazemos agora. Não devemos ficar a lamentar o bem que deixamos de fazer ontem; se hoje fazemos o que é correto e justo, não nos lamentaremos amanhã. Atos de solidariedade, amor, desprendimento, iniciativas de defesa ambiental ou direitos humanos, trabalho voluntário com jovens ou idosos, são coisas de que nunca nos arrependeremos; elas, por sua vez, enriquecem espiritualmente nossa experiência terrestre, atual e futuramente. E há tanta coisa boa que podemos fazer agora!

Os Cristãos têm um incentivo especial para captar uma outra perspectiva do conceito do tempo presente, pois o Mestre do Cristianismo prático e demonstrável trouxe à luz com muito vigor o que é uma vivência guiada constantemente pelo conceito de que a Vida é agora, isenta de tempo. Sua declaração aos fariseus de que “antes que Abraão existisse, EU SOU” (ver João 8: 58) deixou-os de cabelo em pé, pois o patriarca havia existido quase dois mil anos antes. “Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão?” Os contemporâneos de Jesus não podiam entendê-lo, a pesar da veracidade metafísica da afirmação. Eles, como nós até hoje, avaliavam o tempo pelos anos solares. Jesus, por outro lado, tinha uma visão (que podíamos dizer) “eterna” da Vida. A diferença conceitual tornou-se um mal-entendido que levou os líderes religiosos da época a considerar Jesus com blasfemo por ter-se feito igual a Deus. Que pena para eles não perceberem a veracidade das afirmações de Cristo Jesus!

O Mestre não inventou essa história de afirmar “Eu sou”. Um capítulo importante da história do povo israelense foi o êxodo do cativeiro egípcio. Pois esse capítulo começou com a revelação divina a Moisés numa sarça ardente ao ser encarregado de levar o povo para a terra deles. “EU SOU me enviou a vós outros...” foi o recado que levou aos filhos de Israel (Êxodo 3: 14). Naquele momento Moisés percebeu a natureza eterna do Deus vivo que os ancestrais haviam adorado. Não mais um Deus do passado ou do futuro, mas do “Agora”. “Eu sou”, nada mais nem menos! Essa idéia ele devia levar ao povo, e ele o fez fielmente, demonstrando o poder que acompanhava o pensamento enaltecido: abrir o mar, fender a rocha para jorrar água, curar a irmã leprosa. Ele sabia que o Deus todo-poderoso estava sempre--a todo o momento--com ele, e isso ele vivenciou ao longo de sua carreira de Líder do povo hebreu.

Cristo Jesus trouxe para seu ministério essa idéia de atualidade da Divindade e suas manifestações. No episódio da ressurreição de seu amigo Lázaro (ver João 11), Jesus teve um diálogo com Marta, a irmã de Lázaro que veio ao encontro do Mestre quando este se aproximava da casa. Jesus estava tentando passar a mensagem de que viera para ressuscitar Lázaro. “Eu sei”, disse Marta, “que ele há de ressurgir ... no último dia”, vale dizer, um dia, sabe lá quando, tudo incerto. Jesus não era de aceitar postergações. Sabia o que o poder da Vida podia realizar, e isso era atual. “Eu sou a ressurreição”—atual, no tempo presente. É como se dissesse que o “EU SOU [Deus] é a ressurreição”, a Vida atual, agora, sem demoras, não no futuro incerto.

O apóstolo Paulo captou essa atualidade do poder divino e escreveu aos Coríntios: “Eis, agora, o dia sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2 Cor. 6:2). Podemos grifar a palavra agora para realçar o tema em discussão e que era o que Paulo tinha em mente. Mary Baker Eddy escreveu no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras*, referindo-se ao trecho mencionado: “ ‘Eis, agora, o dia da salvação’—querendo dizer, não que agora os homens têm de preparar-se para a salvação, ou a segurança, num mundo futuro, mas que agora é o tempo de experimentarem essa salvação em espírito e em vida” (p. 39).

O bem, agora; depois também. Se pensarmos que o agora é eterno, sem dimensão temporal, podemos concluir que o agora é a manifestação da eternidade. O “agora” que existiu há dois mil anos também era eterno. O confronto tempo x eternidade passa-se em nossa consciência. Na verdade, o tempo não faz parte da eternidade. Normalmente julga-se eternidade o que irá existir sempre, algo a se passar no futuro incerto. Enquanto o tempo parece um conceito mais real por que pode ser medido de minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, ou ser contado em tantos anos, séculos ou milênios. Quando Jesus falou da vida eterna, ele usou o verbo no tempo presente. “A vida eterna é esta...” (João 17:3) disse, deixando claro que não se referia à vida após a morte.

Para ajudar-nos a compreender esse conceito metafísico podemos recorrer à definição de Dia, que aparece no Glossário de Ciência e Saúde: “DIA. A irradiação da Vida; luz, a idéia espiritual da Verdade e do Amor. ‘Houve tarde e manhã, o primeiro dia.’ (Gênesis 1:5.) Os objetos do tempo e dos sentidos desaparecem na iluminação da compreensão espiritual, e a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra. Esse desdobramento é o dia de Deus...” (p. 584). Se em nosso dia-a-dia nos esforçamos por favorecer o “desdobramento do bem”, com toda certeza estaremos ocupando nosso tempo da melhor forma possível e produzindo eficientemente resultados harmoniosos. Viveremos felizes com o que fazemos, e não nos sentiremos acossados pelas horas ou afazeres. “Não tenho tempo!” É uma afirmação comum quando a gente não se dispõe a fazer uma certa tarefa (denotando falta de amor), ou quando nossa agenda está sobrecarregada. No entanto, sob a luz da eternidade, de fato ninguém tem tempo. Ou, dito de outro modo, ninguém é subjugado pelo tempo; todos somos isentos do passar do tempo.

Há alguns anos passei por uma experiência que me deixou muito grato, por causa do desdobramento geral do caso. Eu trabalhava numa firma de projetos no sul do Brasil e, como coordenador de um projeto, precisei ir ao Rio de Janeiro para a entrega de uma fase do trabalho. Na véspera do dia da viagem, ainda faltavam alguns detalhes de finalização do relatório, os quais seriam terminados até a manhã seguinte para que eu buscasse todo o material e fosse ao aeroporto. De manhã, ao chegar no escritório qual não foi minha surpresa ao ver que o trabalho ainda não estava concluído. Esperei pacientemente pela datilografia, cópias e montagem final. Tudo me foi entregue quando faltavam menos de 60 minutos para partida do vôo, mas eu ainda tinha que passar em casa e apanhar meus pertences, que não estavam arrumados pois julgara, antes de sair, que sobraria tempo para isso. A essa altura eu já estava orando, pois o nervosismo queria tomar conta de mim. “Como é que vai ficar, se eu não pegar o avião para chegar a tempo na hora marcada?” perguntava. Eu já tinha percebido que isso não iria ajudar em nada. Minha oração voltou-se para Deus, a Mente divina, para encontrar a paz e ter a tranqüilidade para fazer o ainda precisava ser feito. O tempo parecia curto demais para chegar a tempo. A inspiração que me veio foi que eu não precisava de tempo, pois tinha a eternidade ao meu dispor. A princípio o argumento pareceu contraditório, mas depois me ficou claro que na eternidade operava a Mente divina, cujo controle era total e sempre satisfatório. Confiei inteiramente em Deus, e deixei de lado a preocupação com o desfecho.

O táxi encontrou caminho livre até o aeroporto, o check-in foi imediato e lá estava eu pronto para o embarque. Mas as bênçãos não pararam por aí. Todos meus compromissos em vários setores do órgão público se desenrolaram de modo tão maravilhoso que não tive nenhuma perda de tempo. E assim, no mesmo dia eu já tomava o avião de retorno contrariando a expectativa. Para mim foi uma experiência gratificante pelo resultado e marcante pelo aprendizado. Eu não digo mais que não tenho tempo quando a agenda aperta; digo-o, antes, com a convicção de ter a eternidade ao meu lado.

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sábado, 3 de maio de 2014

Mãe, descubra sua fonte

            Ser mãe tem um significado mais espiritual do que material

            Na época em que se fala tanto em “mães”, vale a pena ponderar de onde as mulheres obtêm tantas qualidades dignas e fortalecedoras: a coragem, a persistência, a expectativa do bem, a dedicação e a fidelidade.  A fonte dessas qualidades deve ser muito pura e abundante para poder espalhar-se por todo o mundo e abranger toda a humanidade.

            À pergunta: “Que fonte é essa?” respondo que é Deus.  Um pensamento crítico contra-argumentaria que Deus, sendo Pai, é a fonte de qualidades masculinas.  Num recente programa de TV, perguntou-se aos entrevistados se acreditavam que Deus era “mulher”.  As respostas refletiram o embaraço provocado por uma pergunta tão mal colocada.

            Podemos tomar a Bíblia para ajudar-nos a elucidar o enigma.  O relato da criação no primeiro capítulo do Gênesis diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem; . . .homem e mulher os criou” (Gên. 1:27).  Cristo Jesus  reforçou o conceito de Deus como Pai.  No seu tempo, a sociedade não concedia à mulher qualquer importância social, que ela certamente merecia e ainda merece..

            Por outro lado, pela boca do profeta Isaías, foi proclamado ao povo: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei” (Isaías 66:13).  Aqui o amor de Deus é assemelhado nitidamente ao amor materno.

            Diante de tão maravilhosa revelação, será possível furtar-se de acreditar que homens e mulheres recebam de Deus, o Criador único e supremo, suas características essenciais?!  A inteligência, a força, a perspicácia e a decisão são qualidades atribuídas à masculinidade, enquanto a ternura, a calma, a paciência e o amor referem-se, claramente, à feminilidade.  Contudo, essas qualidades não são exclusivas nem de um nem de outro gênero humano, como a vida moderna tão bem exemplifica quando mulheres vão trabalhar fora e os homens cuidam da casa e família.

            Sendo Deus a fonte das qualidades tidas como masculinas -e por isso O chamamos  de PAI - Ele o é também das qualidades ditas femininas -e por isso podemos chamá-lO de MÃE .  Hoje, ao ver a mulher reconhecida pela sociedade em geral, tal conceito de Deus não mais causa estranheza.

            Mary Baker Eddy, a iniciadora do movimento da Ciência Cristã, já disse em 1900: “Aplicados à Divindade, os termos Pai e Mãe são sinônimos; significam um só Deus” (Message to The Mother Church for 1900, p.5).

            No Dia das Mães esperamos que cada mãe e cada pai se sintam fortalecidos a buscar na fonte Pai-Mãe-Deus, as qualidades e as bênçãos que os orientarão no cuidado de sua família.


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