segunda-feira, 16 de junho de 2014

Enfim, uma idéia sobre o homem

Na idéia concebida na Mente divina, estão presentes todas as qualidades pensadas pelo Criador divino para o seu filho e ou Sua filha

Há algum tempo ouvi, durante uma cerimônia de sepultamento, o Pastor da igreja evangélica luterana dizer que o “homem começa como idéia de Deus”.

Como gosto desse tema, pus-me a aprofundar o exame dessas palavras, para entender melhor seu significado que eu sabia ter elevado valor espiritual. “O homem uma idéia de Deus!” Que entendimento lógico poder-se-ia desdobrar a partir dessa premissa? Como Cristãos podemos buscar nas Sagradas Escrituras os subsídios metafísicos balizadores de um raciocínio lógico e metafísico, de base cristã.

Para que haja uma idéia, tem de haver primeiro uma mente, e neste caso em foco a Mente é divina (por isso grafei com letra maiúscula). Idéias são o produto da mente e se a Mente é a divina, suas idéias o que são? Esse é um conceito interessante, falando-se de um atributo de Deus, que goza juntamente com outros de infinidade, todo-poder, eternidade, onisciência, próprios da infinita natureza divina. A Mente de Deus é onisciente, por isso sabe tudo, nada ultrapassa ao seu entendimento, nada escapa de sua memória. Ela pode ter infinitos pensamentos, não há limites para ela. Como Deus é bom, Sua Mente é boa e Suas idéias  são boas. É inconcebível que uma Mente boa possa ter pensamentos maus ou imperfeitos. É inaceitável que uma Mente sã possa ter pensamentos doentios. Impossível que uma Mente amorosa tenha pensamentos rancorosos. Mente e idéia gozam de afinidades. A Mente—causa―gera idéias semelhantes—efeitos. Assim, para entender a idéia, deve-se começar por entender a Mente que a concebeu, pois Mente e idéia são um.

É bom saber que a Mente divina, e também a humana, não tem forma como um objeto material. Sua forma é antes um modo de agir mental. Os pensamentos dessa mente têm a forma da ação dessa mente, a direção de seus interesses, a consecução de seus ideais. O homem como idéia de Deus, é um ser sem forma física. Não podemos olhar para um corpo e dizer que seja a idéia de Deus. Uma idéia de Deus não tem forma. Esta forma visível, quando muito, representa a idéia e demonstra as qualidades e funções idealizadas para aquele ser. Na idéia concebida na Mente divina, estão presentes todas as qualidades pensadas pelo Pai-Mãe divino para o seu filho, ou Sua filha. Cada idéia tem suas qualidades, o que torna o homem uma individualidade. O conjunto infinito de individualidades constitui a identidade de todas elas. Muitas individualidades, mas uma só identidade: a de filhos de Deus.

Essa característica de isenção de forma sugere-me que nem a mente humana nem a Mente divina podem estar contidas em algum espaço limitado. Em relação à Mente divina é fácil compreender tal disposição, pois ela é infinita; mas em relação à mente humana esse fato só é compreendido a partir da conclusão de que o homem idéia de Deus não tem forma física. Então, sua mente não pode estar confinada em uma forma óssea. Vale dizer, a mente não está na matéria. A mente pensa, mas não dentro do cérebro.

Essa questão de que uma forma não possa conter a mente, não é difícil de compreender, desde que entendamos que a Mente é Espírito e que este é infinito. Diria alguém que o maior possa estar no menor, ou que o infinito entre no finito? O Espírito não está na matéria. A Mente não entra na finidade do físico. A atividade da Mente, independe do cérebro. As qualidades espirituais manifestam a Mente que é Espírito, em quem o homem-idéia existe como individualidade espiritual, que é a realidade de nossa existência.

A colocação de que o homem é uma idéia de Deus deixa claro, imediatamente, o fato de que o homem é uma criação da Mente. Essa criação é descrita no livro de Gênesis como ocorrendo em tantas etapas ou dias, que são revelações das idéias que a Mente concebeu, todas reconhecidas como boas: “Viu Deus que isso era bom” (Gen. 1). A Mente estava satisfeita com sua obra ideal, ou seja, com suas idéias. O mesmo acontece com os humanos. Se uma cozinheira vai fazer um bolo, um marceneiro uma mesa, tem que primeiro idealizar sua obra, e quando estiver satisfeito com sua idealização, age para que o objeto apareça e se pareça com a idéia mantida na mente. Assim, a forma visível representa a idéia e expõe suas funções e qualidades, as quais já estavam originalmente presentes na idéia. Se a idéia concebida não contiver as qualidades, estas não podem ser incluídas no objeto.  Proponho aqui um dilema ao querido leitor; o que é mais importante: a idéia ou o objeto?

Outro fato importante a respeito do conceito de Deus como Mente, é que há um só Deus e por isso uma só Mente. Não muitos deuses nem muitas mentes. Havendo só uma Mente, as idéias por ela concebidas—os filhos e as filhas de Deus—gozam de qualidades semelhantes por serem oriundas da mesma e única fonte.  Quando o Criador disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, expressou Seu desejo que Sua criação partilhasse dos atributos divinos. Qual homem assume esse papel de semelhante a Deus: o corporal ou o ideal (idéia)? “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou... Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gen. 1:27, 31).

 É bom e importante para a humanidade que Deus tenha criado homens e mulheres à semelhança dEle. Isso iguala os sexos desde sua origem e acaba com a descabida dissensão que a humanidade há tempos estipula. Sendo o homem e a mulher oriundos da mesma fonte, gozam das mesmas qualidades intrínsecas ou espirituais. Visualmente são diferentes. Sim, pois cada idéia tem sua individualidade garantida na Mente criadora. Nenhuma razão, pois, para o gênero humano tentar desfazer essa igualdade original. No dizer popular: “Somos vinho da mesma pipa”. Somos filhos do mesmo Pai-Mãe.

Dou razão àquele Pastor: o homem é uma idéia de Deus! Essa verdade me diz que, por ser idéia, o homem não é corporal nem mortal. Para ser a imagem e semelhança de Deus, Espírito, o homem não pode ser material. Por refletir a Vida, Deus, o homem-idéia é imortal. O verdadeiro ser do homem é espiritual. Para vê-lo temos que elevar nosso olhar, como Jesus quando ressuscitou Lázaro, vale dizer, desviar o olhar da materialidade para a espiritualidade. O saber humano que não segue essa regra, ainda está apegado ao reino material, onde tudo o que vê é aceito como real. Por isso a razão baseada na compreensão espiritual estabelece uma diferenciação mental entre o físico e o espiritual.

O raciocínio que toma como premissa a realidade do Espírito infinito, da Mente divina, do Amor eterno, reconhece e aceita o homem ideal como verdadeiro. Essa era com certeza a posição mental do Mestre Cristão quando disse para sermos “perfeitos como perfeito é o [nosso] Pai celestial” (Mat. 5:48). É possível essa coincidência segundo a materialidade? Nunca. Ela só é possível segundo a espiritualidade. Essa lógica metafísica me convence. E com isso vou  vivendo a plenitude do bem e da graça divina, emulando as obras e o preceito de Cristo Jesus: ”Aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço” (João 14:12).

Lendo o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, grande mestra de metafísica dos tempos modernos, encontrei a seguinte resposta à pergunta “O que é o homem?”: “O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos e de outros elementos materiais. As Escrituras nos informam que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus. A matéria não é essa semelhança... O homem é idéia, a imagem, do Amor; não é físico. Ele é a idéia composta que expressa Deus e inclui todas as idéias corretas” (p. 475).*                                                                      

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