O indivíduo
precisa juntar todos seus recursos morais e espirituais para encetar um novo
começo.
A pomba rola havia escolhido o galho de uma
palmeira para estabelecer seu ninho e procriar sua família. Mas o galho
encurvado não parecia a mim uma boa escolha. A folha ficava bem em frente à
minha janela do apartamento. Quando ela já estava com 2 ovinhos no ninho e
prudentemente os chocava, veio uma chuva acompanhada de vento muito forte que
empurrava as folhas da palmeira como se quisesse arrancá-las. Foi no começo da
noite, e a pombinha não teve outra alternativa senão buscar abrigo seguro.
Na manhã seguinte vi a infeliz (sob minha
ótica) dona do ninho examinar o lugar onde o mesmo estivera antes de começar o
vento. Fiquei observando a reação do animalzinho. Ela voou, e não tardou a
voltar com um raminho no bico disposta a reconstruir seu “lar”. Examinou
detidamente o local anterior, tentou ajeitar o raminho, mas não gostou. Então
pulou para outro ramo e lá lançou seu ninho. Trabalhou o dia todo. À noitinha
já estava quase pronto. Essa espécie de ave se contenta com meia dúzia de
gravetinhos. No dia seguinte estava sentada no novo ninho demonstrando plena
confiança de recompor seu lar.
Repensando o acontecido veio-me o
pensamento de que é da natureza dos seres vivos sentir-se encorajados a
recomeçar a reconstrução de um lar desfeito ou de uma casa destruída por
elementos da natureza. Em meu Estado no Sul do Brasil houve inumeráveis
exemplos desse ânimo construtivo após os vendavais que se abateram em algumas
partes do Estado, durante a primavera recente. Noticiários televisivos não se
cansavam de mostrar cenas de destruição, de enchentes, de desmoronamentos, de
árvores tombadas, casas destelhadas, e assim por diante. Também eram noticiados
eventos de solidariedade na ajuda de vizinhos entre si e de agricultores
arregaçando as mangas para replantar ou repor as plantas perdidas.
E ainda há outros tipos de vendavais ou
elementos que varrem a experiência humana. As crises econômicas, a desagregação
social, o antagonismo étnico, os desencontros religiosos, as ameaças climáticas
globais, o avanço do consumo da droga, instabilidade econômica e de emprego,
dificuldade de adquirir uma casa, e tantos outros exemplos que se poderiam
citar. Como reagem as pessoas às ameaças como as citadas? Também aqui o ânimo
daquela avezinha serve de exemplo. É conhecido o dizer de um sábio: “Se perdeste dinheiro, não perdeste nada; se
a honra, perdeste muito; se a coragem, perdeste tudo.” De fato, é preciso
muita coragem para reiniciar o que havíamos construído.
“Pode ser muito difícil”, diria alguém.
Pode. Isso quer dizer que não vale a pena encarar o desafio? posto o desânimo é
o maior inimigo do homem nesse momento importante em sua vida. Se não tiver
fortaleza própria, pode recorrer a recursos fora do seu e amigos, entidades assistenciais, igreja, e assim por
diante. Para sair de uma pior, terá de usar muita sabedoria, coragem moral, e
outras virtudes que possam instrumentalizar sua ação.
Aliás, usar a sabedoria é o que desde o
inicio deveria ter sido feito. Minha amiga pombinha não foi esperta ao escolher
um lugar tão impróprio para um ninho. Não é isso o que às vezes vemos acontecer
com os seres humanos? Constroem suas casas em locais impróprios e sujeitos aos
elementos da natureza. Na Bíblia, no Sermão do Monte, o Mestre Jesus nos recomenda a não
construirmos sobre a areia; isto vale para o fundamento dos afetos também. Não
raro vê-se relações humanas edificadas sobre terreno instável e que não
resistem às lufadas dos ventos de discórdia. Até a realização profissional, se
for edificada sobre fundamentos inadequados, não se confirmará.
Em todas suas ações, o homem deseja uma
justa recompensa aos seus melhores esforços. O mais sólido alicerce para uma
realização efetiva é composto de sabedoria, humildade, respeito, confiança numa
inteligência superior, entre outros elementos. Onde encontramos tais compostos?
Onde é seu reservatório? Se olharmos para dentro de nosso eu humano, veremos uma
provisão muito minguada, se não inexistente. Temos que olhar para fora e acima
de nosso ego. Teremos, então,
oportunidade de ver a fonte das qualidades básicas para uma feliz
vivência humana. Nossos olhos não podem divisar a fonte de onde emanam todas as
qualidades que precisamos, mas nosso pensamento alcança as alturas onde tais
qualidades se encontram, e as traz para nossa vivência. O elo para esta
conquista é a oração.
A fonte suprema das qualidades que
precisamos para edificar a obra de nossa vida é Deus, a suprema inteligência
que criou e governa o universo, inclusive o homem. As Sagradas Escrituras
recomendam sabiamente: “Entrega teu
caminho ao Senhor; confia nEle...” (Salmo 37:5). Não faça planos baseado
apenas nas aptidões humanas! Edifique sua vida sobre fundamentos sólidos–as
qualidades divinas. Não construa sobre a areia instável do saber humano (ver
Mat. 7). Cave—aprofunde sua busca até encontrar solidez da rocha sobre a qual
construir. Assim você conseguirá conquistar a almejada estabilidade—um viver
feliz como resultado de edificar com sabedoria e inteligência de origem divina!
Uma notável pensadora do séc. XIX, Mary
Baker Eddy*, fundadora do jornal The
Christian Science Monitor , afirmou que: “O progresso nasce da experiência. É a maturação do homem mortal, pela
qual este abandona aquilo que é mortal em troca aquilo que é imortal” (CeS**, p.296). O que o homem vivencia é o
que seu pensamento evidencia. Por isso
a troca dos elementos que não produzem harmonia nem progresso é vital para o gozo de felicidade, palavra que aqui resume
a experiência humana harmoniosa, estável, dotada de saúde e paz―experiências de
vidas re-erguidas pela reconstrução sobre o fundamento sólido da rocha eterna
do Cristo.
.o0o.
*Descobridora e
Fundadora da Christian Science, nome que ela
deu a sua descoberta, traduzida ao português como Ciência Cristã.
**Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
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