domingo, 22 de dezembro de 2013

O “PAI NOSSO” -- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES



INTRODUÇÃO

No mundo cristão é muito conhecida e repetida a oração-chave dos ensinamentos de Cristo Jesus. A Oração do Senhor, como é conhecida, está inserida no Sermão do Monte, a resenha do ministério do Mestre Cristão que aparece no Evangelho de Mateus, capítulos 5 a 7.
De muitas maneiras é usada a Oração do Senhor pelos adeptos dessa religião: em silenciosa reverência ou em voz audível, compreensivamente ou superficialmente.  Como toda palavra do Mestre, nela encontramos alimento para raciocínio metafísico e subsídio para entendimento esclarecedor.  Ela é à prova do tempo, é sempre atual, eficaz, adequada ao atendimento das necessidades humanas.  Pode ser empregada tanto no auge de uma batalha como no sacrossanto recôndito do pensamento; tanto em meio ao torvelinho da cidade como na paz de uma igreja. 

Com certeza o leitor terá lembranças do efeito sanador e benéfico da Oração do Senhor, ou lembrar-se-á de instâncias em que o uso dessa Oração não surtiu efeito algum.  Nestes casos a culpa não é da oração, mas dos fins e meios de emprego da mesma.  “Pedis e não recebeis, é porque pedis mal” (Tiago 4:3) diz a Bíblia.  A oração sincera a Deus nunca nos volta vazia.  “A oração que reforma o pecador e cura o doente, é uma fé absoluta em que tudo é possível a Deus – uma compreensão espiritual acerca dEle, um amor abnegado”, é a afirmação de abertura do capítulo A ORAÇÃO do livro  Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escrito por Mary Baker Eddy (em 1875), a descobridora e fundadora da Christian Science , ou Ciência Cristã, que expõe modernamente o método de cura espiritual deixado por Cristo Jesus. Nesse sentido a autora dá uma preciosa dica do valor da Oração do Senhor. Diz ela no mesmo capítulo já mencionado: “Só à medida que nos elevarmos acima de toda sensitividade material e de todo o pecado, poderemos sentir a aspiração gerada no céu e a consciência espiritual que a Oração do Senhor indica—consciência que cura instantaneamente os doentes” (pg. 16). 

No desdobramento seguinte o leitor encontrará considerações sobre como entender o significado espiritual da Oração do Senhor.  A exposição é só um exemplo de como ordenar um raciocínio consistente.

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 “PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS”


PAI – nosso Mestre Cristo Jesus, ao falar de Deus como Pai, dava-nos a lição de entender nossa relação com o Ser Supremo: Pai e Filho! Um Pai que gera, ama, protege, ensina, acompanha de perto o homem e a mulher de Sua criação; filhos e filhas que expressam as qualidades herdadas do Pai eterno: pureza, espiritualidade, perfeição, harmonia, inteligência, eternidade, saúde, força, para citar apenas algumas. Se homens e mulheres manifestam as qualidades oriundas de Deus, então podemos falar dEle como Pai e Mãe. Nosso Pai-Mãe
 Nosso Mestre empregou no original a palavra “Aba” acompanhando a designação Pai, que dá um sentido íntimo, muito chegado e familiar: Papai. É como se ele dissesse: “Nosso Papai que está nos céus”.  
NOSSO- com esta palavra Jesus universalizou o conceito de que o homem é filho de Deus.  Todos–homem, mulher, criança―em todo o mundo participam dessa filiação espiritual, quer saibam ou não desse fato, quer sejam cristãos ou não, de qualquer raça ou condição social que sejam.  Ninguém―mas ninguém mesmo―está fora dessa filiação. Se Ele é Pai de todos, então Ele é o único, e esse conceito transparece em toda a oração. Faça esse exercício: repasse todas as seções tendo em mente que Deus é único; e bom-proveito na inspiração que obterá. 
CÉUS –significam a imensidão, ou melhor, a infinidade onde Deus está.Se pensarmos em céu como uma localidade e como morada do Pai celeste, perdemos a idéia da proximidade de Deus e talvez percamos a idéia de recorrer a Ele em caso de necessidade, pois Ele parecerá tão distante. 

A Bíblia é muito clara na palavra do Salmista de que “os céus e até os céus dos céus não O podem conter” (ver 2 Crônicas 2:6), dando com esta e outras passagens a idéia precisa da infinitude e da onipresença de Deus.  Onipresença e infinidade são correlatas: algo não pode ser infinito se não estiver em todos os lugares, e algo não pode ser onipresente se não for infinito.  Exatamente aqui onde me encontro, onde você está, nos rincões longínquos do globo ou na imensidão do espaço onde astronautas navegam, em todos os lugares está Deus.  Sem a presença de Deus que é Vida não poderiam os astronautas viver e vivenciar a extraordinária aventura de pisar em solo lunar, ou nalgum planeta de nosso sistema solar, ou futuramente em outra galáxia. 

Estar no céu” também pode significar viver em harmonia.  Deus, o bem, enche o céu, por isso no “céu” tudo é harmonia e aí não pode haver discórdia (angústia, pesar, doença, pecado, morte, fraqueza, dor).  Combina com este pensamento a idéia de Deus ser totalmente harmonioso. Se quiséssemos resumir em poucas palavras a grandiosidade espiritual da frase inicial da Oração do Senhor, poderíamos dizer:

“Nosso Pai-Mãe Deus, todo-harmonioso” (CeS, p.16)
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“SANTIFICADO SEJA O TEU NOME”

Com esta frase o Mestre reforça a idéia do parentesco próximo entre Deus e Seu(s) filho(s). Sua ordem ao dar essa oração aos seus discípulos foi: “vós orareis assim” (Mat. 6:9). Logo é do seu ensinamento e nosso aprendizado a nossa união com Deus. Essa comunhão consciente do orador com seu Criador está presente ao longo de toda a oração que estamos analisando: Tu, (o Pai) e eu (o filho). Este ponto é fundamental para nossa disposição de usar esta oração, pois com ela nos conscientizamos da presença de Deus e Seu amor, e de que somos unos com Ele.

Diante dessa consciência evitaremos a mera repetição das palavras da oração, assim como superaremos o mero aspecto invocativo e daremos acolhida ao sentido espiritual que é afirmativo.

SANTIFICADO – Deus já é santo, e não precisamos, nem podemos ou devemos querer santificá-Lo, vale dizer, torná-Lo santo. Devemos é curvar-nos ante Sua santidade infinita e única. Reconhecê-la sem reservas.

TEU – o único nome a ser santificado.

NOME – na literatura bíblica o significado do nome de Deus refere-se muito mais à Sua natureza divina do que à palavra em si. A respeito da natureza de Deus é a própria Bíblia que nos esclarece: Deus é Vida, Verdade, Amor, Espírito, todo-poderoso, onipresente, imutável, supremo, infinito. Tenhamos isso em mente quando nos referimos a Deus, e então não desrespeitaremos o 3° Mandamento de Deus, ou seja, não tomaremos o Seu Nome em vão (como quando se ouve dizer: se Deus quiser nosso time vai ganhar). Quem respeita ama, e amar a Deus é adorá-Lo na Sua natureza infinita e única. Ele é o único que deve ser adorado, pois não há outro Deus vivo. “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto” (Mat. 4:10). Por isso dizemos do Pai-Mãe

Único adorável ( CeS, p. 16)
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“VENHA O TEU REINO”

Os Evangelhos expõem claramente que Jesus, no seu ministério cristão, ensinava que o reino de Deus não é uma localidade, é antes um estado de espírito interior invisível aos sentidos. “Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: ‘Ei-lo aqui!’ Ou ‘Lá está!’ Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 20, 21). O reino de Deus é, pois, uma consciência onde as verdades acerca de Deus e Sua criação são reconhecidas como supremas e únicas.
Em um reino humano, a figura da majestade representa um poder único, supremo, e sua palavra é lei.  No reino de Deus –em nossa consciência– também Ele é  Único, Supremo, Eterno, Sua palavra é lei, Seu poder é infinito, Sua sabedoria abarca tudo,  e aí tudo é perfeita harmonia.  Essa consciência é sumamente desejável pois traz à nossa existência humana evidências da ação da lei divina do Amor, da Vida e da Verdade, evidências do tipo: confiança, compreensão, força, vitalidade, sabedoria, saúde, pureza, e assim por diante. 

Quando dizemos “Venha o Teu reino” mostramos nossa disposição de deixar que as leis sustentadoras de Deus dominem em nós e nosso ser, leis de manutenção, renovação, regeneração, provisão que sempre produzem harmonia e que estão sempre em ação e disponíveis. Leis que Cristo Jesus sempre empregou em seu ministério. 

Pois essas qualidades boas presentes diante de Deus no Seu reino, estão presentes também aqui –e agora– diante de Deus onipresente.  Elas sempre estão onde Deus está.  Desse modo não precisamos invocar a Deus para trazê-las à nossa experiência atual.  Elas já estão aqui, e nunca deixaram ou deixarão de estar conosco.  Tudo o que precisamos fazer é abrir os olhos de nossa consciência e vê-las aqui em ação. 

Por isso podemos dizer conscientemente que 

O Teu reino já veio; Tu estás sempre presente (CeS, p. 16)
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“FAÇA-SE A TUA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”


É uma lição de humildade deixar que a vontade de Deus seja feita, mas também um ato de obediência à autoridade no Seu reino. O Mestre foi o melhor exemplo de todos os tempos do que acontece a alguém quando permite que a vontade divina domine seus assuntos. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará”, recomenda o Salmista (ver Salmo 37:5), e “Faço sempre o que Lhe agrada” (ver João 8:29) era o lema de Jesus. Como Cristãos bem faríamos se seguíssemos essas regras ao pé-da-letra. Não raro, quando deixamos a voluntariosidade ou a força de vontade humana dominar nossos afazeres ou decisões, não encontramos as melhores soluções ou não trilhamos os caminhos livres de problemas. 

Deixar que a boa vontade do Pai-Mãe se manifeste em nossas vidas, é como deixar que o Seu reino se estabeleça em nós.  Na terra (nos assuntos humanos) a vontade de Deus é tão boa e eficaz para o bem como é no céu (nos assuntos divinos).  A disposição de assumir essa postura mental requer humildade de nossa parte; não uma humildade mesquinha diante de nossos semelhantes, mas a humildade de reconhecer-se filho ou filha do divino Pai-Mãe, e de aceitar o que Ele nos preparou e nos dispensou.  Pode-se imaginar escassez, fome, peste, doença, discriminação, desonestidade como vindas da fonte de todo bem? 

O Pai-Mãe Deus supre todas nossas necessidades, cercando-nos com Seu amor infinito, que inclui tudo e todos.  Também não se deve imaginar que esses males e limitações tenham existência consentida pela Mente divina.  A Lei divina, ou vontade divina, na verdade, desfaz e destrói  todo mal, afastando-o de nossa consciência e experiência. Também podemos reconhecer que a vontade do único Deus é a única vontade no universo. 

Poderíamos humildemente dizer:

“Faze-nos saber que--como no céu, assim também na terra--Deus é onipotente, supremo”  (CeS, p. 17)
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 “O PÃO NOSSO DE CADA DIA DÁ-NOS HOJE”


Aqui o Mestre ensina-nos a buscar e reconhecer o Pai-Mãe Deus como fonte de nosso suprimento—a única fonte de suprimento. É fácil perceber-se que “pão” é termo genérico para identificar sustento, suprimento, alimento, inspiração, idéias, decisões, saúde. O Deus Pai-Mãe é na verdade o supridor de todo o bem, a todos, em todo lugar, a todo o momento. Essa é a vontade do Pai, que todos sejam supridos. 

A frase acima ganha um novo significado quando a vemos sob a ótica afirmativa em vez da suplicativa.   Quando afirmamos com certeza que Deus nos supre do que necessitamos, esta convicção torna-se gratidão, e esta, por sua vez, pode vir antes da manifestação visível do suprimento.  O próprio Mestre deu provas dessa disposição, como lemos em duas passagens retratadas nas Sagradas Escrituras: antes de ressuscitar Lázaro (“Graças Te dou porque me ouviste”) e antes da multiplicação de pães e peixes diante de milhares de ouvintes (“Dando graças partiu os pães...”). 

E ao darmos graças pelo alimento dado por Deus, certamente não nos queixaremos de sua qualidade, nem nos preocuparemos se o mesmo possa ter efeitos colaterais  indesejáveis, quer pela qualidade quer pela quantidade . Também não deixaremos a inteligência de lado ao sentarmos à mesa. O que o Pai-Mãe provê é o melhor para nós, e não devemos duvidar disso. Sejamos absolutos nessa disposição. 

As obras do Mestre Cristão eram exemplos para seus seguidores fazerem também.  O primeiro passo nesse caminho de seguidores, não será o de dar graças antes de ver a “graça divina” manifestar-se?  Ele mesmo esclareceu-nos ao afirmar: “Buscai em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça, e todas essas cousas vos serão acrescentadas” (Mateus 5:32, 33).  Os famintos por pão e água (necessidades físicas) assim como os famintos por justiça e afeição (necessidades morais e espirituais) serão todos satisfeitos pela infinita bondade de Deus. O salmista expôs um grande fato ao afirmar: “O Senhor dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente” (Salmo 84:11).   

Por isso tenhamos certeza de que nosso Pai-Mãe

Dá-nos graça para hoje; alimenta as afeições famintas  (CeS, p.17)
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“E PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO NÓS TEMOS PERDOADO AOS NOSSOS DEVEDORES”

Eis o grande capítulo do Cristianismo do Cristo: o perdão movido pelo amor ao próximo.
Quando se lê os Evangelhos com atenção enfocada neste ponto crucial, percebe-se que ele permeia todo o ministério de Cristo Jesus, tanto nas suas pregações (“amai os vossos inimigos...” [Mat. 5: 44]) como nos seus exemplos de vida, culminantes na exclamação enquanto preso e escarnecido: “Pai perdoa-lhes . . .” (Lucas. 23:34).  A inclinação de perdoar e o exercício da misericórdia devem ser uma constante em nossa vida e ter lugar destacado em nossa escala de valores.  Jesus mandou Pedro perdoar setenta vezes sete: a Pedro que sugerira perdoar sete vezes, pensando ser um grande feito.  

Há um aspecto mental a ser considerado nesse tópico. Se alguém nos deve algum favor ou mesmo valor pecuniário, para haver um equilíbrio temos que considerar que nós também “devemos” algo a essa pessoa. Caso essa dívida não seja de valores mensuráveis, ela é de valores morais, tais como a consideração, o respeito. Sei de experiência de pessoas que receberam o que lhes era devido, após considerarem essas qualidades mentais e morais em seu coração. 

Por que este tópico é tão importante no Cristianismo?  Porque ele toca no âmago da natureza de Deus que é Amor.  Poderia alguém imaginar um “amor” que não perdoasse?  Assim o Deus-Pai-Mãe-Amor sempre nos perdoa as faltas das quais nos arrependemos. O nosso amor, imitando o Divino, também perdoa (“Nós amamos porque Ele nos amou primeiro...” [I João 4:19] ). 

A consciência humana que abriga o amor e a misericórdia reflete nitidamente o Amor divino.  Assim como neste Amor não há nenhum mal e não há lugar para rancor, remorso, ressentimento, ódio ou medo, assim no amor refletido essas manifestações malignas também não têm lugar.  A necessidade dos homens é que aprendam a manter sua consciência pura, isenta de mal ou ódio ou ressentimento, que se relacionem com os demais com espírito desarmado. 

O perdão definitivo nada mais é que a evidência de uma consciência pura que reflete o Amor divino.  Jesus Cristo dava muita importância a que seus seguidores aprendessem a manter o pensamento puro, isento de rixas, ressentimentos e provocações: “Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mat. 5:48).  

Quando perdoamos nossos semelhantes assim como Deus nos perdoa, podemos dizer que
 
E o Amor se reflete em amor  (CeS, p. 17)
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“E NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRA-NOS DO MAL”


Esta frase tem um aspecto curioso no idioma português. A tradução da Bíblia ao nosso idioma, é uma das poucas (se não a única) a empregar o termo “não nos deixes cair em tentação”. Na maioria das versões, (e assim provavelmente é o original) é empregado “não nos induzas à tentação”. Uma e outra expressão merece nossa contemplação. Também aqui a forma afirmativa de dizer a frase é mais importante que a discrepância apontada nas traduções. Afirmar que Deus não nos deixa cair em tentação, ou que Ele não nos induz à tentação é bem mais importante e correto do que pedir duvidosamente que Ele assim não faça. 

TENTAÇÃO – aqui é que está o ponto mais importante da frase.  O que podemos entender por tentação?  É’ algo que nos vem de fora do nosso pensamento, ou algo que brota de dentro dele?  Tentação está sempre ligada a algo mau ou incorreto que estamos prestes a fazer, ou dizer, ou pensar.  Nossa consciência nos avisa que o procedimento está errado e deverá ser evitado.  Mas nossa vontade de realizá-lo entra em choque com a advertência da razão.  Fazer ou não fazer?!  Eis a guerra mental diante de uma decisão: uma quer, e a outra não deixa!  Nossa decisão revelará nossa inclinação e predominância que damos ao assunto em nossa escala de valores morais e espirituais.  A indecisão, ou a dúvida, gera um conflito, e este, por sua vez, sempre gera desarmonia.  E quando esta predomina no pensamento, acaba por aparecer na vivência humana.  Assim, toda tentação é desarmoniosa e, por isso, deve ser evitada.  Assim sendo, a tentação não provém de Deus; pois Ele é o bem, a harmonia, e dEle não pode provir a desarmonia. 

Quando uma tentação perdura ou se repete, isto é sinal de fraqueza em nosso posicionamento mental quanto às verdades de Deus e Sua criação.  Se estamos firmes em nossa compreensão espiritual, não admitiremos agir em desacordo às leis divinas ou Mandamentos, e facilmente superaremos a tentação, qualquer que seja.  O grande exemplo de superação de tentação está descrito na Bíblia no evangelho de Mateus (ver cap. 4:1-11).  O relato é cheio de ensinamentos, e não deve ser tomado ao pé-da-letra.  O tentador insinuava-se ao pensamento do homem Jesus. “Se és filho de Deus”, foi a primeira dúvida plantada.  “Transforma essas pedras em pães”, foi a segunda.  O Mestre reconheceu que isto seria usar o poder espiritual em favor de uma vontade humana.  Ele rejeitou a proposta do tentador com uma acertiva da Verdade divina escrita no Antigo Testamento: “está escrito”!  Firme e direto! 

O tentador lhe propõe outra ação e argumenta com algo escrito no Antigo Testamento, o Salmo 91.  Se o tentador fosse pessoa ruim, não saberia buscar naquele Salmo algo tão confortante como: “Ele envia Seus anjos para que te guardem”.  O homem Jesus conhecia  aquele texto, o que nos faz pensar em tentador como pensamentos duvidosos que apoquentavam o pensar do Mestre, o mesmo que fazem com o pensar humano.  A firmeza do Mestre não vacila.  “Também está escrito: não tentarás o Senhor, teu Deus”.

Novamente o tentador insinua que Jesus com seus poderes extraordinários poderia obter riquezas e prestígio sem conta, como ninguém sobre a terra; bastaria aceitar isso como bom e que o mal é tão real como o bem.  A firmeza de Jesus dá o golpe fatal nas pretensões malignas: “Retira-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás”.    Seu “Pai que está nos céus” não deixou o filho ser levado pela torrente de insinuações, que sob a perspectiva meramente humana pareciam todas normais ou até legítimas.  Podemos nós hoje confiar nesse apoio divino para superarmos as tentações modernas travestidas de prazer, modernidade, riquezas lotéricas ou ilegais, tecnologia medicinal, conhecimento científico material?  Sim, não só podemos como devemos.  É’ nossa obrigação Cristã. 
Então afirmaremos convictamente

“E Deus não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos do pecado, da doença e da morte” (CeS, p. 17)

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“POIS TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE”

A oração agora parece sair do campo do diálogo (Pai e filho) para uma afirmação categórica da superioridade espiritual do Deus vivo. A frase inicia com um advérbio que atesta ser verdade ou real o que foi dito antes. “Dizemos isto ou aquilo pois estamos baseados na realidade suprema”
Deus é digno de toda honra em Suas qualidades eternas e infinitas: Rei supremo no universo, reconhecido como Vida eterna, Verdade imutável, Amor todo-abrangente, Mente que tudo sabe, Espírito onipotente, Princípio divino imutável (“em quem não há mudança ou sombra de variação...” [ver Tiago 1:17]).  Para obtermos um entendimento correto do Deus vivo, temos que ter em mente a infinidade, eternidade, imutabilidade, bondade, supremacia sobre tudo o que os sentidos materiais nos apresentam e que o pensar materialista aceita como real.  Reino, poder e glória indicam supremacia.
Nosso conceito acerca de Deus tem que ser absoluto no tocante às Suas qualidades e criações.  A Divindade não compartilha suas qualidades e atributos com seu adversário, o mal, o mundo, a matéria, a desonestidade, a imoralidade, a tristeza, a morte, a doença, o pecado, a escassez―em resumo, o diabo e seu mundo―e tudo o mais que sejamos tentados a aceitar, e que certamente não provém de Deus, Pai-Mãe. 
As Escrituras dão a entender que Deus é Tudo-em-tudo. Segue-se daí que nada possui realidade, nem existência, exceto a Mente divina e Suas idéias” (Ciência e Saúde, p. 331). Nada fora de Deus e Seu universo tem realidade ou presença ou poder. 
“Pois Deus é infinito, todo poder, todo Vida, Verdade, Amor;  está acima de tudo, e é Tudo” (CeS, p. 17).
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FINAL

As idéias recém expostas são nada mais que uma tentativa de desenvolver compreensivamente cada frase da Oração do Senhor e deveriam servir de encorajamento a que cada pessoa se anime a pensar profunda e detidamente sobre o significado e conteúdo espiritual da oração. As experiências individuais diferenciadas, o grau de entendimento, bem como a singeleza de coração ao analisar o PAI NOSSO conduzem certamente a outros pontos-de-vista ou outros argumentos, igualmente consistentes e satisfatórios. O interesse em entender espiritualmente as palavras do Mestre Cristão é que leva o indivíduo a aprofundar-se no tema e aproveitar-se praticamente desse mergulho batismal. A autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, afirma, com base em sua experiência de sanadora, que a Oração do Senhor “atende a todas as necessidades humanas” (p. 16). Mas isso não ocorre se superficialmente recitarmos (com ou sem retórica) as sagradas palavras da oração ensinada por Jesus Cristo e que é um marco em seu ministério de pregação e de cura. Necessário é inteirar-se do que significa a oração. Para isso não há fórmulas, não há exigência de gestos ou posições corporais. Pureza de coração e genuíno amor a Deus são os requisitos.
Mary Baker Eddy dá a receita para êxito no emprego da Oração do Senhor.  Na página 16 do livro mencionado acima, ela diz: “Só à medida que nos elevamos acima de toda sensitividade material e de todo o pecado, poderemos sentir a aspiração gerada no céu e a consciência espiritual que a Oração do Senhor indica – consciência que cura instantaneamente os doentes.” Um estudo pormenorizado e detido desse parágrafo, destacaria tópicos tais como: elevar-se, toda sensitividade material, todo o pecado, aspiração celestial, consciência espiritual, resultado instantâneo. 

Caro Leitor, disponha-se a seguir esse conselho, não tanto pelos “pães e peixes”, mas pela elevação espiritual gerada pelo entendimento profundo do PAI NOSSO – a oração de NOSSO QUERIDO PAI-MÃE.

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