Aprendendo a ver as coisas com outro foco
Em sua obra Ciência
e Saúde com a Chave das Escrituras,
Mary Baker Eddy, descobridora da Ciência Cristã, lança um repto aos
pensadores desta época: “O que deveríamos considerar como substância
– aquilo que erra, muda e morre, o mutável e mortal, ou o infalível, imutável e imortal?
(p.278).
Pesquisando em dicionário o significado da palavra
substância e seus correlatos, encontrei entre outros conceitos : “essência; o
ponto mais importante”. Isso me fez
indagar: “O que é substancial ou essencial num objeto? O ‘mutável e mortal’ ou o ‘imutável e
imortal’? Olhando para uma mesa diante
de mim, perguntei-me novamente: “O que nela é substancial? A forma; o material; a estética; as
dimensões?” Vi que nenhum desses
aspectos sobrepujava os outros em importância.
Mas a mesa deveria ter um ponto substancial ou essencial, e este
pareceu-me, de repente, não estar na
composição material do objeto.
Para que a mesa viesse a existir, o que deve ter
precedido seu aparecimento físico? Com
toda a certeza foi a idéia concebida pelo marceneiro que construiu a mesa. Em seu pensamento a imagem da mesa estava
completa: forma, dimensões, material, cor, etc.
Com esta concepção em mente,
juntou os materiais necessários, bem como as ferramentas, e, com seu
talento e conhecimento, trabalhou até que o objeto representasse sua
concepção. A partir de então, o que as
pessoas veriam seria um objeto, que representava uma idéia.
Se agora viesse alguém que danificasse ou mesmo
destruísse a mesa visível, o que teria acontecido à idéia?
Nada, absolutamente! O
profissional reproduziria outro objeto igualzinho, ou tantos quantos desejasse. Quantas idéias seriam necessárias para fazer
milhares de mesas? Nada mais que
uma! E enquanto o marceneiro não
alterasse sua concepção, a reprodução de objetos far-se-ia sem alteração.
Eis um aspecto importante da questão da mesa,
concluí. O objeto que vemos e usamos,
perceptível aos sentidos físicos, tem algo importante na sua idéia original e
que não é percebido pelos mesmos sentidos.
A mesa-objeto só veio a ter existência garantida pela existência da
idéia que lhe deu origem, e nisso vi o ponto fundamental da questão. Além disso, o objeto pode sofrer danos ou
decomposição. A idéia fica ilesa na
consciência do marceneiro.
Voltando à pergunta citada no início deste artigo
sobre o que deveria ser considerado como substância, vejamos algumas
características da mesa-idéia e da mesa-objeto: uma é duradoura, infalível,
indestrutível; o outro é falível, corruptível, temporal. A idéia é original, o objeto é derivado da
idéia e não pode existir sem ela.
Poderíamos fazer uma lista de argumentos, mas não é difícil perceber-se
que a substância da mesa está na idéia original, ou melhor dito, é a idéia ,
pois ela é a parte mais importante!
A coisa material que vemos e percebemos, em verdade,
é o objeto da idéia. Sua concretização
aos sentidos está ligada ao objetivo e utilidade idealizados e presentes na
concepção da idéia. O objeto não é a
materialização da idéia, pois nesse caso ela deixaria de existir como tal. Todas as funções que o objeto deve realizar
foram antes concebidas pelo autor da idéia, e nela incluídas de modo
harmonioso, perfeito, satisfatório, útil.
O objeto mostra o que o autor da idéia queria expressar.
O apóstolo Paulo deve ter tido esse entendimento,
pois lemos numa de suas epístolas aos Coríntios: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem;
porque as coisas que se vêem são temporais e as que se não vêem são eternas”
(II Cor. 4:18). Paulo tinha aprendido a
atentar para os pontos mais importantes das coisas.
Naturalmente, esse raciocínio se aplica a qualquer
objeto ou engenho material, desde os mais simples como uma mesa, até os mais
complexos computadores ou aparatos espaciais.
Este enfoque faz-nos descobrir algo extraordinário e maravilhoso – na
verdade, nós vivemos em um mundo de idéias!
Idéias que são boas, harmoniosas e perfeitas. Nesse mundo de idéias gozamos da liberdade,
utilidade e valor fornecidas por essas mesmas idéias. É um mundo maravilhoso!
Este enfoque metafísico não é meramente filosófico
ou teórico. Em verdade, traz à
experiência humana o predomínio claro do Espírito sobre a matéria. Nosso Mestre Cristo Jesus deixou isso bem
claro em seu ministério entre os homens.
Na Bíblia encontramos muitos relatos de suas demonstrações de domínio
sobre as limitações materiais que o cercavam e confrontavam. Imediatamente nos vem ao pensamento os
incidentes da multiplicação dos pães e peixes, a transformação da água em
vinho, o acalmar da tempestade. Até as
curas podem ser incluídas nesse conceito de que o homem representa uma idéia de
Deus, perfeita, harmoniosa, imortal, funcional.
Todo aquele que lança mão dessa compreensão de
substância pode ver evidências da ação desse predomínio espiritual sobre
circunstâncias materiais. Para mim isso
ficou comprovado numa pequena experiência que passei quando ainda jovem. Coube a mim abrir, certo dia a porta da loja
da família. Nesse dia, o forte cadeado
que a trancava, não “quis” abrir e permaneceu fechado. Após várias tentativas infrutíferas, pus-me a
orar pois tinha necessidade de entrar na loja.
Minha oração baseou-se na substância espiritual, e também que o objeto
havia sido concebido e feito para funcionar e não para ficar “emburrado”,
alterando a funcionalidade de sua concepção.
Quando isso ficou bem claro no meu pensamento, o cadeado abriu
normalmente.
A Sra. Eddy explica: “Substância significa mais do que matéria; é a glória e permanência do
Espírito” (Escritos Miscelâneos, p.47).
Eis o ponto importante!
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