‘Pura oração’ é oração eficaz
Diz o
relato bíblico que Jesus passava noites orando a Deus, no alto de algum monte,
a sós com sua consciência—fechado em ‘seu quarto’ interior.
O
prezado leitor já tentou passar uma noite em oração? Que tipo de oração nos
ocorre? Que tipo de oração ocorria ao Mestre Cristão? Ele se recolhia por
necessidade própria; e suas orações, com certeza, não eram repetições e
repetições de algum texto (dos Salmos, por exemplo, que ele conhecia muito bem).
Cristo Jesus orava em defesa de seu ministério de trazer aos homens uma visão
mais espiritual da existência do homem como imagem e semelhança do Deus criador
do universo. Em suas orações despejava seu pensamento para retempera-lo com
espiritualidade.
No
Jardim de Getsêmani, pouco antes de ser preso, o evangelho relata como Jesus
orava. Falava baixinho, de si para si mesmo. Seus discípulos ali perto, não o
ouviram, nem entenderam o sagrado e grave momento do qual participavam.
“Pegaram no sono!” Como vieram as palavras de Jesus a serem registradas no
evangelho se ninguém ouviu o que ele disse? (.....) Para mim é um mistério. Ou
Jesus contou aos discípulos, ou eles inventaram (e neste caso o registro
bíblico perde em valor espiritual).
Naquela
noite no horto, o Mestre estava diante de um dilema que o atormentou
humanamente: ‘Será que seus ensinamentos e realizações seriam suficientes para
fazer os homens reconhecerem a nova visão da ordem celestial que ele demonstrou
de modo prático entre o povo, enquanto pregava o novo evangelho e enquanto era
sacrificado na cruz?’ Sua oração:
“Pai, se possível, passe de mim este
cálice! Todavia, não seja como eu
quero e sim como tu queres” (Mat. 26:39),
demonstra que a natureza divina
estava sempre em primeiro plano na sua consciência; e foi o que ensinou na
oração do Senhor (‘Faça-se a Tua
vontade’). Ele sempre ensinava pelo exemplo.
Quando
Jesus retornava de suas seções particulares de oração durante a noite, ele
voltava cheio de graça. Multidões vinham ao seu encontro trazendo seus doentes
para serem curados. Como sabiam que ele os curaria? A espiritualidade e graça
de que estava tomado, se externava visível e sensivelmente. Deve ter sido algo
fantasticamente maravilhoso de se ver! Todo esse quadro emoldurado pela cena
humana mostrando um estado da perfeição do existir, era fruto da ‘pura oração’
que o Mestre exercitava.
Eu
chamo de ‘pura oração’ a oração que fazemos com total imersão no senso
espiritual de seu conteúdo. É uma oração silenciosa. Nenhum pensamento estranho
ao conteúdo da oração é permitido permanecer. Em havendo uma intromissão de
pensamento indesejado, este logo é estancado e posto de lado. Como base para a Pura
Oração (P.O.) podemos tomar algum texto bíblico que saibamos de cor; por
exemplo, Salmo 23 ou 91, ou a “Exposição Científica Relativa ao Existir”, de Mary
Baker Eddy (ver CeS, p. 468). A própria Lição Bíblica pode ser usada na P.O.
Eddy
exemplifica com o Pai-Nosso:
“Só à medida que nos elevamos
acima de tudo aquilo que se fundamenta nos sentidos materiais e acima de todo pecado,
podemos alcançar a aspiração celestial e a consciência espiritual indicada na
Oração do Senhor, e que instantaneamente cura os doentes” (CeS, p.
16).
A pureza mental e a cordial (da mente e
do coração) é a condição para se realizar a
‘pura oração’, não importando as palavras da oração usadas pelo orador. Na
verdade, a ‘pura oração” é uma atividade mental ligada à Ciência divina, a qual
é desenvolvida no reino das ideias. A ‘pura oração’ está intimamente ligada aos
ingredientes espirituais da oração eficaz que a Sra. Eddy expõe no capítulo
primeiro do livro texto: “fé absoluta em
Deus, compreensão espiritual e amor abnegado” (ver
CeS, p.1).
O
Cristianismo, como Jesus nô-lo legou, é uma religião de práticas e
demonstrações daquilo que professamos verbalmente. A ‘pura oração’ tem um lugar
fundamental nesse universo de ideias e ideais. Sem ela, nossas orações soariam
como palavras ao vento, ainda que ditas com tom coletivo.
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