quinta-feira, 26 de abril de 2018

LUZ E REFLEXO


A luz divina também pode ser refletida como é a luz de uma vela

O mundo em que vivemos humanamente está repleto de luz, do contrário não poderíamos ver o que se passa ao nosso redor.  O que percebemos, na realidade, são raios de luz que chegam a nós seja diretamente de uma fonte, seja por irradiação de superfícies refletoras.  A variedade destas é que determina a visão de cores, formas, dimensões, etc.

A luz que nos vem de uma fonte é constante e única no seu aspecto.  Tem maior capacidade de alcance e, via de regra, produz sombra quando um objeto é interposto aos raios de luz.  A existência de uma fonte de luz é que revela o conteúdo de um ambiente.  Sem a fonte não há luz refletida.  Esta é, por isso, subordinada àquela. 

A luz refletida é a mais comum no mundo dos sentidos físicos.  Todos os objetos que vemos  refletem a seu modo a luz vinda de uma fonte.  A reflexão mais perfeita é a que mostra as qualidades originais da fonte, ou a própria fonte.  Penso em um espelho em cuja frente está uma vela.  O espelho sendo plano e estando limpo, mostra a imagem da vela emitindo luz.  Poderíamos até pensar que a imagem seja igual à vela, tal a radiância do reflexo.

O enfoque da luz e do reflexo pode dar-nos algumas luzes de entendimento espiritual, se o tomarmos como uma analogia.  A luz própria e a luz refletida são como Deus e Sua criação.   A fonte de luz divina é perene, única, imutável, inextinguível, eterna, boa, assim por diante.  Todos os atributos divinos existem em Deus, a fonte deles, e são refletidos pelo universo espiritual, do infinitésimo ao infinito.  Sem a luz divina, Deus, o Princípio criador e Mente infinita, as qualidades boas não seriam percebidas.  O Espírito, Deus, garante a espiritualidade para a criação; a luz refletida é semelhante à da fonte.  Embora as qualidades da natureza sejam visíveis aos sentidos, elas são primariamente espirituais porque refletem o Espírito.  A espiritualidade da criação, mesmo não sendo percebida pelos sentidos físicos, existe e é percebida pelo sentido espiritual.  Nossa consciência, em refletindo a luz divina, percebe a verdade da relação Deus-homem, e expressa em nossa vivência cenas perceptíveis de perfeição, excelência, bondade, eternidade divinas.  Nossa consciência representa a superfície que reflete a luz; superfície limpa e plana dá reflexo correto e exato.  Pensamento puro e sem mácula de materialidade, reflete e expressa as qualidades da Mente e traz à nossa vida humana as graças da Vida, da Verdade e do Amor divinos, em saúde, força, integridade, inteligência, felicidade, realização.

Cristo Jesus aconselhou seus seguidores a fazerem a mesmas obras que ele e mostrou-lhes de modo claro o objetivo das obras:

Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:16).  

Só podemos deixar nossa luz brilhar se refletimos claramente a luz divina.  A injunção do Mestre tem uma conotação interessante, no sentido de que refletindo a luz divina somos vistos pelos homens através de nossas obras.  Logicamente serão obras boas que trarão bênçãos à humanidade.

Aliás esse aspecto de ser visto pelos homens me faz lembrar um pequeno acontecimento.  Estava sentado na sala lendo, quando levantei os olhos por um momento.  Chamou-me a atenção o fio de uma teia de aranha que estava distante mais de 20 metros.  A raridade da visão não estava na acuidade visual, mas sim no fato de que o finíssimo fio (normalmente invisível àquela distância) refletia intensamente a luz do sol claro do dia.

Nossa vida ou atividade pode não ser a mais proeminente no meio humano (o que aliás não importa), mas quando refletimos conscientemente as qualidades espirituais e boas (isto é que importa) do Pai-Mãe, Deus, nossas obras e nosso comportamento ou modo de ser e pensar, são vistos e observados até pelos que julgamos afastados.  E, assim como fiquei maravilhado com aquele pequeno facho de luz refletida, também as pessoas de nosso círculo de relações percebem que algo maravilhoso se desdobra em nossas atitudes.  Não raro sentem-se atraídas a investigar a razão de uma atitude aparentemente inusitada de coragem ao enfrentar situações de perigo, de calma diante da doença, de firmeza diante das tentações, de pensamento claro ante o apelo das drogas, de amor onde a carência ocorre.

Nosso exemplo de refletir a luz divina, demonstrando que nossas qualidades têm origem em Deus, é sumamente importante para a humanidade, para ensina-la a ver que ter a mente voltada ou inclinada para o Espírito abre caminho para solução dos problemas humanos.  O apóstolo Paulo dá a receita:

O pendor do Espírito dá para a vida e paz” (Romanos 8: 6).

Bem que poderíamos fazer coro às palavras do poeta A. E. Hamilton no poema transcrito por Mary Baker Eddy na sua autobiografia Retrospecção e Introspecção (pág. 95):

“Pede a Deus que te dê habilidade
na arte de consolar,
Para que a uma vida de compaixão
Te possas preparar,
E te consagrar.
Pois enorme é o peso do mal
Em todo coração,
E grande é a necessidade de consoladores
Que tenham de Cristo o dom.”

Eis exemplo de luz divina sendo refletida entre e para os homens!


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