Existe
a mesma autoridade para chamar Deus de PAI como de MÃE
Durante o período histórico coberto pela Bíblia, a presença da
mulher em lugares de destaque é muito rara. A sociedade ainda reservava à
mulher o dever de cuidar da família e esta era sua vida. Na sociedade hebraica
quando uma mulher ficava viúva sem ter filho homem que ajudasse no sustento da
família, ela ficava fadada a viver de favores ou esmolas, posto que não lhe era
facultado trabalhar para ter o sustento. O Mestre Jesus sabia dessa dura
realidade social, tanto que ao chegar certa feita à cidade de Naim encontrou,
na saída, um cortejo de sepultamento de um jovem que era filho único de uma
viúva. Socialmente, essa mulher estava condenada pois perdera seu filho que era
o arrimo da família. Sabendo dessa situação, percebeu que havia ali uma
necessidade humana e foi movido pela compaixão a satisfazer essa necessidade
ressuscitando o jovem (Ver Lucas 7: 11).
Por essa condição histórica e cultural a questão ‘mãe’ não aparece seguidamente no Antigo
Testamento, pelo menos com destaque. Aliás, segundo o Novo Testamento, não
havia nenhuma mulher entre os doze apóstolos. Foi por discriminação de Jesus?
Não. O Mestre sabia o que seus discípulos iriam passar para levarem a mensagem
do Cristianismo aos estrangeiros, em terras onde o preconceito feminino era
muito forte, como ainda hoje se vê. Além disso, a novidade de sua mensagem
(AMOR) seria, provavelmente, melhor aceita se levada por homens, homens simples
da comunidade.
Nosso Mestre ensinou muitas coisas sobre Deus como PAI, sendo que
a oração mais significativa de seu ministério é chamada de ‘PAI NOSSO’. Por que
será que ele não menciona Deus como MÃE? Seus ouvintes ainda não eram muito
ilustrados e muitas coisas lhes ensinou por parábolas, analogias. Uma ideia tão
radical lançada a ouvidos destreinados poderia causar um impacto
desconcertante.
Os “ouvintes de hoje”, com certeza, saberiam―ou sabem―elaborar a ideia
da maternidade de Deus. Pode-se buscar no Antigo Testamento duas instâncias que
corroboram a ideia proposta. Uma das instâncias está no relato da criação no
primeiro capítulo do Gênesis. Diz ali: “Criou
Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou” (1: 27). Vê-se claramente que a mulher participa da expressão das
qualidades divinas, tal como o homem. Não se cometa o descalabro de uma
emissora de TV que, há algum tempo, saiu às ruas para entrevistar pessoas e
saber de sua opinião a respeito de ‘Deus ser mulher’. Deus não é mulher como
também não é homem. Deus é Espírito!
A outra instância referida encontra-se no livro do profeta Isaías
onde consta: “Como alguém a quem sua mãe
consola, assim eu vos consolarei” (Isa 66: 13). Aqui o amor materno―feminino―é
associado ao de Deus. Deus nos ama como nossa mãe nos ama. Constata-se, assim,
que chamar Deus de PAI é tão correto como chamá-lO de MÃE. Na literatura da
Ciência Cristã é muito usada a expressão PAI-MÃE-DEUS mostrando que
reconhecemos na Divindade a origem das qualidades inatas de paternidade e
maternidade conscientes. Eu costumo usar a conotação de Deus como Pai, sem
desprezar o conceito de Deus-Mãe. Conheço senhoras que usam costumeiramente
para Deus a expressão Mãe, e soa muito natural quando as ouço falar dessa
maneira. Devemos nos abster, com certeza, do conceito de gênero masculino ou
feminino quando nos referimos a Deus como PAI-MÃE.
O uso dessa expressão, Deus-Mãe, será cada vez mais acentuado
daqui para diante como evidência da progressiva espiritualidade na consciência
da humanidade e da capacidade de expressá-la em palavras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário