terça-feira, 8 de março de 2016

O que você pede a Deus?

Para fazer um pedido a Deus tem de saber pedir

Os cristãos são ensinados a rogar ou pedir a Deus por suas necessidades. Nada mais acertado. Mas cada pedinte deveria ter bem claro os motivos para fazer o pedido, as expectativas de atendimento, a certeza do merecimento. Uma coisa que precisa estar claro também é que o Pai atende necessidades humanas, não vontades humanas.

A indagação do título desta crônica faz parte de uma família de questões de fé. Cada pergunta tem uma questão implícita que pode encaminhar devidamente nossa petição.

O que você pede a Deus? Sabe-se que alguém faz uma petição a Deus porque tem alguma necessidade, ou melhor, sente falta de algo que muito quer: bens, suprimentos, dinheiro, carros, casas, coisas medidas em quantidades; conhecimento, superar obstáculos, expressar mais qualidades boas. O que você está pedindo é algo que o Pai normalmente supre a Seus filhos? Você sente falta desse “algo”? Parece que Deus lhe esqueceu ou excluiu do rol de beneficiados? Corrigir esses pensamentos é um passo que deveria anteceder o pronunciamento da petição.

A quem você se dirige quando faz um pedido? Você tem em mente um Ser Supremo que ama Sua criação e zela por ela, ou faz o pedido a um ser antropomórfico sentado num trono no céu, de longas barbas brancas, observando os homens para ou ajudar ou castigar? Este é o Deus apresentado à humanidade há séculos e aceito como único. Se for este seu conceito a  respeito da Divindade Infinita, recomendo uma reformulação, pois tal Ser imaginado não é Deus e não pode fazer nada. Você se dirige em oração diretamente a Deus ou a algum intermediário? Veja bem a quem dirige seu pedido.

Quando você faz um pedido a Deus? De vez em quando, conforme as necessidades ou circunstâncias? Isso não é suficiente, pois dá a impressão que você só se lembra do Pai divino e Todo-poderoso quando algum problema aperta. Quando foi a ultima vez que pediu algo ao Pai?

De que modo você faz o pedido? Em sagrado recolhimento, ou abertamente para que outras pessoas saibam? Quanto mais reservado o momento da petição tanto mais próximo você se sentirá do Pai e mais certo será o atendimento. O pedido que fazemos a Deus é assunto reservado aos dois interessados – você e Deus. É um momento sagrado que não pode ser compartilhado para não ser espoliado. O modo de fazer um pedido corretamente foi ensinado pelo Mestre Cristão, Jesus Cristo:

“Quando orares, entra no teu quarto e, fecha a porta, orarás a Teu Pai que está em secreto; e Teu Pai que vê em secreto te recompensará abertamente” (Mateus 6: 6).

Não se esqueça de que Deus conhece nossos pensamentos antes mesmo que expressemos em palavras.
Você sente que merece receber o que é pedido?  A expectativa de atendimento mostra uma sintonia de alma e mente com o Doador, Deus, e demonstra afinidade e proximidade espiritual. Cito novamente o que Cristo Jesus que recomendou:
“Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Marcos 11: 24).
Quem é merecedor do atendimento se predispõe a ser grato antes mesmo de ver o resultado de sua petição.

Pedir a Deus é como pedir a um amigo?  Pode ser, se consideramos o Pai Supremo como o identificou Jesus no Pai-Nosso: “Abba-Pai”, ou seja, papai!. Pedir algo ou um favor a um amigo nos deixa na expectativa de receber o que foi pedido.

Você sente gratidão junto com a expectativa?  A sensação de alegria junto com a expectativa de uma resposta positiva do Pai-Mãe, aliada ao entendimento de que Deus já atendeu, abre o caminho para o sentimento de gratidão antecipada. O Mestre Cristão deu exemplo dessa disposição no evento da ressurreição de Lázaro:
         “Pai, graças te dou porque me ouviste” (João 11: 41).
Mary Baker Eddy também cita esse sentimento nobre:
“Somos realmente gratos pelo bem já recebido? Então... estaremos preparados para receber mais” (CeS, p. 3).
Você está pronto para uma resposta negativa? Esta é uma pergunta um tanto desafiadora; mas ela é válida nos casos em que estamos pedindo algo que não servirá para nosso adiantamento moral e espiritual. Aqui entra o fator humildade na questão do pedir a Deus. Conta-se que um garoto era conhecido por suas orações a Deus. Certa feita, no âmbito de uma exposição de animais, ele gostou especialmente de um pônei. Então, recomendaram-lhe que pedisse a Deus. O que o garoto fez. Dali a pouco foi novamente interpelado, face a não concretização do pedido. “Deus não ouviu tua oração?”.  “Ah, ouviu sim, mas Ele disse Não!” Essa disposição pura e inocente e do garoto serve de exemplo para nossa disposição ao fazer um pedido a Deus.

PONTO METAFISICO:
Pedir a Deus por causa de uma carência, tem na base um pensamento e reconhecimento dessa falta, de que carecemos de algo. Sabendo, sempre, que Deus tem o suprimento pronto, nos ajuda a afastar “ganchos” que tenderiam a trancar ou reter a solução de se manifestar visivelmente em nossa experiência. As diversas perguntas que foram formuladas acima servem para remover esses “ganchos”. A fixação do pensamento em algo que nos falte, quero dizer que  parece nos faltar, precisa ser erradicada para vermos o caminho livre até a consecução do pedido.

Jesus Cristo tinha um pensamento livre de limitações sugeridas pelo senso material. Seu “segredo” ele revelou no Sermão da Montanha:

“Deus, vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais” (Mateus 6: 8).

Uma dúvida atroz talvez assalte o pensamento humano desavisado: “Se Deus sabe o que preciso, porque Ele me deixa passar necessidade ou me deixa sofrendo?” A quem faça tal indagação está na hora de saber que a visão de carência humana é pura ilusão mental, qualquer que seja sua natureza ou forma visível. Por isso é que Jesus ressaltou a seus seguidores, como foi indicado acima: crede que já recebestes, é o  mesmo que dizer: saibam que nada lhes falta!

O ímpeto/impulso de nos dirigirmos a Deus por algo que desejamos ou queiramos é sinal de fé cristã que encontra no Salmo da Proteção uma forte ajuda, e que promete ajuda a qualquer tipo de petição:

“Eu salvarei aqueles que me amam e protegerei os que reconhecem que eu sou Deus, o Senhor. Quando eles me chamarem, eu responderei e estarei com eles nas horas de aflição. Eu os livrarei e farei com que sejam respeitados. Como recompensa, eu lhes darei vida longa e mostrarei que sou o seu Salvador” (Salmo 91: 14-16, NTLH)

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