Fresta
em nosso pensamento conturbado, também deixa passar luz
Para
quem gosta de apreciar as belezas dos céus, não raro se depara com situações
inspiradoras. Aconteceu comigo recentemente. De manhã cedo, olhei o céu que
estava encoberto de nuvens que prometiam chuvas iminentes. Em meio a esse
lençol de nuvens havia para o lado leste uma fresta que permitia a entrada de
uma réstia de luz do sol no cenário do dia. Lembrei-me de um dito popular
pertinente: “uma fresta deixa ver uma paisagem”.
Não
foi difícil transpor a cena para uma situação psicológica. Nosso pensamento se parece
muitas vezes como um colchão de nuvens a obliterar a visão direta da luz. Basta
uma fresta nesse ambiente enuviado para que a luz da Verdade da presença do bem
nos ilumine o ambiente mental. Essa luz inspira e ilumina todo nosso ser e
penetra nosso ser de várias maneiras. Às vezes basta um “cicio tranquilo e
suave”, como foi o caso de Elias (ver
1 Reis 19), que se sentia derrubado e
perseguido pela rainha de Israel. Estava tão acabrunhado que pediu para si a
morte—sentia-se no fundo do poço. As nuvens do remorso pesavam na consciência
dele.
Obedecendo
à ordem divina, postou-se à entrada da caverna que lhe servia de abrigo. Viu
passarem “forças” da natureza (vento, fogo, terremoto), mas percebeu quer o
Senhor não estava nessas manifestações de pseudo poder. Até que ouviu
“um cicio tranquilo e suave” (I
Reis. 19: 12).
Isso
lhe abriu o pensamento para a percepção de que nunca estivera fora da presença
de Deus. Essa pequena brecha ou fresta em meio à escuridão do medo, remorso,
incertezas lhe conferiu o retorno à sua condição de profeta do Senhor, capaz de
proezas extraordinárias diante do povo.
PONTO
METAFISICO:
A
analogia de uma fresta nas nuvens é um artifício de argumentação, pois, na
verdade, a luz do sol nos alcança mesmo estando o céu encoberto. Se assim não
fosse, não teríamos o dia que é símbolo da luz infinita sempre presente. Assim
também numa consciência humana ainda que obscurecida aparentemente, tem a luz
da Verdade e da Vida infinitas transparecendo em algum gesto, alguma palavra
que denote a claridade no pensamento. Mary Baker Eddy tem uma colocação
interessante:
“Envoltos nas
brumas do erro (o erro de se crer que a matéria possa ser inteligente parta o
bem ou para o mal), só podemos captar claros vislumbres de Deus [a verdade de nosso ser] quando a neblina [mental] se dissipa,
ou se torna tão tênue que percebemos a imagem divina em alguma palavra ou ato
que indica a verdadeira ideia—a supremacia e a realidade do bem, a nulidade e a
irrealidade do mal” (CeS, p. 205).
Cada
um pode esforçar-se por manter sua consciência limpa de materialidade para ser
transparente ou translúcida às verdades do ser criado por Deus. Assim a Verdade
pode entrar e purificar e iluminar o ambiente mental do homem, o que terá um
resultado de harmonização da experiência/vivência do mesmo; de superação de
limitações; de realização satisfatória na profissão; de êxito em
empreendimentos meritórios; de relacionamento harmonioso na família e na
sociedade; de cidadania exemplar entre seus pares.
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