Dever e privilégio de cada um
Contam os evangelhos que Cristo Jesus muitas vezes passava a
noite em locais isolados, orando, e que de manhã o povo ia ter com ele no
templo, e os doentes eram curados. Por quem orava Jesus nessas ocasiões? Acho
que orava por sua missão, sua proteção, pela humanidade; não sabemos ao certo.
O que sabemos é que o Mestre voltava fortalecido espiritualmente e pronto para
agir em favor da humanidade; por isso curava tanta gente.
Também nos relatos dos evangelhos lê-se que Jesus muitas
vezes alertava seus discípulos quanto à necessidade de estarem vigilantes em
relação às astutas artimanhas do diabo, o maior inimigo. No horto, antes de ser
preso, Jesus orava e seus discípulos dormiam: “Nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” (Mateus 26:40). Eles não
estavam apercebidos da importância histórica daquela hora; nem o apelo
angustiado de seu Mestre querido os motivou à vigília.
Nós cristãos, que aceitamos e nos propusemos a seguir Cristo,
devemos observar nossas atitudes no viver diário se não se parecem com o
despreparo dos discípulos naquela fatídica noite em Jesus foi preso, torturado,
injustiçado e sacrificado. “Vigiai e orai”
é a recomendação constante do Mestre cristão. Acaso a obedecemos?
Certa feita ele recomendou: “Tira primeiro a trave do teu olho; depois verás claramente para tirar o
argueiro do olho de teu irmão” (Mateus
7:3). Devemos tratar primeiro de limpar nosso pensamento e nossas atitudes de toda ação ou iniciativa que
não condiga com os deveres cristãos. No Sermão do Monte Jesus também alertou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus” (Mateus
5:8).
Vê-se que o Mestre se importava que seus seguidores (de
qualquer época) se ocupassem, vale dizer vigiassem para a manutenção de sua
consciência no caminho ensinado por ele, de mantê-la pura e livre de injunções
mal direcionadas da mente mortal (ou diabo). Só temos condições de ajudar o
próximo quando nós estamos em condições adequadas de harmonia com a Mente
divina. Assim orar por nós—vigiar—é a ação que nos põe em condições de ajudar o
próximo. Quanto tempo devemos dedicar a essa tarefa? Minutos, horas? Depende da
ocupação pessoal e inclinação espiritual de cada um. Uma coisa é certa, suas
atividades transcorrerão de modo harmonioso e satisfatório para si e para todos
os envolvidos. Gozaremos de proteção, nós e os envolvidos em nossas orações.
Gosto de preparar-me para o dia, com a Oração Diária dada por
Mary B. Eddy no Manual da Igreja: “Estabeleça-se
em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos, e elimine de mim todo
pecado.” (Manual,
p. 41 ). Até aqui a
preparação individual. Depois de eliminado o pecado de mim, posso ver com
clareza o caminho/meio para ajudar o próximo. Deixando que o Amor e a Verdade
dominem em mim, minhas atitudes e ações serão de solidariedade, compaixão,
fortaleza moral e espiritual. Não é disso que a humanidade precisa?
Depois de purificado meu ego, estou pronto a orar pela
humanidade com o restante da oração mencionada acima: “Que Tua palavra enriqueça os afetos da humanidade, e os governe”.
Muito linda a colocação da ideia de deixar a Deus a tarefa de “enriquecer [ou aprimorar] os afetos da humanidade”. Isso significa reconhecer que Deus tem
infinitamente melhores condições de realizar a tarefa de aprimorar as afeições
e interesses do gênero humano. Não nos cabe definir tarefas para o Pai-Mãe
infinito, mas sim reconhecer Sua presença e Seu poder supremo e irresistível
para tal tarefa.
O Cristão pode encontrar muitas fontes de inspiração para a
tarefa de orar por si. Os Salmos, o Sermão do Monte, epístolas dos apóstolos
(p. ex. 1. Corintios
13), e tantas outras passagens bíblicas. O que o cristão não pode fazer é
negligenciar seu dever de vigilância e oração por si e suas atividades. Orar
por si, sua proteção e seu progresso, é o compromisso que o Cristão herdou com
a doutrina legada pelo Mestre Cristão—uma religião prática e universal—e que
nos desafia com sua asserção: “Pelos seus
frutos os conhecereis” (Mateus
7:16).
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