Esses tópicos formam nossa experiência
O gênero humano gira na sua
existência em diversos níveis de consciência. Ou está consciente da
materialidade e seus apelos de toda ordem para satisfazer os sentidos físicos
ou por eles sofrer; ou está consciente da espiritualidade e suas manifestações
harmoniosas; há ainda um estágio intermediário, em que a consciência humana
pende hora para materialidade hora para moralidade. O pensamento humano costuma
admitir que seja bom conhecer ambos os lados de um assunto, para obter melhor
entendimento do caso. Com isso acaba aceitando a validade de conceitos opostos
que mutuamente se combatem ou destroem.
Um entendimento das facetas
particulares da materialidade e da moralidade é muito fácil de alcançar; cada
lado tem suas particularidades francamente perceptíveis. Já entre a moralidade
e a espiritualidade não é tão fácil visualizar as diferenças. Será que existem?
Digo que sim. De modo simples poderíamos
dizer que a moralidade se dirige aos nossos semelhantes, e espiritualidade
dirige-se a Deus. Para se ter certeza de
compreender cada aspecto é preciso mergulhar num exercício de aprendizado
espiritual.
Para melhor esclarecimento de o
assunto, tomo o que diz Mary Baker Eddy no seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Na página 115 ela expõe
os quadros que compõem cada nível de existência. Na materialidade
encontramos a seguinte família de situações: “Crenças más, emoções descontroladas e vícios, medo, vontade depravada,
justificação do ego, orgulho, inveja, fraude,
ódio, vingança, pecado, doença, enfermidade, morte”. É só abrir um jornal
para vermos que esses “malfeitores” nos afrontam todo santo dia.
Dentro da moralidade encontramos esta simpática família: “Senso humanitário, honestidade, afeto,
compaixão, esperança, fé, mansidão, temperança”. Encontramos diariamente
componentes dessa família de qualidades. Pessoas que as expressam são
reconhecidas, individual e coletivamente, como expoentes de cidadania. São
queridas pela sociedade em geral.
Dentro da espiritualidade encontramos: “Sabedoria, pureza, compreensão espiritual, poder espiritual, amor,
saúde, santidade.” Quando olhamos por essas qualidades, geralmente olhamos
para cima; algumas nos parecem inalcançáveis. Nem sempre divisamos a natureza
espiritual de algum tópico, p. ex. saúde.
Posto assim de forma clara e
simples fica fácil para nós identificarmos em que reino nos movemos ou se movem
nossos pensamentos e atitudes. Nosso pensamento humano costuma mover-se para
cima ou para baixo dentro desses níveis de existência. Geralmente formamos
dentro do segundo nível nossos padrões de coexistência para dominar o padrão da
materialidade. Mas é no terceiro nível que se encontra a solução para os
problemas humanos. É para esse nível que os ensinamentos de Cristo Jesus nos
levam. Ele foi o mais elevado exemplo de espiritualidade demonstrada por alguém
entre os homens. As obras de cura que realizou e disponibilizou para a
humanidade são exemplos do que a espiritualidade pode fazer por nós. O nível
espiritual demonstra domínio sobre os outros dois.
Na Bíblia temos exemplos dos três tipos de gênero humano.
Gostaria de falar apenas de dois para ilustrar uma situação da história bíblica
que nem sempre é compreendida. Houve dois personagens do Novo Testamento que
exemplificam bem: Jesus Cristo e João Batista.
Eram contemporâneos e parentes. João pregou o arrependimento dos gentios,
batizou no Rio Jordão a quantos vieram a ele e aceitavam sua palavra. De Jesus
ele dizia que esse seria o Salvador, que era superior a João, que batizaria com
Espírito Santo. Na coragem moral e veemência de seus discursos atacou a vida
dissoluta da rainha e sua família. Acabou preso e condenado à morte.
Sobre João Batista o Mestre disse
que não havia no mundo homem melhor do que João; mas (palavra terrível!) disse
também que o menor no reino dos céus é maior do que João. Palavra dura. Mas o
que quer isso dizer? João Batista era um expoente de moralidade (reino dos homens) mas praticamente nulo de espiritualidade (reino dos céus). Sua
fortaleza moral não lhe conferiu força espiritual.
Eddy, no mesmo livro mencionado
acima, dá um conselho prático para as
pessoas que buscam elevar suas vidas e ter uma existência mais harmoniosa. Diz:
“Precisamos formar modelos perfeitos no
pensamento e contemplá-los continuamente, senão nunca os esculpiremos em uma
vida sublime e nobre. Que o desprendimento do ego, o bem, a misericórdia, a
justiça, a saúde, a santidade, o amor – o reino dos céus [espiritualidade] -- reinem em nós, e o pecado, a doença e a
morte [materialidade] diminuirão até finalmente desaparecerem” (p.
248).
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Gostei muito do seu artigo. Acho que compreendo o quer dizer. É comum eu enfrentar momentos em que me sinto pressionada pela materialidade ou moralidade, não sabendo se devo ir numa direção ou outra, que parecem opostas, e o modo como geralmente tento resolver essa questão é imaginar uma terceira direção, a espiritual. Percebi que com apenas duas referências não chegaria no crescimento global que eu aspiro. Assim fiz uma analogia desse crescimento à subida de uma escada: se me movimentar só para cima ou para a frente, não subo a escada, porém com ambos os movimentos posso chegar no topo dela. § O crescimento por degraus é uma analogia bastante educativa. Um degrau também proporciona uma base sólida sobre a qual galgar um passo espiritual. Hoje estamos bastante familiarizados com essa ideia em gráficos de negócios, de metas a alcançar, de avaliação do aprendizado de alunos, então percebi que também posso avaliar assim meu progresso na espiritualidade, juntamente com os progressos na materialidade e na moralidade. § Muitas vezes, quando eu avaliei uma situação ao meu redor como adversidade, eu tentei buscar uma solução olhando só “para cima”, digamos que na direção da materialidade, procurando crescer no meu bem-estar ou “para mim”. Outras vezes, busquei uma solução que também não funcionou pois estava só olhando para os lados, “para os outros”, seu bem-estar ou seus conceitos, digamos que na direção da moralidade. Refleti que, as vezes que eu encontrei uma solução, eu a havia buscado na direção da espiritualidade, a qual se encontrava sobre a fundação da materialidade e da moralidade, um degrau acima e a frente de onde eu olhava. Com isso, compreendi por que, na verdade, não criamos soluções, ou degraus, Deus criou realidades solucionadas e nós criamos problemas. Assim, a nós compete galgar degraus. § Mas não cheguei aqui sem quedas ou tropeços. Vale dizer que nem um de nós tem o luxo de parar por aí, uma vez que nossa caminhada espiritual prossegue. Quando eu era mais jovem, uma mensagem de incentivo para ir em frente nessa busca, dizia que eu deveria “mirar na lua pois, se não alcançasse, certamente cairia numa estrela”. De fato eu havia alçado altos voos e “cair e levantar” fazia parte deles, mas, com o tempo, desejei abandonar “cair, queda e levantar” por ”ficar por cima”, não no sentido de tirar vantagem, mas como meta de viver numa realidade progressiva e espiritualmente mais elevada. Adivinhe, isso ainda não existe no meu mundo, mas meus esforços têm dado grandes resultados. § Quando conheci a teoria de Vygotsky que diz que aprendemos melhor na zona proximal de desenvolvimento e no convívio com “nossos pares”, ou “o outro”, compreendi que muitas vezes eu estava “fugindo dos problemas” ou “criando uma sugestão mental da ausência deles”, provavelmente tropeços comuns na caminhada dentro da Ciência Cristã. De fato, muitas vezes, os lindos voos espirituais nos afastam da nossa realidade. Nesses momentos, sinto-me encorajada pelas palavras simples da falecida praticista e cientista cristã, Sra. Gisela Bier, que me disse que “a planta também floresce onde está plantada”, ou seja, Deus é onipresente e por certo eu posso alcançar melhor entendimento da realidade e viver relativamente bem em qualquer situação aparente. § Por isso, sou também muita grata a artigos como esse seu, Sr. Ovídio Trentini, que nos trazem inspiração e força, a minha bisavó, Sra. Guilhermina Matchinske, que nos apresentou a sua mãe, a Frau Trentini, as quais compartilharam ensinamentos cristãos, que permanecem até as gerações de hoje, ainda que não professados verbatim, ou palavra por palavra. E por fim mas não menos, sou grata que a Ciência Cristã, continua a ir além de uma simples denominação religiosa.
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