A harmonia na natureza se expressa a partir da
harmonia espiritual
Ao contemplar uma bela
paisagem, ouvir um clássico da música ou observar uma pintura de mestre, a
gente nem sempre se dá conta de que elas, basicamente, têm algo em comum: são
os sete itens que constituem a base da harmonia que se vê, ouve ou sente.
É sabido que
as cores são uma mistura diversificada das sete tonalidades do espectro que
forma a cor branca. A decomposição da luz no espectro solar revela sete cores
básicas. Estas cores e suas nuances ou combinações estão presentes em todo
objeto visível. A cor é o reflexo da luz.
Onde não há cor, não há luz, tudo é preto ou sombra. Pintores aproveitam
essa variadíssima gama de cores para representar a beleza natural. Cores e
traços mal combinados não são agradáveis de observar.
A música tem
na escala de sete tons a base para sua manifestação. Qualquer composição, desde
a mais simples toada até a mais complexa sinfonia, expressa a combinação
variada desses tons, que podem soar diferentemente conforme o timbre do
instrumento musical. Cordas, sopro e percussão, tocando a mesma nota musical
identificam o instrumento que a emite. Cada um tem sua particularidade, sua
individualidade. Os compositores, cada um no seu estilo, combinam
magistralmente os tons da escala para trazer à luz a harmonia. Notas ou tons
mal combinados não são harmoniosos, não são bons de ouvir.
Penetrando
algo mais na questão da percepção da beleza e da harmonia de um quadro, de uma
sinfonia ou de uma paisagem, pergunto se essa percepção é um exercício apenas
do sentido da visão ou da audição? É compreensível que assim não seja, e isso
se vê no fato de que diferentes pessoas sentem diferentemente a harmonia ou a
beleza do que é observado. O que alguém gosta, outrem pode detestar. A forma
diferenciada de apreciação por parte das pessoas baseia-se na individualidade
delas. Há um sentido—além dos cinco sentidos corpóreos—presente na consciência
de cada indivíduo que o faz perceber, a seu modo, aquelas “coisas” que
transcendem o que os sentidos físicos percebem. É o sentido espiritual que
engloba todos os sentidos ou sentimentos do homem; ex: alegria, felicidade,
harmonia, paz, fraternidade, e também visão e audição. Dou um exemplo. Um
compositor, antes de transcrever as tonalidades para a partitura, tem a música
no seu “ouvido” espiritual. Ele “ouve” e percebe como os sons se mesclam e
destacam entre os diversos instrumentos. Com sua experiência, põe a música no
papel (traduz tons em notas) e ela, então, pode ser tocada e ouvida pelos
outros. Até então só compositor a ouvia. E com que sentido? O sentido
espiritual, pois ainda não havia a música tocada por algum instrumento. Em
relação a Beethoven, com sua surdez, o fenômeno era patente e nítido.
Esse contexto
da criatividade na seqüência idéia-objeto está presente em cada ato criador.
Primeiro o sentido espiritual vê, ouve, percebe, o objeto ou obra como idéia,
que depois será percebido pelos
sentidos. A criação do mundo e do universo deu-se de igual modo. Antes de
aparecer a criatura, já havia a idéia concebida na Mente divina. Sob este
enfoque, o relato da criação registrada no primeiro capítulo do Gênesis, é uma
sucessão de etapas de concepção pela Mente divina. “Haja” luzeiros no céu, plantas e animais, “e assim se fez”. Hoje vemos luzeiros no céu, plantas e animais
porque Deus, a Mente, assim os concebeu. Inclui-se aí na criação divina o
gênero humano que teve o privilégio de serem o homem e a mulher criados “à imagem e semelhança de Deus...E viu Deus
tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gen. 1:26,31).
Dá para
perceber a harmonia nessa obra criativa? Sim, até podemos senti-la com os cinco
sentidos (o canto dos pássaros, a textura das coisas, etc), podemos vê-la com
os olhos, mas percebê-la isso é com o sentido espiritual. E há também
aqui uma diversidade de sete características básicas do Criador, as quais
permeiam toda a criação. São elas: Vida, Verdade, Amor, Espírito, Alma,
Princípio e Mente, todas declaradas nas Escrituras de modo explícito ou
implícito. Esse espectro variado forma a natureza completa do Ser infinito,
eterno, supremo chamado Deus.
Todas as
formas harmoniosas da natureza representam idéias dessa Natureza divina
infinita. O homem—nome genérico―criado à imagem e semelhança de Deus, é também
a imagem e semelhança do Espírito, do Amor, da Vida, da Mente (todos com letra
maiúscula por serem sinônimos de Deus). É ao mesmo tempo idéia e representação,
e para tanto reflete, manifesta e expressa as qualidades de sua fonte imortal.
Todos esses atributos do homem (imagem, semelhança, idéia, reflexo, expressão,
manifestação, representação) se desenvolvem e existem num grandioso concerto de
harmonia ideal. O Mestre Cristo Jesus ponderou: “Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus
5:48).
Os sete
sinônimos de Deus, bem como os sete atributos referentes ao homem, poderíamos
comparar aos sete tons da escala musical ou do espectro solar. O entrelaçamento
complexo e variado de âmbito universal entre idéias e objetos gera a harmonia
espiritual que inclui todos os aspectos da existência humana. A título de
curiosidade, na literatura hebraica, o número “sete” representa a totalidade.
Mary Baker
Eddy, (fundadora do movimento da Christian Science) em sua obra Ciência
e Saúde com a Chave das Escrituras*, relacionou a música com o homem do
seguinte modo: “A harmonia no homem é tão
bela como na música, e a discordância é
desnatural, irreal” (p. 276), e em outro trecho: “As melodias e toadas mentais da música mais suave superam o som audível. A música é o ritmo da cabeça e do coração”
(p. 213).
.o0o.
Cinco sentidos, sinergia deles dá 6, mais o espiritual, 7, que nos permitem entender, apreciar e louvar a existência humana, do universo e do Criador. Ciência Cristã, um belo presente de minha bisavó, Sra. Guilhermina Matchinske, louvada seja. Abraços.
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