Quem passa por locais onde há grandes araucárias,
poderá perceber como elas vão renovando
sua indumentária lenhosa. Vi, certa vez,
uma frondosa árvore dessa espécie desprendendo grandes lascas de casca rugosa,
deixando aparecer uma superfície suave,
de cor violácea, de grande beleza.
Regozijei-me de poder presenciar essa maravilha da natureza.
Na experiência humana pode-se traçar um
paralelo. Toda pessoa, qualquer que seja
sua evidência exterior, física ou moral, tem no seu interior belezas da alma
que, sob certas circunstâncias, vêm à tona.
É comum ver-se em filmes, cenas de um malfeitor que desrespeita até os
mais comezinhos direitos alheios, mas que diante da família ou a lágrima de um
filhinho se desmancha em atenção.
Os seres humanos precisam deixar cair a rugosa e
feia casca de contato com seu círculo de relações, e evidenciar nesse mesmo
ambiente as qualidades morais e espirituais de seu belo ser interior. Esse procedimento é totalmente benéfico para
a sociedade. E quanto mais ele se
aproximar da Regra Áurea do Cristianismo: “Faça
aos outros o que queres que te façam!”
tanto mais carregado estará de bênçãos aos outros e para si mesmo.
Ouvi, certa feita,
o relato de uma jovem que havia sido raptada por um rapaz. As intenções dele eram evidentes. Enquanto sentada no carro dele, orava
quietamente para perceber a presença de Deus e saber que cada filho de Deus
reflete e expressa as qualidades herdadas do Pai-Mãe divino. Quando o raptor perguntou a razão de silêncio, ouviu da moça explicação da oração
que estava fazendo, e de como estava se esforçando para ver e compreender a
natureza de filho de Deus naquele exato momento. A conversa dos dois seguiu-se por várias
horas enquanto rodavam a esmo. Quando,
enfim, a moça foi deixada perto de casa, sem ter sido tocada, ouviu o
comentário: “Tiveste sorte hoje de encontrar um homem tão bom como eu!”
A oração crística daquela jovem determinou o
resultado harmonioso da sua experiência.
Assim como ela, todos nós determinamos a harmonia ou desarmonia de nossa
experiência humana de acordo com o tipo de pensamentos que abrigamos. O cristão que tem o desejo de seguir as
instruções do Mestre Cristo Jesus, tem de obedecer ao mandato: “Amai os vossos inimigos”. Isso nem sempre é fácil; mas dentro de nossa
religião é fundamental. Às vezes vemos
inimigos (ou seja, pessoas que parecem merecer nossa crítica) até onde não
existem; por exemplo, em casa, no trabalho, no trânsito, na nossa igreja, ou na
igreja de outros. Joguemos fora nossa
disposição de criticar (achar que somos melhores) e amemos como queremos ser
amados; aprendamos a ver por baixo da casca exterior. Isso fará
do mundo um lugar melhor!
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