Nosso sentido de vida: se baseado
na matéria, nos assusta; se elevado nos ampara e fortalece
Moisés quando foi instado por Deus
a que se dispusesse a tirar o povo de Israel do Egito (ver Êxodo 4), o
patriarca teve suas dúvidas quanto estar à altura de tão portentoso trabalho. Mas
antes ele precisava aprender a confiar em seu Deus e no poder infinito, e isso
o mais depressa possível. Deus lhe propiciou duas lições memoráveis que
serviram para redirecionar e fortalecer sua fé: o bastão de apoio que se
transformou em cobra (Exo 4:2) e a mão que se tornou leprosa quando tocou o
peito (Exo 4:6). Diz o relato bíblico que Moisés fugiu da cobra quando viu em
que se transformara seu bastão. Homem experiente da vida no deserto sabia o
perigo que significava encarar uma serpente. Mas a voz interior (divina) lhe
disse para pegar a cobra pela cauda, e assim ela voltou a ser o seu conhecido bastão de apoio.
Essa história sempre me interessou
como uma vivência importante para o patriarca judeu. Nunca associei o incidente
como algo prático para mim. Recentemente me vi acossado por sintomas de
mal-estar muito desagradável. Como sempre faço, voltei-me a Deus em oração. E,
como sempre, a resposta veio numa sentença bíblica: “O que é que tens na mão?” Reconheci a frase de Êxodo, mas não vi
nenhuma vara ou bastão de apoio na minha mão. Então a significação tinha que
ser sublimada. Mas que é o que eu tinha na “mão” para me apoiar?
Após bastante elaboração mental,
comecei a perceber que um tipo de bastão de apoio podia ser meu entendimento da
existência humana. Vi que um entendimento meramente acadêmico ou intelectual faria com que minha visão da existência se
arrastasse no pó da materialidade e da mortalidade, o que certamente era o que
estava me assustando. Isso é muito fácil de acontecer, pois o conhecimento
científico joga sobre a humanidade uma montanha de “conhecimentos”, todos
baseados na materialidade e na suposta realidade da vida e inteligência na
matéria. Assim, tudo que vemos e
sentimos no corpo parece tão verdadeiro e real. Se esta fosse a base de nossa
compreensão da existência do homem--nosso bastão de apoio--então pareceria
normal viver com medo, pois tudo soe acabar no desconhecido e na morte.
Moisés foi ordenado a pegar a cobra
“pela cauda”. Tinha que tirá-la do
seu elemento daninho, a matéria. Obedecendo a ordem, com coragem moral, viu-a
voltar a ser um bordão, seu conhecido cajado e instrumento de trabalho como
pastor de ovelhas. Quando ele elevou seu pensamento, voltou-lhe a sensação de
domínio. Vale dizer, quando ele elevou seu entendimento da existência do homem
acima das aparências dos sentidos materiais (isto equivaleu a pegar a cobra e
levantá-la, tirando-lhe o ponto de apoio na matéria), isso se lhe tornou numa
maravilhosa força espiritual, a qual ele iria precisar e usar na peregrinação
pelo deserto.
Podemos traduzir a experiência de
Moisés ao nosso tempo, perguntando-nos: “Em que bastão estamos nos apoiando?” Estamos
baseando nosso conceito do ser na materialidade ou estamos buscando
identificá-lo com a espiritualidade? Num caso é o mundo quem nos ensina e no outro é o Espírito. Pode-se comparar a
situação com a explicação do apóstolo Paulo quanto ao pendor do espírito ou
pendor da carne. Escreveu ele (NTLH): “As
pessoas que vivem de acordo com a natureza humana têm sua mente controlada por
essa natureza. Mas os que vivem de acordo com o Espírito de Deus têm a sua
mente controlada pelo Espírito. As pessoas que têm a mente controlada pela
natureza humana acabarão morrendo espiritualmente; mas as que têm a mente
controlada pelo Espírito de Deus terão a vida eterna e a paz” (Rom. 8:5,6).
Temos aí a livre escolha. O resultado em nossas vidas, corresponderá ao rumo de
nossa opção. Ah, sim, os sintomas que me afligiam desapareceram enquanto
escrevia estas linhas.
..oo0oo..
excelente artigo! Obrigado.
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