quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

“O que é isso que tens na mão?”

Nosso sentido de vida: se baseado na matéria, nos assusta; se elevado nos ampara e fortalece

Moisés quando foi instado por Deus a que se dispusesse a tirar o povo de Israel do Egito (ver Êxodo 4), o patriarca teve suas dúvidas quanto estar à altura de tão portentoso trabalho. Mas antes ele precisava aprender a confiar em seu Deus e no poder infinito, e isso o mais depressa possível. Deus lhe propiciou duas lições memoráveis que serviram para redirecionar e fortalecer sua fé: o bastão de apoio que se transformou em cobra (Exo 4:2) e a mão que se tornou leprosa quando tocou o peito (Exo 4:6). Diz o relato bíblico que Moisés fugiu da cobra quando viu em que se transformara seu bastão. Homem experiente da vida no deserto sabia o perigo que significava encarar uma serpente. Mas a voz interior (divina) lhe disse para pegar a cobra pela cauda, e assim ela voltou a ser o seu conhecido  bastão de apoio.

Essa história sempre me interessou como uma vivência importante para o patriarca judeu. Nunca associei o incidente como algo prático para mim. Recentemente me vi acossado por sintomas de mal-estar muito desagradável. Como sempre faço, voltei-me a Deus em oração. E, como sempre, a resposta veio numa sentença bíblica: “O que é que tens na mão?” Reconheci a frase de Êxodo, mas não vi nenhuma vara ou bastão de apoio na minha mão. Então a significação tinha que ser sublimada. Mas que é o que eu tinha na “mão” para me apoiar?

Após bastante elaboração mental, comecei a perceber que um tipo de bastão de apoio podia ser meu entendimento da existência humana. Vi que um entendimento meramente acadêmico ou intelectual  faria com que minha visão da existência se arrastasse no pó da materialidade e da mortalidade, o que certamente era o que estava me assustando. Isso é muito fácil de acontecer, pois o conhecimento científico joga sobre a humanidade uma montanha de “conhecimentos”, todos baseados na materialidade e na suposta realidade da vida e inteligência na matéria.  Assim, tudo que vemos e sentimos no corpo parece tão verdadeiro e real. Se esta fosse a base de nossa compreensão da existência do homem--nosso bastão de apoio--então pareceria normal viver com medo, pois tudo soe acabar no desconhecido e na morte.

Moisés foi ordenado a pegar a cobra “pela cauda”. Tinha que tirá-la do seu elemento daninho, a matéria. Obedecendo a ordem, com coragem moral, viu-a voltar a ser um bordão, seu conhecido cajado e instrumento de trabalho como pastor de ovelhas. Quando ele elevou seu pensamento, voltou-lhe a sensação de domínio. Vale dizer, quando ele elevou seu entendimento da existência do homem acima das aparências dos sentidos materiais (isto equivaleu a pegar a cobra e levantá-la, tirando-lhe o ponto de apoio na matéria), isso se lhe tornou numa maravilhosa força espiritual, a qual ele iria precisar e usar na peregrinação pelo deserto.

Podemos traduzir a experiência de Moisés ao nosso tempo, perguntando-nos: “Em que bastão estamos nos apoiando?” Estamos baseando nosso conceito do ser na materialidade ou estamos buscando identificá-lo com a espiritualidade? Num caso é o mundo quem nos ensina  e no outro é o Espírito. Pode-se comparar a situação com a explicação do apóstolo Paulo quanto ao pendor do espírito ou pendor da carne. Escreveu ele (NTLH): “As pessoas que vivem de acordo com a natureza humana têm sua mente controlada por essa natureza. Mas os que vivem de acordo com o Espírito de Deus têm a sua mente controlada pelo Espírito. As pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana acabarão morrendo espiritualmente; mas as que têm a mente controlada pelo Espírito de Deus terão a vida eterna e a paz” (Rom. 8:5,6). Temos aí a livre escolha. O resultado em nossas vidas, corresponderá ao rumo de nossa opção. Ah, sim, os sintomas que me afligiam desapareceram enquanto escrevia estas linhas.

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