Uma ideia sobre a
qual é bom pensar
Há
algum tempo ouvi, durante uma cerimônia de sepultamento, o Pastor dizer que o “homem começa como idéia de Deus”.
Como
gosto desse tema, pus-me a aprofundar o exame dessas palavras, para entender
melhor seu significado que eu sabia ter elevado valor espiritual. “O homem uma
idéia de Deus!” Que entendimento lógico poder-se-ia desdobrar a partir dessa
premissa? Como Cristãos podemos buscar nas Sagradas Escrituras os subsídios
metafísicos balizadores de um raciocínio lógico, de base cristã.
Para
que haja uma idéia, tem de haver primeiro uma mente, e neste caso em foco a
Mente é divina (por isso grafei com letra maiúscula). Idéias são o produto da
mente, e se a Mente é a divina, suas idéias o que são? Esse é um conceito
interessante, falando-se de um atributo de Deus, que goza juntamente com outros
de infinidade, todo-poder, eternidade, onisciência, atributos próprios da
natureza divina. A Mente de Deus é onisciente, por isso sabe tudo, nada escapa
ao seu entendimento, nada escapa de sua memória. Ela pode ter infinitos
pensamentos, não há limites para ela. Como Deus é bom, Sua Mente é boa e Suas idéias
também são boas. É inconcebível que uma Mente boa possa ter pensamentos maus. É
inaceitável que uma Mente sã possa ter pensamentos doentios. Impossível que uma
Mente amorosa tenha pensamentos malvados. Mente e idéia gozam de afinidades. A
Mente, a causa, gera ideias semelhantes, os efeitos. Assim, para
entender a idéia, deve-se começar por entender a Mente que a concebeu.
É
bom saber que a Mente divina, como também a humana, não tem forma qual um
objeto material. Sua forma é antes um modo de agir. Os pensamentos dessa mente
têm a forma da ação dessa mente, a direção de seus interesses, a consecução de
seus ideais. O homem como idéia de Deus, é um ser sem forma. Não podemos olhar
para um corpo físico e dizer que seja a idéia de Deus. Uma idéia de Deus não
tem forma delimitada. Esta forma visível, quando muito, representa a idéia e
demonstra as qualidades e funções idealizadas para aquele ser.
Na
ideia concebida na Mente divina, estão presentes todas as qualidades pensadas
pelo Pai-Mãe divino para o seu filho, ou Sua filha. Cada idéia tem suas
qualidades, o que torna o homem uma individualidade. O conjunto infinito de
individualidades constitui a identidade de todas elas. Muitas individualidades,
mas uma só identidade: a de filhos de Deus.
Essa
característica de isenção de forma sugere-me que nem a mente humana nem a Mente
divina podem estar contidas em algum espaço limitado. Em relação à Mente divina
é fácil compreender tal disposição, pois ela é infinita; mas em relação à mente
humana esse fato só é compreendido a partir da conclusão de que o homem idéia-de-Deus
não tem forma física. Então, sua mente não pode estar confinada em uma forma
óssea. Vale dizer, a mente não está na matéria. A mente pensa, mas não dentro do
cérebro.
Essa
questão de que uma forma não possa conter a mente, não é difícil de compreender,
desde que entendamos que a Mente é Espírito e que este é infinito. Diria alguém
que o maior possa estar no menor, ou que o infinito entre no finito? O Espírito
não está na matéria. A Mente não entra na finidade do físico. A atividade da Mente
independe do cérebro. As qualidades espirituais manifestam a Mente que é
Espírito, em quem o homem-idéia existe como individualidade espiritual,
que
é a realidade de nossa existência.
A
colocação de que o homem é uma idéia de Deus, deixa claro imediatamente o fato
de que o homem é uma criação da Mente. Essa criação é descrita no livro de
Gênesis como ocorrendo em tantas etapas ou dias, que são revelações das idéias
que a Mente concebeu, todas reconhecidas como boas:
“Viu Deus que isso era bom” (Genesis 1).
A
Mente estava satisfeita com sua obra ideal, ou seja, com suas idéias. O mesmo
acontece com os humanos. Se uma cozinheira vai fazer um bolo, um marceneiro uma
mesa, tem que primeiro idealizar sua obra, e quando estiver satisfeito com sua
idealização, age para que o objeto apareça, e se pareça com a idéia mantida na
mente. Assim, a forma visível representa a idéia e expõe suas funções e
qualidades, as quais já estavam originalmente presentes na idéia. Se a idéia
concebida não contiver as qualidades, estas não podem ser incluídas no
objeto. Proponho aqui um dilema ao
querido leitor; o que é mais importante: a idéia ou o objeto?
Outro
fato importante a respeito do conceito de Deus como Mente, é que há um só Deus
e por isso uma só Mente. Não muitos deuses nem muitas mentes. Havendo só uma
Mente, as idéias por ela concebidas—os filhos e as filhas de Deus—gozam de
qualidades semelhantes por serem oriundas da mesma e única fonte. Quando o Criador disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança” expressou Seu desejo de que Sua criação
partilhasse dos atributos divinos. Qual homem assume esse papel de semelhante a
Deus: o corporal ou o ideal (idéia)?
“Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de
Deus o criou; homem e mulher os criou... Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que
era muito bom” (Gen. 1: 27, 31).
Bom
é para a humanidade que Deus tenha criado homens e mulheres à semelhança dEle.
Isso iguala os sexos desde sua origem, e acaba com a descabida dissensão que a
humanidade há tempos estipula. Sendo o homem e a mulher oriundos da mesma
fonte, gozam das mesmas qualidades intrínsecas ou espirituais. Visualmente são
diferentes. Sim, pois cada idéia tem sua individualidade garantida na Mente
criadora. Nenhuma razão, pois, para o gênero humano tentar desfazer essa
igualdade original. No dizer popular: “Somos vinho da mesma pipa”. Somos filhos
do mesmo Pai-Mãe.
Dou
razão ao Pastor: o homem é uma idéia de Deus! Essa verdade me diz que, por ser
idéia, o homem não é corporal. Para ser a imagem e semelhança de Deus,
Espírito, o homem não pode ser material. Por refletir a Vida, Deus, o homem-idéia
é imortal. O verdadeiro ser do homem é espiritual. Para vê-lo temos que elevar
nosso olhar, como Jesus quando ressuscitou Lázaro, vale dizer, desviar o olhar
da materialidade para a espiritualidade. O saber humano que não segue essa
regra, pois ainda está apegado ao reino material onde tudo o que vê é aceito
como real. Por isso a razão, baseada na compreensão espiritual, estabelece uma
diferenciação mental entre o físico e o espiritual. O raciocínio que toma como
premissa a realidade do Espírito infinito, da Mente divina, do Amor eterno,
reconhece e aceita o homem ideal, espiritual e perfeito como verdadeiro. Essa
era com certeza a posição mental do Mestre Cristão quando disse:
“Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial”
(Mateus 5: 48).
É
possível essa coincidência segundo a materialidade? Nunca. Ela só é possível
segundo a espiritualidade. Essa lógica metafísica me convence. E com isso
vou vivendo a plenitude do bem e da
graça divina, emulando as obras e o preceito de Cristo Jesus:
“Aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço”
(João 14:12).
Lendo
o livro Ciência e Saúde com a
Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, grande mestra
de metafísica dos tempos modernos, encontrei a seguinte resposta à pergunta “O que é o homem?”:
“O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos nem
de outros elementos materiais. As Escrituras nos informam que o homem é feito à
imagem e semelhança de Deus. A matéria não é essa semelhança... O homem é
idéia, a imagem, do Amor; ele não é físico. Ele é a ideia de Deus, ideia
composta que inclui todas as idéias corretas” (p.
475).
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