sexta-feira, 20 de maio de 2016

Não tropeçar numa irrealidade

Tropeços ao caminhar muitas vezes são causados por pequenas saliências que descuidamos em nosso caminho. Grandes obstáculos são facilmente vistos e desviados. Os pequenos geralmente são despercebidos até nos causarem uma queda ou quase queda.
Em nossa vida também encontramos todo tipo de motivos de tropeço: medo, rancor, ódio, ignorância, doença, desafios de toda ordem. Alguns afetam nossa integridade física, outros ameaçam nossa integridade moral, quando não a espiritual.
A Bíblia, com suas mensagens voltadas à perfeição do Deus criador e Sua maravilhosa criação, nos oferece muitas passagens que deixam bem claro a quem podemos recorrer para nos protegermos de “tropeços” de toda ordem. Gosto muito, por exemplo, da seguinte mensagem:
O Senhor “aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Salmo 91: 11, 12)
Nesses versículos o salmista mostra seu discernimento de verdades espirituais que guiam e norteiam—ou deveriam nortear—nossas  vidas. Os anjos de Deus, que têm ordens do Pai para nos protegerem, são os pensamentos ou intuições divinas que nos vêm durante a oração ou em momentos de necessidade. As “pedras” de que eles nos protegem não são materiais; são percalços mentais que albergamos no pensamento e que fustigam o pensar claro. Esse pensar claro é nossa resposta aos anjos de Sua presença que nos protegem de qualquer circunstância quiçá ameaçadora.
Quem estuda a Ciência do Cristianismo aprende a reconhecer como irrealidade as circunstâncias ou ameaças materiais por serem opostas às criações de Deus-Pai. Tudo o que pertence ao reino, domínio ou universo de Deus tem dEle a chancela da realidade. Deus como Verdade e Mente criadora cria todas as formas de realidade, com as quais convivemos mental e espiritualmente. O apóstolo Paulo deu a dica dessa proposição:
Nele vivemos, nos movemos e existimos(Atos dos Apóstolos, 17: 28).
Algumas formas de realidade são a saúde, a alegria, a felicidade, a força, a inteligência, a coragem, e assim por diante. Seus opostos são, portanto, formas de irrealidade. Assim, temer a doença, por exemplo, é aceitar uma irrealidade pois sempre tememos o que nos parece real. Sentimos algum sintoma adverso e já vem a sugestão de que algo doentio esteja se evidenciando no corpo. Por isso temos medo dela. Esse medo da doença ou de alguma moléstia é como uma pedra de tropeço em nossa fé cristã, pois na fé não há medo; há confiança e certeza. Em nossas considerações sobre a existência do homem, temer a doença é como tropeçar numa irrealidade. Crer no mal, de qualquer tipo, é tropeçar numa irrealidade.
Às vezes esse tropeço nos derruba pessoalmente. O que fazer então? É fazer o que faz uma pessoa que tropeça numa pedra ou saliência no piso. É levantar-se e refazer o passo sobre o obstáculo para demonstrar a si mesmo que pode superar essa adversidade. Os tropeços espirituais representados pelo medo ou angústia tenderiam a nos fazer crer na irrealidade, alimentados que são pelos sintomas evidenciados pelo corpo. Esse é o processo mental que se dá em nossa consciência. Acreditamos nos sintomas e sofremos com isso; mas a compreensão de que o mal é irreal como oposto ao Bem, expulsa o medo e, com isso, remove o tropeço em nossa existência. Então, não tropeçamos numa irrealidade.
Mary Baker Eddy, autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um livro de texto de metafísica aplicada da Ciência do Cristianismo, escreve:
“Quando a ilusão da doença ou do pecado te tentar, agarra-te  firmemente a Deus e Sua ideia...Não deixes que o medo ou a dúvida [ou seja, os tropeços] obscureçam tua clara compreensão [espiritual] e tua calma confiança [na realidade do bem]...” (CeS, p. 495).
Há algum tempo tive uma experiência que me comprovou o ponto em foco. No meio da noite me acordei sentindo uma dorzinha no peito. Junto com a sensação vieram pensamentos de temor. Não me assustei mas reconheci que esse medo estava por trás dos sintomas. Por isso em minha oração tratei de afastar o medo. Minha arma de combate foi a oração, inspirada pelo Salmo 91, cujos versículos foram mencionados acima. Confortou-me o pensamento de que Deus me protegia por meio de Seus anjos que me sustinham para não tropeçar nalguma pedra. Percebi que na minha frente estava o medo querendo me fazer tropeçar: medo de uma irrealidade que não fora nunca nem será jamais criada ou permitida pelo Criador. Quando vi com clareza este aspecto do mal, senti que o medo não me ameaçava mais; havia sumido. Ficou só a gostosa e feliz sensação da presença de Deus-Pai-Mãe como a Verdade dos fatos reais. Segui dormindo sem qualquer sentido de desconforto.

PONTO METAFISICO:
O homem criado à imagem e semelhança do Deus único está sempre consciente de sua condição de perfeição espiritual. Esse é o estado de existência real do homem, verdade que vale para mulheres e homens de qualquer idade, raça ou geografia. Na Ciência divina nenhum outro estado de existir é reconhecido como real. Na medida em que nos apercebemos dessa Verdade metafísica, ela orienta nossos pensamentos para ações e movimentos sem tropeços de qualquer natureza.


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