Tropeços ao caminhar muitas vezes são causados por pequenas
saliências que descuidamos em nosso caminho. Grandes obstáculos são facilmente
vistos e desviados. Os pequenos geralmente são despercebidos até nos causarem
uma queda ou quase queda.
Em nossa vida também encontramos todo tipo de motivos de
tropeço: medo, rancor, ódio, ignorância, doença, desafios de toda ordem. Alguns
afetam nossa integridade física, outros ameaçam nossa integridade moral, quando
não a espiritual.
A Bíblia, com suas mensagens voltadas à perfeição do Deus
criador e Sua maravilhosa criação, nos oferece muitas passagens que deixam bem
claro a quem podemos recorrer para nos protegermos de “tropeços” de toda ordem.
Gosto muito, por exemplo, da seguinte mensagem:
O Senhor “aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que
te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para
não tropeçares nalguma pedra” (Salmo 91: 11, 12)
Nesses versículos o salmista mostra seu discernimento de
verdades espirituais que guiam e norteiam—ou deveriam nortear—nossas vidas. Os anjos de Deus, que têm ordens do
Pai para nos protegerem, são os pensamentos ou intuições divinas que nos vêm
durante a oração ou em momentos de necessidade. As “pedras” de que eles nos
protegem não são materiais; são percalços mentais que albergamos no pensamento
e que fustigam o pensar claro. Esse pensar claro é nossa resposta aos anjos de
Sua presença que nos protegem de qualquer circunstância quiçá ameaçadora.
Quem estuda a Ciência do Cristianismo aprende a reconhecer
como irrealidade as circunstâncias ou ameaças materiais por serem opostas às
criações de Deus-Pai. Tudo o que pertence ao reino, domínio ou universo de Deus
tem dEle a chancela da realidade. Deus como Verdade e Mente criadora cria todas
as formas de realidade, com as quais convivemos mental e espiritualmente. O
apóstolo Paulo deu a dica dessa proposição:
“Nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos
dos Apóstolos, 17: 28).
Algumas formas de realidade são a saúde, a alegria, a
felicidade, a força, a inteligência, a coragem, e assim por diante. Seus
opostos são, portanto, formas de irrealidade. Assim, temer a doença, por
exemplo, é aceitar uma irrealidade pois sempre tememos o que nos parece real.
Sentimos algum sintoma adverso e já vem a sugestão de que algo doentio esteja
se evidenciando no corpo. Por isso temos medo dela. Esse medo da doença ou de
alguma moléstia é como uma pedra de tropeço em nossa fé cristã, pois na fé não
há medo; há confiança e certeza. Em nossas considerações sobre a existência do
homem, temer a doença é como tropeçar numa irrealidade. Crer no mal, de
qualquer tipo, é tropeçar numa irrealidade.
Às vezes esse tropeço nos derruba pessoalmente. O que fazer
então? É fazer o que faz uma pessoa que tropeça numa pedra ou saliência no
piso. É levantar-se e refazer o passo sobre o obstáculo para demonstrar a si
mesmo que pode superar essa adversidade. Os tropeços espirituais representados
pelo medo ou angústia tenderiam a nos fazer crer na irrealidade, alimentados
que são pelos sintomas evidenciados pelo corpo. Esse é o processo mental que se
dá em nossa consciência. Acreditamos nos sintomas e sofremos com isso; mas a
compreensão de que o mal é irreal como oposto ao Bem, expulsa o medo e, com
isso, remove o tropeço em nossa existência. Então, não tropeçamos numa
irrealidade.
Mary Baker Eddy, autora do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, um livro de texto de
metafísica aplicada da Ciência do Cristianismo, escreve:
“Quando
a ilusão da doença ou do pecado te tentar, agarra-te firmemente a Deus e Sua ideia...Não deixes
que o medo ou a dúvida [ou seja, os tropeços] obscureçam
tua clara compreensão [espiritual] e tua calma confiança [na realidade do bem]...” (CeS,
p. 495).
Há algum tempo tive uma experiência que me comprovou o
ponto em foco. No meio da noite me acordei sentindo uma dorzinha no peito.
Junto com a sensação vieram pensamentos de temor. Não me assustei mas reconheci
que esse medo estava por trás dos sintomas. Por isso em minha oração tratei de
afastar o medo. Minha arma de combate foi a oração, inspirada pelo Salmo 91,
cujos versículos foram mencionados acima. Confortou-me o pensamento de que Deus
me protegia por meio de Seus anjos que me sustinham para não tropeçar nalguma
pedra. Percebi que na minha frente estava o medo querendo me fazer tropeçar:
medo de uma irrealidade que não fora nunca nem será jamais criada ou permitida
pelo Criador. Quando vi com clareza este aspecto do mal, senti que o medo não
me ameaçava mais; havia sumido. Ficou só a gostosa e feliz sensação da presença
de Deus-Pai-Mãe como a Verdade dos fatos reais. Segui dormindo sem qualquer
sentido de desconforto.
PONTO METAFISICO:
O homem criado à imagem e semelhança do Deus único está
sempre consciente de sua condição de perfeição espiritual. Esse é o estado de
existência real do homem, verdade que vale para mulheres e homens de qualquer
idade, raça ou geografia. Na Ciência divina nenhum outro estado de existir é
reconhecido como real. Na medida em que nos apercebemos dessa Verdade
metafísica, ela orienta nossos pensamentos para ações e movimentos sem tropeços
de qualquer natureza.
...oo0oo...
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