Sobre a morte não se brinca, se fala
sério...
É
comum em conversas de roda de amigos, que o assunto gire em torno da morte,
tanto como assunto cômico como sério. Não raro o tópico descreve o falecimento
de alguém de modo rápido e indolor. Este fato é um tanto inusitado e poderia
gerar a aspiração de um acontecimento assim para si. Nunca permitas isso! Minha mãe dizia: “Com a morte não se brinca”.
Eu tinha um amigo, um senhor de muito bom humor; dizia: “Vida longa e feliz, e
morte curta, esse é o modo de estragar o prazer do diabo”. A questão é que o
tema não deve ser abordado levianamente. Falo disso e recomendo cuidados por
duas experiências que vou relatar.
Um companheiro de infância, com quem
andava de bicicleta nos arredores de nosso bairro, disse em tom de brincadeira,
ao ver um pesado caminhão-tanque: “Se tivesse que ser atropelado, gostaria que
fosse por um caminhão desses!” A declaração foi feita em meio a risos e
brincadeiras. Anos mais tarde o citado amigo me confidenciou que, ao andarmos
de bicicleta pelas ruas, sempre que divisava um caminhão-tanque meu amigo
desviava da rota, fazia voltas na quadra para não se encontrar com o “fatídico”
veículo. Tinha medo de que sua declaração viesse a se concretizar. Brincou com a morte--humor negro?--e sofreu, por isso, por
alguns anos de sua juventude.
O
outro relato é de minha experiência.
Ouvi certa feita minha esposa relatar que o avô falecera dormindo. “Que
bacana!”, pensei comigo sem me dar conta do que pensara, do erro que cometera.
Em decorrência, passei muitos anos acossado por tal pensamento. Até pegar no sono, ficava movendo
alguma parte do corpo para sentir que estava “vivo”. Parece absurdo, não? Mas é
isso que acontece quando não se cuida do que se pensa. Por isso temo de cuidar muito bem do que falamos e pensamos. Para nos livramos dessa prisão temos de inverter e descartar mentalmente o erro que foi pensado e/ou falado.
Mas
o que pensar seriamente sobre a morte? Os cristãos têm o fácil recurso à
Bíblia, onde há ensinamentos filosóficos e espirituais a respeito desse tema
controverso, tão temido e desconhecido. Por que tememos a morte? É porque não
sabemos o que vem depois? Mas isso não precisa ser assim. Não sabemos o vem
após a morte, mas não precisamos temê-la. Ficaremos menos compungidos pela
morte de alguém querido quando aprendermos que esse momento não é o fim da
existência e que a consciência da pessoa continua existindo, mesmo sem o corpo
presente, que ela continua amando os seus numa forma agora mais espiritual, e
que a “pessoa” não-corporizada está mais próxima de conhecer a verdade sobre o
existir humano e o pós-humano. A consciência de quem partiu está mais espiritualizada e não
tem que lutar mais com os apegos mundanos ou os sofrimentos do corpo físico.
O
Mestre Cristo Jesus afirmou nos seus ensinamentos que “aquele que crer em mim, fará também as obras que eu faço” (João
14: 12)
e ele despertou mortos em várias circunstâncias. A uma menina cujo pai fora
chamar Jesus, disse: “Levanta-te!”.
Pouco antes havia alertado aos presentes no velório que “a menina não está morta, mas dorme” (Mateus 9: 24), e recebeu deles como resposta uma forte risada. Mas ele sabia o que estava dizendo. Ele sabia que a morte é um “sono” existencial
do qual podemos despertar, se nosso papel no mundo ainda não estiver
preenchido. O Mestre despertou mortos e disse que podemos fazê-lo também. Como?
Temos que crer e saber que a Vida é eterna, ou seja, compreender a Vida como ela
realmente é, indestrutível, uma expressão do eterno Deus-Pai-Mãe.
Mary Baker Eddy aborda a questão sob enfoque
declarando: “A Vida é real e a morte é a ilusão” (CeS,
p. 428).
Se e quando aceitamos a primeira dessas afirmações—que a Vida é
real—logicamente teremos de aceitar a segunda—que a morte é ilusão. Quanto mais
claro tivermos esse fato na consciência, tanto mais perto estaremos da
capacidade de demonstrá-lo. E em outra página Eddy diz: “Quando se aprender que a doença não pode destruir a vida e que não é
pela morte que os mortais são salvos do pecado ou da doença, essa compreensão
nos despertará para uma vida sempre nova. Superará tanto o desejo de morrer,
como o pavor ao túmulo, e destruirá assim o grande medo que aflige a existência
mortal” (Idem,
p. 426).
Se ainda não sabemos como despertar
mortos, isso não quer dizer que não possamos fazê-lo. Como cristãos temos
obrigação de demonstrar nossa fé, e despertar alguém do sono da morte está
entre nossas possibilidades. Sem dúvida, isso requer um crescimento espiritual
e um fortalecimento de nossa fé, a qual um apóstolo definiu como “certeza das coisas que se esperam” (Hebreus 11:1).
...oo0oo..
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