Ter consciência da filiação com Deus
amplia o âmbito e alcance de nosso pensamento
Em meio à oração, buscava
eu uma ideia que me fizesse sentir a proximidade de Deus, meu Pai-Mãe.
Perguntei-me: “Pai, o que Tu pensas sobre
mim?” A resposta não demorou: “Tu és
meu filho! Nunca te esqueças disso!” Não me surpreendi, pois esse
pensamento não me era estranho; pelo
contrário eu o valorizo muito, e já faz tempo.
Pensando mais detidamente,
percebi que a ideia da filiação com Deus, sentir-se filho de Deus, nem sempre
está presente no nosso pensamento. Preocupações diversas ─ apreensões sobre
segurança e provisões ─ tendem a desviar nossa atenção da presença divina,
jogando-nos nos braços do pensamento materialista—recheado de medo, angústia,
pecado.
A Bíblia tem muitíssimas
referências a Deus como Pai, tanto do homem para com Deus, como de Deus para
com o homem. Cristo Jesus disseminou entre seus seguidores a ideia de Deus-Pai
por meio da Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Junto a essa ideia da filiação
estava a ideia da proximidade, da união e do cuidado de Deus para com o Seu
filho querido, o homem.
Mary Baker Eddy,
descobridora da Ciência Cristã, fortaleceu no Cristianismo a ideia de Deus-Mãe,
que podemos sempre conjugar com o pensamento
de Deus-Pai. Assim, Pai-Mãe-Deus dá uma ideia completa da divindade. Quando oro
a Deus é a esse conceito completo de Deus que me dirijo e refiro.
Voltando à questão da
consciência da presença de Deus, este fato nem sempre aparece como manchete em
nosso pensamento; o mais comum é ficar de lado até que a gente “tenha tempo ou
necessidade” para orar; orar realmente é para sentir a presença ativa, próxima,
confiável desse Pai-Mãe. Por isso, ficou retumbando em meu pensamento a segunda
parte da inspiração relatada acima: “Nunca
te esqueças disso!” Ordem incisiva e direta que requer percepção constante
dessa verdade. Às vezes, pode acontecer de ficarmos lidando com assuntos diversos,
que até podem ser relacionados com igreja ou religião, mas a compreensão de
sermos filhos de Deus fica de lado, esquecida; o que não deveria acontecer.
Para ilustrar a questão
vou relatar o caso de um experiente cientista cristão quando o mesmo trabalhava
em Boston, EUA, há alguns anos. Enfrentava sintomas cardíacos, mas não deixou
de trabalhar. Pedira apoio espiritual de um praticista da Ciência Cristã o qual
lhe indicou para estudo, a par de suas orações, alguns trechos de obras de
Eddy. Certo dia, quando se dirigia ao escritório cruzando uma praça em frente
ao seu “bureau”, sentiu-se mal e teve que deitar-se num banco da praça para
descansar e orar. Seu estado piorou a ponto de parecer que ia desfalecer. De
repente veio-lhe ao pensamento uma frase dos trechos que estava lendo e
estudando e que lhe diziam ser ele um filho de Deus. Qual um flash mental
balbuciou: “Mas eu sou filho de Deus; não
posso estar doente!” Junto com o momento vieram pensamentos de
reconhecimento da presença de Deus. Nesse instante descortinou-se ao seu
pensamento a existência espiritual e perfeita do homem como a única realidade,
ilustrando a santidade de Deus que sobrepuja toda e qualquer falsa realidade.
Assim é o momento quando o homem alcança a consciência espiritual que percebe o
Bem como única presença. O personagem do relato, sentiu-se revigorado,
levantou-se e foi trabalhar. Nunca mais sentiu qualquer sintoma do mal que o
afligira.
Na conhecida parábola do
filho pródigo, há uma instância que gosto muito. É quando o pai fala ao filho
mais velho depois do retorno do irmão: “Filho,
tu sempre estás comigo. Tudo o que é meu, é teu” (Lucas 15:31). É
inspirador pensar que o que Deus-Pai-Mãe tem, nós temos; o que Ele não tem, nós
não podemos ter. Raciocínio direto e exato. Deus tem inteligência, o filho
também tem; o Pai-Mãe não tem fraqueza, o filho também não tem. A lista poderia
englobar aspectos diversos, e cada pessoa pode desenvolver sua própria lista.
“Tu és meu filho. Nunca te esqueças disso!”, palavras
importantes que não pretendo esquecer nem deixar em segundo plano.
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