domingo, 6 de abril de 2014

Uno a Deus

Consciência de unidade com Deus pode ser demonstrada num caráter cristão

O ministério religioso de nosso Mestre Cristo Jesus deixou-nos muitos ensinamentos valiosos para orientarmos nossa vida, quais sejam: amar a Deus supremamente, amar ao próximo como a nós mesmos indistintamente, viver em comunhão consciente com Deus.

A primeira regra requer que não dividamos nossos interesses e afeições devidas a Deus com outras coisas: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Lucas 10: 27)―vale dizer, de todo nosso empenho. Isto significa obedecer firme e constantemente aos mandamentos, principalmente no que se referem a Deus; não ter nenhuma reserva nessa devoção de nossa consciência; aceitá-Lo como único Criador que fez tudo “muito bom” (ver Gen. 1: 31); reconhecer Sua onipotência (único poder), Sua onipresença (única presença) e Sua onisciência (única Mente). Essa orientação caracteriza nossa fé alicerçada no Espírito; é a nossa natureza ligada ao divino.

A segunda regra trata de nossa relação com nossos semelhantes. Metade dos 10 Mandamentos refere-se a essa regra. Quem ama ao próximo como a si mesmo, respeita o próximo no que tange a “não matar, não adulterar, não furtar, não dizer falso testemunho, não cobiçar o que é do próximo” (Ver Êxodo 20). Isso até parece fácil diante do mandamento de Jesus: “Amai os vossos inimigos!” ( Mat. 5:44). Como fazer isso? Sair por aí fazendo declarações de amor às pessoas que nem ligam pra nós?  É lógico que não, pois essa atitude não seria demonstração de amor, mas apenas uma cena, e isso não atende o mandamento. Amar ao nosso inimigo é, por exemplo, não alimentar sentimentos ou pensamentos de ódio contra quem quer que seja. Como cristãos sinceros devemos viver a vida em constante atenção ao mandamento do Mestre.

A terceira regra não é bem compreendida entre os cristãos. Quando o Mestre declarou: “eu e o Pai somos um...” (João 10: 30) foi mal interpretado tanto pelos seus inimigos como por seus discípulos. Uns o acusaram de fazer-se igual a Deus, e por isso o crucificaram, enquanto outros o chamam de Deus até hoje. Mas a declaração dele não diz isso, posto que ele mesmo declarou também: “o Pai é maior do que eu” (João 14: 28) e “eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8: 29). Como Mestre ele estava ensinando aos seus seguidores, desde então até os dias de hoje, como deveriam postar-se mentalmente diante do Deus único.

Saber-se uno a Deus é viver a vida de acordo com os preceitos divinos, fazendo a vontade do Pai-Mãe. Por isso dizemos na Oração do Senhor: “Faça-se a Tua vontade...” (Mat. 5: 10). É esta disposição voluntária que devemos alimentar, é para ela que devemos orientar nosso livre arbítrio. Fazer o que escolhemos, sim, mas orientado para a luz. Quando devemos escolher um caminho, tomar uma decisão, fazer um trabalho, criar um filho, devemos ao mesmo tempo perguntar “Pai, o que queres que eu faça”? Com a presença do Pai no pensamento e atento ao que Ele nos inspira a fazer, escolheremos o melhor caminho, tomaremos a melhor decisão, faremos o melhor trabalho, criaremos melhor nosso filho. Em suma, seremos em nosso ambiente como archotes de cidadania iluminada. Levar nosso caráter cristão para nosso ambiente de trabalho ou de trânsito ameniza esse ambiente e produz harmonia ao nosso redor. No trânsito, nosso caráter cristão obedecerá às leis, respeitará o próximo, não se exasperará ou impacientará quando o fluxo não anda como desejamos. Exercendo o caráter cristão, nossos negócios sempre resultarão em plena satisfação para todas as partes envolvidas e nos esportes respeitaremos o esforço ou aptidão do “adversário” (que não é um inimigo). O exercício do caráter cristão é a solução paras as refregas que se vê no mundo. Mary Baker Eddy esclareceu como elaborar um caráter cristão. Diz ela: “O Sermão do monte lido aos domingos e praticado durante a semana, é a melhor maneira de desenvolver um caráter cristão”.

O caráter cristão sempre nos conduz a fazer a vontade de Deus como um Pai presente que sempre quer o melhor para nós―Seus filhos. Incentiva-nos ao recolhimento individual quando oramos e a dar atenção à voz de Deus. Agiremos firmemente conscientes de que “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17: 28). Exibiremos saúde, alegria, felicidade e fraternidade. Saber-se uno a Deus não é fazer-se igual a Deus. A unidade entre Deus e o homem é explicada em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Assim como uma  gota d’água é uma com o oceano,... do mesmo modo Deus e o homem, o Pai e o filho, são um no ser” (p. 361). Um ser em qualidade! O apóstolo João encorajou seus ouvintes a seguirem essa linha de pensamento: “...nada nos poderá separar do amor de Cristo”. Como se dissesse que nem A nem B, nem isso nem aquilo, pode nos arrancar da presença de Deus. Nada pode se intrometer e nada pode afrouxar a unidade espiritual de Pai e filho. A plena consciência de nossa unidade com o Pai-Mãe-Deus faz brilhar nossa luz entre os homens.

Saber-se e sentir-se sempre na presença de Deus, querer agir sempre ao sabor da vontade divina, consultá-Lo antes de qualquer decisão ou passos a dar, é algo que dá muitos frutos agradáveis humanamente. O maior inimigo nesse afã é o próprio “eu humano”, que sempre quer estar à frente de nossos interesses. Quem desejar viver com a constante consciência da Presença divina verificará, no entanto, que muitas vezes faz ou diz o que seu “euzinho” quer e nem sequer é consultada a vontade de Deus. Quando se dá conta disso, sente vergonha de não ter consultado ou ouvido o que Deus diz. Passei por isso há algum tempo, mas continuo me esforçando a permitir que minhas ações sejam conforme Deus ordena. Esforçando-se para viver a vida sob a orientação do Pai-Mãe, a pessoa vivenciará preciosos momentos de inspiração e inefável felicidade por sentir-se próxima a Deus. Um desses momentos na minha experiência foi quando certa manhã ao levantar-me, antes de qualquer coisa veio-me ao pensamento: “EU estou contigo!” Eu não havia pedido nada, mas a graça divina me fortaleceu com essa declaração. Não há palavras para explicar a sensação de felicidade e alegria daquele momento. Espero dominar um pouco mais o sentido pessoal para ter mais vezes essa notável noção de orientação, que fortalece minha fé no Pai eterno e impede a consciência de outra presença que não a de Deus, o Amor. 


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