Cura espiritual da febre e outros males
Conta o quarto capítulo do Evangelho de Lucas que Jesus
Cristo foi com o apóstolo Pedro até a casa deste. Lá encontraram a sogra de
Pedro ardendo em febre alta. Os familiares rogaram ao Mestre por ela. Diz o
relato que Jesus “inclinando-se para ela,
repreendeu a febre, e esta a deixou” (Lucas 4:39). Segue o relato que ela “logo se levantou, passando a servi-los”.
Qual teria sido a repreensão de
Jesus Cristo? Notei que ele “repreendeu a
febre”, não a sogra de Pedro. O Mestre dirigiu-se à doença, ao problema.
Será que perguntou sobre a origem, ou causa da febre? Não, ele simplesmente a
repreendeu. Será que o mal podia ouvir o que ele disse? Não, mesmo assim o
repreendeu. Será que o Mestre foi condescendente com o mal? Não parece que ele tenha
dito algo como: “Esse problema parece sério; com quantos graus de febre ela
está? Coitadinha vai suar um bocado. Vamos orar para ver como fica.”
Os evangelhos de Mateus e Marcos
também registram o episódio, mas dizem que Cristo Jesus “tomou-a pela mão, e a febre a deixou” (ver Mateus 8:14 e Marcos
1:31). Quando sobrepus os dois relatos com o de Lucas percebi que a repreensão
de Jesus pode ter sido silenciosa. Isto equivaleria a que ele repreendera a
febre em seu pensamento. Ele não aceitou o quadro como algo da realidade, fato
que é um traço comum de suas obras
curativas. Ao paralítico ele mandou andar, ao cego que abrisse os olhos, à
mulher aleijada que se endireitasse (depois de 18 anos de problema), à mulher
adúltera disse que não pecasse mais, e até aos mortos disse que saíssem do
túmulo. A atitude dele sempre era contrária ao quadro humano e material. Em
todas as situações, o que sucedeu à palavra de Jesus Cristo estava de acordo
com suas ordens. Em seu pensamento ele repreendia o mal—negava-lhe realidade—e
este perdia sua aparente existência também aos olhos humanos.
Mary Baker Eddy, uma pesquisadora da
Bíblia Sagrada que viveu no século XIX, estudou a fundo as Escrituras até
aprender o método curativo do Mestre do Cristianismo científico, e o expôs em
sua obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras*. “Jesus via... o homem perfeito, que lhe
aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse
homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto
de ver o homem curava os doentes” (P. 476/7), diz ela no livro-texto
mencionado acima. O Mestre via do jeito que outros não podiam ver, pois ele
olhava com outros olhos do que os mortais. Lembrem-se do que disse: “Se teus olhos forem bons, todo teu corpo
será luminoso” (Mat. 6:22), e aí está claro que Ele não se referia ao globo
ocular físico. A visão que ele tinha sempre se confirmava na prática de curas
espirituais, enquanto o modo de ver dos mortais confinava os doentes ainda mais
ao seu problema.
O dicionário da língua portuguesa
conceitua o verbete “repreender” como “reprimir” e “admoestar energicamente”.
Eu creio que Jesus reprimia energicamente em seu pensamento a doença visível, e
com isso impedia de dar guarida à crença na realidade da doença. Nós fazemos o
mesmo quando alguém nos faz uma proposição frontalmente contrária aos nossos
princípios éticos. Sabemos ser veementes na defesa do que aceitamos ser humana
e socialmente correto; nada abala nossa fortaleza ética. Era assim que Cristo Jesus agia a favor do
bem. Nas suas admoestações aos fariseus e outros adversários falava
energicamente. O Mestre tinha um pensamento enérgico.
Os Cristãos têm Jesus Cristo com seu
Mestre e Salvador. Fariam bem em seguir suas palavras e ações que asseguravam
que poderíamos fazer as mesmas obras, desde que usando o mesmo princípio.
Investigando a Bíblia podemos aprender a “repreender” a doença e os outros
males e a curá-los como o Magistral Cristão fez. Somos seus seguidores e
imitadores? Devemos ser, mas de nada adiantará nos achegarmos aos doentes e
repetir-lhes as palavras ditas pelo Mestre. A mera enunciação das palavras não
tem poder curativo, pois lhes faltariam o ingrediente cristão—o amor ao
próximo. Nossas palavras têm que levar consolo e inspiração, assim como a
Oração do Senhor. A promessa dele foi: “Aquele
que crê em mim, fará também as obras que eu faço” (João 14:12). Sendo seus
seguidores, não devemos nos demorar em obedecer sua ordem.
Quando tivermos aprendido a
“repreender” a doença como Jesus o fazia, nada nos impedirá de realizar e obter
curas espirituais como ele realizou. Será um aprendizado fácil? Talvez não,
será antes gradual. Mas será muito inspirativo e repleto de bênçãos. Um coração
puro é o requisito inicial mais importante. Com ele saberemos “repreender” o
que está errado ou em desacordo com o
Bem divino. Nossas vidas resplandecerão
diante dos homens como luzeiros de uma santa e absoluta fé em Deus.