quarta-feira, 30 de maio de 2018

Governado por Deus


O Mestre Cristão mostrou em seu ministério o que acontece quando Deus governa as ações do homem.

         Quem ler nas Escrituras os feitos de Jesus Cristo com atenção ao tópico do título, perceberá que ele sempre demonstrou e deixou claro que suas obras eram feitos de Seu Pai:
O Pai que permanece em mim faz as suas obras” (João 10:36) e “ Eu faço sempre o que Lhe agrada” (João 8:29).

         Ele também ensinou que:
              “Aquele que crer em mim, fará também as obras que eu faço” (João14:12).

         Se queremos emular as obras do querido Mestre, temos que usar a mesma linha-base que ele empregou: Deus, o Espírito, a Mente, a Vida, a Verdade e o Amor absolutos e infinitos, inigualáveis, na eternidade e infinidade. Eu disse: “Se queremos”, mas tenho a intenção de alertar a todo cristão que esse é um dever de fé em nossa religião. O Cristianismo que ele nos legou tem no seu âmago uma ciência a ser compreendida e praticada por todos que desejam seguir-lhe os passos. Para isso somos cristãos, não é mesmo?
         O resultado de uma vida dedicada em manter erguido o estandarte da superioridade do Espírito sobre a matéria é relatado extensivamente na Bíblia, o livro básico de nossa fé cristã. Lê-se nos evangelhos as obras que Jesus fazia. E não raro o relato menciona o caso de multidões que vinham a ele para serem curadas, e eram! Há, também relatos de cura específicos de toda sorte de enfermidade ou problema físico, ou moral e psíquico, e até de morte. Algumas vezes o mal é citado como um “espírito maligno”, quando a sociedade ainda não tinha nome para aquele problema. Vê-se nos relatos bíblicos que as curas eram todas instantâneas. Com tantas pessoas curadas, não era de admirar que ele fosse seguido pelas multidões.
         Mas não era só Jesus quem fazia essas obras. Seus discípulos aprenderam o ofício e também realizaram muitas idênticas, prova de que haviam assimilado o ensinamento do Mestre, retratado no versículo do evangelho de João, citado acima. Poder-se-ia levantar a questão de como, com que, ou por que os discípulos faziam as obras semelhantes ao Mestre. Eles realizaram obras no seu afã de difundir os ensinamentos de Jesus Cristo por toda a humanidade de sua época. E suas obras conquistaram muitos adeptos para a igreja.

Até cerca de 300 anos após o ministério de Jesus, os cristãos ainda realizavam demonstrações práticas de sua fé. Depois disso, essa prática perdeu sua força e presença entre as populações de crentes cristãos. Eu me pergunto: Por que? Penso que uma resposta se encontra num dos escritos de Mary Baker Eddy (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, [1875]):
“Deus curará o doente por intermédio do homem, sempre que o homem for governado por Deus” (p. 495).

         Sempre que o homem [é] governado por Deus” me parece ser a resposta para o desaparecimento da cura espiritual dentro do movimento cristão. É possível faze-lo retornar? Ele já retornou! Com o advento da Ciência do Cristianismo (instituída em 1866), a cura espiritual de males físicos e outros reviveu entre os cristãos, sendo hoje largamente praticada por cristãos científicos em todo o mundo. E os frutos quais são? Curas, as mais variadas, de toda espécie de problema: doenças, suprimento, relacionamento, tristeza, e até casos de falecimentos. Várias denominações estão aplicando mais recentemente o Cristianismo na busca de soluções de problemas pessoais, e obtendo resultados.

No relato bíblico lemos que entre seus ensinamentos o Mestre afirmou:
“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber ...vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós ... O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (João 14:16, 17, 26).

         Está bem claro nessa passagem que Deus não enviará uma personalidade para nos “ensinar todas as coisas”. Devemos esperar um “Espírito da verdade”, um mensageiro impessoal e universal, que irá falar a todos em todos os lugares. Quem lhe der ouvidos aprenderá a regra de cura que o Mestre deixou demonstrada. Quanto antes o mundo cristão aprender com o “Consolador”, tanto antes a humanidade usufruirá dos benefícios da ação harmonizante do poder espiritual na vida das pessoas.  

O pensamento humano desatento poderia levantar a questão: “E o autogoverno onde fica?” O autogoverno, de interesse humano, é um conceito que tende a desviar de Deus a atenção, fato que rouba ao homem a capacidade de realização na esfera espiritual. A pressão promovida pela vontade humana na consciência do homem, tem de ser reprimida quando almejamos seguir a orientação da Mente divina. A tal “força de vontade” humana é um empecilho no trato de assuntos espirituais. Até na oração para recuperação de enfermos ela atrapalha mais do que ajuda. É oportuno lembrar o que Mary Baker Eddy escreveu:
“Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência” (CeS, p. 106).

      O autogoverno visto sob esta ótica, não escapa do governo de Deus; e sob este governo tudo é harmonia. Com esse apoio em mente, o homem atua tranquilamente entre seus pares, produzindo sempre harmonia, satisfação, realização profissional e social. Nessa condição de governado de Deus, o homem ultrapassa suas aptidões e capacidades, sendo capaz de surpreender seu círculo de relações.

      Mas que não se engane quanto à origem de suas capacidades. É Eddy quem esclarece:
“O homem só é corretamente governado por si mesmo, quando bem guiado e governado por seu Criador ...” (CeS, idem)

      O segredo está em aprender a deixar-se governar pelo Pai Supremo. Aliás, segredo não é mais!

Ovidio Trentini

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Realização imediata


Edição Agosto 25, 1945,  Christian Science Sentinel

Uma demora entre um bom propósito e sua realização é comum na experiência humana. Mas para a Mente pura não há demora. A Mente que é Tudo dá a todo bom propósito imediata realização. A onipotência, onipresença e oniação da Mente garante isso.

A demora na realização resulta da crença dos mortais de que estejam atrapalhados pela falta de conhecimento, falta de recursos, por forças físicas, por circunstâncias ou pessoas opostas. Esses argumentos asseveram que a demora e a frustração intervêm para perturbar a realização do que a inteligência absoluta diz que deveria e poderia ser feita sem demora.
O progresso humano tem diminuído a demora no transporte e na comunicação. Métodos incrementados de manufatura estão reduzindo o tempo necessário para a fabricação do que precisamos. A geofísica está diminuindo a demora na localização de minerais da terra. Há relatórios que indicam que o preparo de alimentação será grandemente reduzido por meio de dispositivos eletrônicos. Um bife cozinhará em 3 minutos; um bolo em 2; ovos ferverão num piscar de olhos. Num lar o pó será rapidamente removido por equipamentos magnéticos. Por que não fizemos essas coisas antes? Só porque o pensamento humano não entendia que as forças estão aqui para aproximar os propósitos e as realizações.
Quando Jesus andou pela terra os transportes e as comunicações eram lentos. Levava muito tempo para cobrir distâncias maiores. Mas o Mestre compreendia e usava as forças espirituais da Mente onipotente, desconhecida pelos seus pares, para trazer a imediata realização ao bom propósito. Quando era do propósito de Deus para que ele estivesse num certo lugar: “imediatamente o barco chegou onde estavam para ir.” Ele sabia que a onipotência da Mente, com a qual o homem é uno, não pode ser atrasada pela matéria sem mente na realização de seu inequívoco propósito.
Quando era correto que ele soubesse o que outros pensavam a fim de ajuda-los, a Mente prontamente lhe informava. Que direito tinha a matéria negativa de injetar obstruções e demoras entre um propósito inteligente e sua realização? Jesus compreendia que quando a Mente fala, seu propósito é imediatamente realizado.
M. B. Eddy via claramente essa verdade e a aplicava, como Jesus, na cura dos doentes. Ela requeria que os cientistas cristãos trabalhassem, e esperassem confiantemente, por curas instantâneas. Referindo-se ao Mestre ela escreveu (Escritos Miscelâneos, p. 200): “Foi a consumada naturalidade da Verdade na mente de Jesus, que tornava sua cura fácil e instantânea.” Jesus compreendia tão claramente o irrestrito propósito de Deus para que o homem fosse saudável, bem como a natural e imediata realização desse propósito,  que “imediatamente seus olhos se abriram”, “imediatamente a febre a deixou”, “imediatamente seus ouvidos se abriram, e soltou-se o empecilho de sua língua”, “ela imediatamente se endireitou”,  e imediatamente as multidões eram servidas.
Que percebamos mais compreensivamente a ação imediata da onipotência de Deus e a já existente supremacia de Sua lei! O poder e a presença de Deus não estarão mais presentes daqui uma semana, um ano ou um século do que estão hoje. Seu amor por Seu reflexo, o homem, e Seu exclusivo controle de Sua imagem, são agora. O tempo não irá aumentar o poder de Deus, nem incrementar a eficiência de Seu amor salvador.
Em CeS (p. 39) Eddy diz: “ ‘Eis agora’, exclamou o apóstolo, ‘o tempo ... oportuno, eis, agora, o dia da salvação’—querendo dizer, não que agora os homens tenham de se preparar para a salvação, a segurança, em um mundo futuro, mas que agora é o momento de vivenciar essa salvação em espírito e em vida. Agora é a hora de desaparecer aquilo que se chamam dores e prazeres materiais, pois ambos são irreais, porque impossíveis na Ciência.” Essas verdades, uma vez compreendidas, ofuscarão em nossos corações o mito da demora, produzido pela ignorância e pelo medo. A demora não está fora de nós, mas é uma crença em nós que precisa ser excluída de nós com ajuda de Deus e Seu Cristo.
O senso de demora na realização correta procede da crença em uma mente material e homem mortal, e este cercado de limitações. Essa mente talvez argumente que a saúde é algo bom, mas não a temos agora. Ela diz que a doença tem de seguir seu curso, e então ficarás bem, ou depois de algum tempo talvez te sintas melhor. Um objetivo digno talvez mereça nosso esforço, mas sua realização é incerta. Pode haver uma longa demora.
A influência de um mentiroso é nula, se ninguém acredita nas suas mentiras. A mentira da mente mortal negativa de que deva haver uma demora antes que o homem possa ser saudável, impecável, harmonioso e exitoso, temos que recusar-nos a acreditar, por meio de nossa compreensão de Deus e do homem. A razão é que a inteligência, a Mente, é onipotente agora. Seus propósitos são espontaneamente aplicados agora pela lei espiritual: “... ninguém pode deter sua mão nem dizer: ‘Que fazes?’ ”
É pelo senso espiritual, não o material, que encontramos a presença, o poder e o controle da Mente, que é nossa Vida, nossa Alma, nosso Tudo. Por meio do senso espiritual, o senso da Mente, nos tornamos gradativamente conscientes de nossa união com o bem onipresente e nosso lugar em seu universo. Percebemos que continuamente nossa causa supremamente inteligente e amorosa está propiciando (causando), sem frustração ou demora, tudo o que pertence naturalmente ao representante de Deus.
Devemos entender quão natural é para as forças da Verdade produzir saúde hoje; quão correto é gozar agora de total libertação do pecado; quão científico é que a demora seja separada de todo bom propósito. A Mente é eternamente superior à demora. Assim é também o homem. Na Mente e sua representação, o propósito e a realização andam juntos. 
Paul Stark Seeley
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quarta-feira, 2 de maio de 2018

- Maternidade de Deus?


Existe a mesma autoridade para chamar Deus de PAI como de MÃE
Durante o período histórico coberto pela Bíblia, a presença da mulher em lugares de destaque é muito rara. A sociedade ainda reservava à mulher o dever de cuidar da família e esta era sua vida. Na sociedade hebraica quando uma mulher ficava viúva sem ter filho homem que ajudasse no sustento da família, ela ficava fadada a viver de favores ou esmolas, posto que não lhe era facultado trabalhar para ter o sustento. O Mestre Jesus sabia dessa dura realidade social, tanto que ao chegar certa feita à cidade de Naim encontrou, na saída, um cortejo de sepultamento de um jovem que era filho único de uma viúva. Socialmente, essa mulher estava condenada pois perdera seu filho que era o arrimo da família. Sabendo dessa situação, percebeu que havia ali uma necessidade humana e foi movido pela compaixão a satisfazer essa necessidade ressuscitando o jovem (Ver Lucas 7: 11).
Por essa condição histórica e cultural a questão ‘mãe’ não aparece seguidamente no Antigo Testamento, pelo menos com destaque. Aliás, segundo o Novo Testamento, não havia nenhuma mulher entre os doze apóstolos. Foi por discriminação de Jesus? Não. O Mestre sabia o que seus discípulos iriam passar para levarem a mensagem do Cristianismo aos estrangeiros, em terras onde o preconceito feminino era muito forte, como ainda hoje se vê. Além disso, a novidade de sua mensagem (AMOR) seria, provavelmente, melhor aceita se levada por homens, homens simples da comunidade.
Nosso Mestre ensinou muitas coisas sobre Deus como PAI, sendo que a oração mais significativa de seu ministério é chamada de ‘PAI NOSSO’. Por que será que ele não menciona Deus como MÃE? Seus ouvintes ainda não eram muito ilustrados e muitas coisas lhes ensinou por parábolas, analogias. Uma ideia tão radical lançada a ouvidos destreinados poderia causar um impacto desconcertante.
Os “ouvintes de hoje”, com certeza, saberiam―ou sabem―elaborar a ideia da maternidade de Deus. Pode-se buscar no Antigo Testamento duas instâncias que corroboram a ideia proposta. Uma das instâncias está no relato da criação no primeiro capítulo do Gênesis. Diz ali: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (1: 27). Vê-se claramente que a mulher participa da expressão das qualidades divinas, tal como o homem. Não se cometa o descalabro de uma emissora de TV que, há algum tempo, saiu às ruas para entrevistar pessoas e saber de sua opinião a respeito de ‘Deus ser mulher’. Deus não é mulher como também não é homem. Deus é Espírito!
A outra instância referida encontra-se no livro do profeta Isaías onde consta: “Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei” (Isa 66: 13). Aqui o amor materno―feminino―é associado ao de Deus. Deus nos ama como nossa mãe nos ama. Constata-se, assim, que chamar Deus de PAI é tão correto como chamá-lO de MÃE. Na literatura da Ciência Cristã é muito usada a expressão PAI-MÃE-DEUS mostrando que reconhecemos na Divindade a origem das qualidades inatas de paternidade e maternidade conscientes. Eu costumo usar a conotação de Deus como Pai, sem desprezar o conceito de Deus-Mãe. Conheço senhoras que usam costumeiramente para Deus a expressão Mãe, e soa muito natural quando as ouço falar dessa maneira. Devemos nos abster, com certeza, do conceito de gênero masculino ou feminino quando nos referimos a Deus como PAI-MÃE.
O uso dessa expressão, Deus-Mãe, será cada vez mais acentuado daqui para diante como evidência da progressiva espiritualidade na consciência da humanidade e da capacidade de expressá-la em palavras.