O Mestre Cristão mostrou em seu ministério o
que acontece quando Deus governa as ações do homem.
Quem
ler nas Escrituras os feitos de Jesus Cristo com atenção ao tópico do título,
perceberá que ele sempre demonstrou e deixou claro que suas obras eram feitos
de Seu Pai:
“O Pai que permanece em mim faz as suas obras”
(João 10:36) e “ Eu faço sempre o
que Lhe agrada” (João
8:29).
Ele
também ensinou que:
“Aquele que crer em mim, fará também as
obras que eu faço” (João14:12).
Se
queremos emular as obras do querido Mestre, temos que usar a mesma linha-base
que ele empregou: Deus, o Espírito, a Mente, a Vida, a Verdade e o Amor
absolutos e infinitos, inigualáveis, na eternidade e infinidade. Eu disse: “Se
queremos”, mas tenho a intenção de alertar a todo cristão que esse é um dever
de fé em nossa religião. O Cristianismo que ele nos legou tem no seu âmago uma
ciência a ser compreendida e praticada por todos que desejam seguir-lhe os
passos. Para isso somos cristãos, não é mesmo?
O
resultado de uma vida dedicada em manter erguido o estandarte da superioridade
do Espírito sobre a matéria é relatado extensivamente na Bíblia, o livro básico
de nossa fé cristã. Lê-se nos evangelhos as obras que Jesus fazia. E não raro o
relato menciona o caso de multidões que vinham a ele para serem curadas, e
eram! Há, também relatos de cura específicos de toda sorte de enfermidade ou
problema físico, ou moral e psíquico, e até de morte. Algumas vezes o mal é
citado como um “espírito maligno”, quando a sociedade ainda não tinha nome para
aquele problema. Vê-se nos relatos bíblicos que as curas eram todas
instantâneas. Com tantas pessoas curadas, não era de admirar que ele fosse
seguido pelas multidões.
Mas
não era só Jesus quem fazia essas obras. Seus discípulos aprenderam o ofício e
também realizaram muitas idênticas, prova de que haviam assimilado o
ensinamento do Mestre, retratado no versículo do evangelho de João, citado
acima. Poder-se-ia levantar a questão de como, com que, ou por que os
discípulos faziam as obras semelhantes ao Mestre. Eles realizaram obras no seu
afã de difundir os ensinamentos de Jesus Cristo por toda a humanidade de sua
época. E suas obras conquistaram muitos adeptos para a igreja.
Até
cerca de 300 anos após o ministério de Jesus, os cristãos ainda realizavam
demonstrações práticas de sua fé. Depois disso, essa prática perdeu sua força e
presença entre as populações de crentes cristãos. Eu me pergunto: Por que?
Penso que uma resposta se encontra num dos escritos de Mary Baker Eddy (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,
[1875]):
“Deus curará o doente por intermédio do
homem, sempre que o homem for governado por Deus” (p. 495).
“Sempre que o homem [é] governado por Deus”
me parece ser a resposta para o desaparecimento da cura espiritual dentro do
movimento cristão. É possível faze-lo retornar? Ele já retornou! Com o advento
da Ciência do Cristianismo (instituída em 1866), a cura espiritual de males
físicos e outros reviveu entre os cristãos, sendo hoje largamente praticada por
cristãos científicos em todo o mundo. E os frutos quais são? Curas, as mais
variadas, de toda espécie de problema: doenças, suprimento, relacionamento,
tristeza, e até casos de falecimentos. Várias denominações estão aplicando mais
recentemente o Cristianismo na busca de soluções de problemas pessoais, e
obtendo resultados.
No
relato bíblico lemos que entre seus ensinamentos o Mestre afirmou:
“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Consolador, a fim de que esteja sempre convosco, o Espírito da verdade, que
o mundo não pode receber ...vós o conheceis, porque ele habita convosco e
estará em vós ... O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos
tenho dito.” (João 14:16, 17, 26).
Está
bem claro nessa passagem que Deus não enviará uma personalidade para nos “ensinar
todas as coisas”. Devemos esperar um “Espírito da verdade”, um mensageiro
impessoal e universal, que irá falar a todos em todos os lugares. Quem lhe der
ouvidos aprenderá a regra de cura que o Mestre deixou demonstrada. Quanto antes
o mundo cristão aprender com o “Consolador”, tanto antes a humanidade usufruirá
dos benefícios da ação harmonizante do poder espiritual na vida das pessoas.
O
pensamento humano desatento poderia levantar a questão: “E o autogoverno onde
fica?” O autogoverno, de interesse humano, é um conceito que tende a desviar de
Deus a atenção, fato que rouba ao homem a capacidade de realização na esfera
espiritual. A pressão promovida pela vontade humana na consciência do homem,
tem de ser reprimida quando almejamos seguir a orientação da Mente divina. A
tal “força de vontade” humana é um empecilho no trato de assuntos espirituais.
Até na oração para recuperação de enfermos ela atrapalha mais do que ajuda. É
oportuno lembrar o que Mary Baker Eddy escreveu:
“Deus dotou o homem com direitos
inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a
consciência” (CeS, p. 106).
O
autogoverno visto sob esta ótica, não escapa do governo de Deus; e sob este
governo tudo é harmonia. Com esse apoio em mente, o homem atua tranquilamente
entre seus pares, produzindo sempre harmonia, satisfação, realização
profissional e social. Nessa condição de governado de Deus, o homem ultrapassa
suas aptidões e capacidades, sendo capaz de surpreender seu círculo de
relações.
Mas que não se engane quanto à
origem de suas capacidades. É Eddy quem esclarece:
“O homem só é corretamente governado
por si mesmo, quando bem guiado e governado por seu Criador ...” (CeS,
idem)
O segredo está em aprender a
deixar-se governar pelo Pai Supremo. Aliás, segredo não é mais!
Ovidio Trentini