“Eis aí vem dias, diz o Senhor, em que
firmarei uma nova aliança com a casa de Israel: ... Na mente lhes imprimirei as
minhas leis, também no coração lhas inscreverei: Eu serei o Seu Deus, e eles
serão o Meu povo” (Jeremias 31:31, 33).
Nos
primórdios da existência da lei divina junto ao povo de Israel, não havia
leitores individuais; o povo não era letrado. Havia os escribas que liam para o
povo, geralmente em ocasiões especiais, como é o caso em que Neemias leu para
uma multidão reunida em frente à Porta da Águas, desde a manhã até meio-dia.
Esse era o contato que o povo tinha com a lei. Percebe-se que havia dificuldade
de assimilação do conteúdo da lei, tanto para compreende-la como para
obedece-la. É compreensível que houvesse um anseio popular para que a lei fosse
mais difundida entre o povo.
Jeremias
teve a humildade e iluminação de perceber tal anseio levando ao povo a mensagem
de uma ‘Nova Aliança’ entre o povo e seu Deus ‘vivo’. Seria uma nova forma de
tomar conhecimento da lei de Deus, de modo a que não houvesse desculpas por
desobediência geral. O profeta tencionava impressionar o povo a conhecer a
letra da lei e a cumpri-la seriamente.
Interessante
observar que na época não havia tecnologia para imprimir matérias de interesse
do povo. Hoje jornais e revistas (e não somente esses) usam essa tecnologia há
tempos com total domínio. “Na mente lhes imprimirei,” parece que a Divindade
desejava que as leis fossem gravadas de modo duradouro na consciência das
pessoas, para serem compreendidas, e não esquecidas, que fossem de fácil
lembrança.
Outro
aspecto curioso que hoje filosificamente é apreciado, é a segunda parte da “Nova Aliança”, qual seja
que além de imprimir na mente (a razão) a lei seria inscrita no coração (a
emoção) de modo que gostassem de cumpri-la e com isso amassem mais e melhor a
seu Deus. O que temos no ‘coração’, não esquecemos; é uma garantia de
obediência.
Para
quem se identifique/posicione espiritualmente como da Casa de Israel, verá que
a profecia tem alcance profundo e individual, além de atual. Verá que o
propósito divino é que as Suas leis sejam aceitas, entendidas, amadas,
aplicadas por todos. A primeira coisa a fazer é identificar as leis que Deus
faz tanta questão que sejam cumpridas. Seu resumo encontra-se nos Dez
Mandamentos deixados por Moisés; um código de postura espiritual (frente a
Deus) e moral (frente aos homens). Conhecer e obedecer esses preceitos faz as
pessoas agradarem a Deus, ao mesmo tempo em que amparam seus pares no viver
diário.
A
primeira das leis é rigorosa:
“ Não terás outros deuses diante de
Mim” (Êxodo 20:2, 3).
O
texto em si, soa mais como uma proibição em vez de um mandamento. Por que teria
sido proferido assim? Ocorre que o povo estava acostumado a esse tipo de
adoração de figuras; é o que viam os povos vizinhos fazerem, e o faziam também.
Por isso a ordenança se fez por proibições: não ter outros deuses, não fazer
imagem de escultura, não tomar o nome de Deus em vão, não matar, não adulterar,
não dizer falso testemunho, etc. Não façam imagem de escultura para servir de
adoração, pois quem vos tirou do Egito fui eu, vosso Senhor e Deus. É a Mim, o
Espírito, que vocês devem louvor e gratidão!
De
acordo com a Nova Aliança, uma vez ‘impressa’ a lei na mente e ‘inscrita’ no
coração, a que corresponderia o ato proibido de fazer “imagem de escultura?” Seria como fazer imagens mentais de
‘coisas’ opostas a Deus, o Bem, a Vida, a Verdade, o Amor! A Sra Eddy
recomenda:
“Apaga as imagens do pensamento
mortal, bem como suas crenças na doença
e no pecado” (CeS, p. 91).
As
imagens de males que abriguemos no pensamento são como idolatria espiritual,
contra o que somos alertados ao longo de
toda a Bíblia. Mas não são só os males imaginários a serem evitados; também
devemos evitar a busca de soluções insistentemente ofertadas pelo senso
material. Nossa fé precisa ser dirigida a Deus e Sua capacidade de manter a
harmonia no universo, que inclui o homem.
Eddy é
persistente na importância do indivíduo dar abrigo e cumprimento à lei divina.
Escreve ela:
“O Principio
divino do Primeiro Mandamento é a base da Ciência do existir, pela qual o homem demonstra a
saúde, a santidade e a vida eterna”
(CeS,
p. 340).
Ela mesma faz uma lista dos benefícios
para a humanidade provenientes da consciente unidade de Criador com criatura,
unidos desde a origem, a Mente e ideia infinitas, Deus e homem em unidade
universal:
Um só
Deus infinito, o bem, unifica homens e nações;
estabelece a fraternidade dos homens;
põe fim às
guerras;
cumpre o preceito
das Escrituras: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’;
aniquila a
idolatria pagã e a cristã—tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e
religiosos;
estabelece a
igualdade dos sexos;
anula a maldição
sobre o homem [expulso
do paraíso],
e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser
punido ou destruído” (CS, idem).
A Nova
Aliança profética tem um efeito purificador no gênero humano!
.-.
(02.1.18)