Relata o
livro de Daniel um caso um tanto curioso para o qual eu não tinha uma
explicação lógica, a não ser da lógica metafísica. O Rei Nabudonozor, da
Babilônia, havia conquistado o reino de Israel (aprox. 587 AC) e levou grande
parte do povo para o cativeiro babilônico. Entre eles jovens da nobreza. O
relato em Daniel dá conta que Daniel e seus amigos Hananias, Misael e Azarias
estavam entre os convocados pelo rei para tomarem conhecimento da cultura
babilônica para depois assistirem ao rei no palácio. Determinou o rei a ração
aos “trainees” das “finas iguarias da mesa do rei” (1:5), do bom e do melhor. Entres essas iguarias, com
certeza, havia carnes inclusive carne de porco, proibida aos judeus.
A cerca
dessa determinação do rei, Daniel e seus amigos decidiram não desobedecer às
leis de seu povo e, assim, pediram ao cozinheiro-chefe designado para eles para
que fossem poupados de serem obrigados a comer o alimento para eles proibido.
Diante da hesitação do cozinheiro e também medo de ser castigado por
desobedecer à ordem do rei, Daniel lhe propôs uma alternativa:
“...experimenta, peço-te, os teus
servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber. Então, se
veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias
do rei...No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais
robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei”
Uma bela
surpresa ao cozinheiro-chefe! Mas eu também sempre me senti surpreso com o resultado,
a não ser pela coerência de confiar em Deus. Auxiliaram-me no entendimento as
pesquisas recentes de médicos sobre nutrição natural. Uma delas, desenvolvida
pelo medico Dr. Gerson (EUA), substituiu alimento normal e comum por alimentação
natural. Teve resultados em si mesmo que o livraram de dores de cabeça
crônicas. Dizem as pesquisas que os produtos químicos que ingerimos com a
alimentação “melhorada” quimicamente acabam por intoxicar certos órgãos que
precisam um “esforço-extra” para se purificarem; a alimentação natural com
produtos orgânicos alivia o corpo desse “esforço-extra” e a pessoa sente-se,
então, melhor, mais aliviada e disposta.
O organismo
reage melhor quando nutrido por ingredientes orgânicos, e o que os jovens
hebreus experimentaram foi nada menos do que isso: alimentação natural
acompanhada de disposição mental de obedecer a Deus. O organismo só podia
melhorar e estar em boas condições sob esse regime. O corpo humano na sua
constituição e funcionalidade é uma “máquina” perfeita que, apoiada
convenientemente por pensamentos elevados funciona bem. Sei agora que uma
consciência pura é o melhor apoio ao equilibro do organismo; some-se a isso
equilíbrio de conduta moral e sem vícios e o homem não terá o que se queixar da
vida.
Para mim,
tenho como adequada uma conduta baseada em compreensão espiritual; e quanto à
alimentação basta saber o que é bom para o organismo, comer sem preconceitos e
preocupações para deixar as funções do
corpo se desenvolverem espontânea e harmoniosamente. Preocupar-se com o que
come perturba as funções normais do organismo. Nunca deixe de convidar a
sabedoria para vir à mesa. Não haverá exageros nem escassez nem queixas de mau
funcionamento.
Adão e Eva
simbolizavam os “veganos” (vegetarianos) de hoje, pois viviam num paraíso onde
comiam de tudo em estado natural: “De
todas as plantas do jardim comereis livremente” (Gênesis 3:2). Também simbolicamente deixaram o
terreno paradisíaco e harmonioso porque comeram de coisas proibidas e não
acreditaram que elas lhes fariam mal. É assim que funciona na natureza: ela nos
provê tudo o que precisamos por meio da flora, mas se não nos satisfazemos com
isso vamos buscar mais provisões na fauna e na química, sem saber a que riscos
estamos nos submetendo. E quando surgem os problemas recorremos à medicina para
nos aliviar.
Bem
faríamos em observar o conselho do Mestre Cristão dado no Sermão do Monte: “Não andeis ansiosos pelo que haveis de comer
ou beber... Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho
peçais” (Mateus
6:25, 8). Na natureza
nossas necessidades são supridas pelos alimentos naturais (na medida do
possível), representando, assim, a provisão divina antes mesmo de ingerirmos
alimentos. É assim que nossas necessidades são supridas antes de “pedirmos”.
Mas...cuidado!
A alimentação não deve ser encarada como medicina, embora hábitos sadios na
alimentação se revertam em condições saudáveis do organismo. Essa crença de
alimentação medicinal pode levar na direção oposta de que o jejum também seja
medicinal. Mary Baker Eddy, em sua obra Ciência
e Saúde com a Chave das Escrituras, relata de um caso de seu conhecimento:
“Conheci alguém que, ainda criança, adotou o
sistema Graham para se curar de dispepsia. Durante muitos anos, ele só comeu
pão e legumes e não bebeu nada a não ser água. Agravando-se
a dispepsia, decidiu que sua dieta devia ser mais rigorosa, e daí por diante
não fez mais do que uma só refeição em vinte e quatro horas, refeição que
consistia apenas de uma fina fatia de pão, sem água. Seu médico lhe recomendou
também que não molhasse a ressequida garganta senão três horas depois de comer.
Passou muitos anos penosos com fome e fraqueza, quase sucumbindo de inanição, e
finalmente resignou-se a morrer”, única alternativa que os médicos lhe
deixaram.
Pobre da humanidade! Que se sente enredada com
conceitos e crenças materiais, deixando de lado a Ciência do Infinito
Sustentador que contém solução para os problemas humanos, inclusive esse aqui
relatado. Continua Eddy o relato do caso de dispepsia: depois de ser inteirado
de que a morte seria a única alternativa, “foi
aí que a Ciência Cristã o salvou, e agora ele goza de perfeita saúde” (CeS, p. 221). O que a Ciência espiritual fez
por esse homem foi mudar sua forma de pensar sobre o corpo, de uma base
material para uma espiritual; de uma fé vacilante para uma fé absoluta; de uma
fé no material para uma fé no divinal (Deus-Pai-Mãe).
...oo0oo...